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Cotidiano
Cúpula do partido avalia como crescentes as chances de o ex-presidente ser considerado inelegível pelo TSE e miram em Michelle para ativo eleitoral em 2026
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O PL planeja contratar uma pesquisa de opinião para avaliar o impacto da história das joias sobre a imagem da ex-primeira-dama, considerada uma potencial líder da direita | Wilson Dias/Agência Brasil
A cúpula do PL, partido que abriga Jair Bolsonaro (RJ), avalia como crescentes as chances de o ex-presidente da República ser considerado inelegível pelo TSE (Tribunal Superior Eleitoral). Dessa forma, integrantes da sigla aumentam a aposta na ex-primeira-dama Michelle Bolsonaro como ativo eleitoral para 2026.
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O caso das joias enviadas como presente do governo da Arábia Saudita para Bolsonaro ampliou o entendimento entre aliados de que ele será alvo de investigações por longo período e que isso abalará sua imagem.
Para a cúpula do partido, o caso tem mais impacto sobre a imagem do próprio ex-presidente do que sobre a de sua mulher, embora ela fosse supostamente destinatária de um dos pacotes dados pelo governo da Arábia Saudita -justamente o que foi apreendido pela Receita Federal em Guarulhos (SP).
O PL planeja contratar uma pesquisa de opinião para avaliar o impacto da história das joias sobre a imagem da ex-primeira-dama, considerada uma potencial líder da direita.
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Embora exista o diagnóstico de que Michelle foi menos atingida do que Bolsonaro pelas revelações das joias, o caso gera apreensão entre aliados. Tanto que a repercussão da história levou o PL a adiar o início de uma série de viagens que Michelle faria pelo país, uma agenda inicialmente prevista para esta semana.
A ex-primeira-dama é citada como opção para concorrer ao Senado pelo Distrito Federal em 2026, mas também é lembrada como nome para disputar a Presidência da República caso seu marido seja impedido pela Justiça Eleitoral.
Michelle deve ser confirmada presidente do PL Mulher em evento no dia 21 de março, numa estratégia para mantê-la nos holofotes.
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O governo Bolsonaro tentou trazer de forma ilegal para o Brasil um conjunto de joias e relógio avaliado em 3 milhões de euros (cerca de R$ 16,5 milhões).
As joias foram enviadas ao país em duas caixas, carregadas pela equipe do então ministro das Minas e Energia Bento Albuquerque, segundo o qual o presente teria sido enviado para a então primeira-dama.
Logo após a revelação do episódio pelo jornal O Estado de S. Paulo, Michelle alegou que não tinha conhecimento sobre as joias.
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Já Bolsonaro negou qualquer irregularidade e disse nunca ter pedido ou recebido os itens de luxo.
Apesar da fala, a Folha de S.Paulo mostrou que Bolsonaro recebeu outro pacote de artigos luxuosos. O estojo continha uma espécie de rosário, anel, abotoaduras e relógio. Foi incorporado ao acervo pessoal do ex-presidente.
A avaliação na cúpula do PL é a de que Bolsonaro reagiu mal à notícia e foi o principal atingido pelo caso. O ex-presidente, como mostrou a Folha, foi aconselhado a devolver os presentes dos sauditas que ficaram com ele para evitar desgastes ainda maiores.
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Mesmo com a possibilidade de Bolsonaro ser impedido de disputar novas eleições, o presidente do PL, Valdemar Costa Neto, pretende investir na imagem do ex-mandatário para eleger uma série de prefeitos no ano que vem.
A meta do PL é comandar ao menos mil cidades do país a partir de 2024. A estratégia é usar o espólio político do casal Bolsonaro para ampliar o número de prefeituras do partido.
Com isso, a cúpula da sigla espera garantir capilaridade ao PL com vista à eleição de 2026, seja de olho na Presidência ou em se manter como maior bancada da Câmara.
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Bolsonaro está fora do Brasil desde dezembro de 2022. Michelle, por sua vez, retornou ao país, assumiu protagonismo e tem gravado vídeos para o partido.
Candidato à vice na chapa de Bolsonaro no ano passado, o general Walter Braga Netto tornou-se secretário de Relações Institucionais da legenda.
O militar criou o observatório político do partido, que é uma espécie de centro de estudos para elaborar propostas para o PL para as eleições e traçar estratégias para a oposição ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT).
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Segundo integrantes do PL, Braga Netto também deve viajar pelo país e, quando possível, acompanhar Michelle. O plano para os dois inclui palestras e elaboração de propostas em diversas áreas para a sigla.
Braga Netto é tido como opção dentro da PL para concorrer à Prefeitura do Rio de Janeiro, como mostrou o Painel. No entanto, a aliados ele manifesta preferência em disputar ao Senado por Minas Gerais.
Bolsonaro vinha sendo criticado por aliados pelo tempo de permanência nos Estados Unidos. No entanto, após a revelação do caso das joias, uma ala defende que ele adie seu retorno ao Brasil, hoje previsto para início de abril.
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Aliados leem o período da viagem como um receio do ex-mandatário ser preso ao chegar ao Brasil, mas o criticam alegando que, do exterior, ele não está liderando a oposição.
Bolsonaro é alvo de 16 ações de investigação no TSE que podem torná-lo inelegível. Duas delas têm como objeto os ataques ao processo eleitoral e às urnas.
O processo apontado como o mais avançado e provavelmente o primeiro a ser julgado foi apresentado pelo PDT e tem como foco a reunião com embaixadores protagonizada pelo então presidente em julho do ano passado, na qual ele repetiu teorias da conspiração sobre urnas eletrônicas e promoveu ameaças golpistas.
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