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Cotidiano

Cildo Meireles retira obras de exposição no Masp após museu vetar fotos do MST

Os trabalhos fariam parte de dois núcleos distintos da mostra e estavam previstos pela curadoria

Maria Eduarda Guimarães

19/05/2022 às 15:56  atualizado em 19/05/2022 às 16:04

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Museu de Arte de São Paulo (Masp), na avenida Paulista, localizado na região central de São Paulo

Museu de Arte de São Paulo (Masp), na avenida Paulista, localizado na região central de São Paulo | Eduardo Ortega

Cildo Meireles pediu ao Masp para que três obras suas não sejam incluídas na exposição "Histórias Brasileiras", a maior do Museu de Arte de São Paulo neste ano, que começa em julho. Os trabalhos fariam parte de dois núcleos distintos da mostra e estavam previstos pela curadoria.

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As obras que seriam emprestadas são o quadro "Buraco para Jogar Políticos Desonestos", de 2011, "Mutações Geográficas: Fronteira Vertical (Yaripo)", realizado entre 1969 e 2015, e uma bandeira produzida em 2020 para a campanha "Use Amarelo pela Democracia", realizada por este jornal.

O pedido, que se deu por um email enviado ao museu recentemente, acontece após a instituição vetar um conjunto de fotografias retratando o Movimento Sem Terra, o MST, e movimentos indígenas na exposição.

O veto levou o núcleo "Retomadas" a ser cancelado por suas curadoras, Clarissa Diniz e Sandra Benites. O museu afirma que a recusa das obras se deu porque elas foram requisitadas após o prazo definido pela produção e nega que esteja relacionado ao conteúdo das fotos.

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"Os movimentos sociais, as questões indígenas, a luta pela reforma agrária, entre outras manifestações, são temas importantes para mim enquanto artista e cidadão. Portanto, me sentiria constrangido em participar desse evento", disse o artista, no email enviado ao museu.

Por telefone, Meireles afirma que "por regra, em qualquer divergência entre uma instituição e indivíduos, meu coração sempre vai ficar do lado do indivíduo"

A reportagem entrou em contato com o Masp pedindo comentários, mas não houve resposta até o momento da publicação.

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Curadora dos dois núcleos nos quais as obras de Meireles estariam, Lilia Schwarcz afirma em nota lamentar profundamente a saída do Entenda a crise

O Masp, principal museu do país, enfrenta uma crise após o cancelamento de um evento de lançamento do livro de Guilherme Boulos, do PSOL, e depois da decisão de duas curadoras de cancelarem um núcleo da maior mostra do ano na instituição, "Histórias Brasileiras".

Foi no começo deste mês que Sandra Benites, curadora-adjunta que acaba de pedir demissão após o caso, e Clarissa Diniz, curadora convidada da instituição, informaram que cancelariam o núcleo denominado "Retomadas". O motivo, segundo elas, foi um veto do museu a um conjunto de fotos do MST que constituiria o cerne deste núcleo.

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O museu afirma ter recebido a relação desse material da curadoria com pouco menos de três meses de antecedência da abertura da mostra, prevista para julho, o que extrapola os prazos para a execução de procedimentos como a solicitação do empréstimo das fotos e a cessão do uso de imagens. Também nega que a ação seja censura de conteúdo.

Leia a nota, na íntegra, da curadora convidada do Masp Lilia Schwarcz

"Fazendo um retrospecto do caso do pedido de demissão das curadoras Sandra Benites e Clarissa Diniz da exposição 'Histórias Brasileiras', e o consequente cancelamento do núcleo 'Retomadas', fui a favor desde o início de que a produção e o Masp esperassem pelas fotos e flexibilizassem os prazos para que o coração desse núcleo, composto pelas seis fotos do MST, se mantivesse intacto. Fui voto vencido naquela ocasião; antes, portanto, de toda essa polêmica. Sou atualmente uma curadora convidada do museu e a decisão final não está sob meu controle.

Não houve, porém, no meu entender, censura por parte do Masp à temática do MST, mas erros na condução e no diálogo essencial entre a instituição e as curadoras. A polêmica acabou gerando, sim, a saída de Cildo Meireles do núcleo 'Paisagens', a qual lamento profundamente. Faço a curadoria desse núcleo junto com Guilherme Giufrida, e adianto que duas obras, desse nosso núcleo de 'Paisagens', não foram incluídas na exposição pela mesma alegação de prazo. O mesmo ocorreu com outro núcleo para o qual faço a co-curadoria, chamado 'Bandeiras e Mapas'.

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Sendo assim, meu papel nesse episódio tem sido, o tempo todo, o de tentar aproximar o museu e as curadoras do núcleo 'Retomadas' – e as curadoras sabem disso. Acredito que o Masp esteja aprendendo com seus erros e deverá reformular seus procedimentos."

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