Chuva alaga oficina e deixa 10 carros submersos; veja o vídeo

Há nove anos, André Luís Godoy Fernandes, de 37 anos, atua como mecânico em São Paulo, mas somente há dois realizou o sonho de montar sua própria oficina.

O sonho foi, literalmente, por água abaixo em menos de três minutos no último domingo (2/2), quando a oficina foi submersa pela água do Piscinão Sharp, inaugurado faz 14 anos.

O Piscinão Sharp fica na Estrada do Campo Limpo e ocupa uma área de 94 mil metros quadrados, com capacidade para acumular até 500 milhões de litros de água, conforme informações do site da Prefeitura de São Paulo.

A ideia de sua construção era controlar as enchentes do córrego Pirajussara e atender à demanda de três municípios: São Paulo, Taboão da Serra e Embu das Artes. Desta vez, parece não ter funcionado.

Taboão da Serra enfrentou alagamentos e destruição devido às chuvas. A enchente histórica devastou a cidade, e a prefeitura pede doações para as vítimas.

Conhecido como Deko, o mecânico investiu em um galpão no Jardim Nadir, perto do Piscinão da Sharp, por acreditar no projeto do município. Ele conta que viveu momentos de desespero.

Assista ao vídeo do momento em que ele vê a situação do local:

Após mais de três horas de chuva intensa, o Piscinão da Sharp e o Piscinão da Francisco Morato, locais normalmente confiáveis, não suportaram o volume de água, que - segundo ele - em menos de três minutos submergiu os carros. 

“Foi coisa de minutos para transbordar e inundar a rua inteira. A sensação é de impotência, você vê a água subindo e não pode fazer nada, só correr para não ser levado por ela”, lamenta.

Ele relata que, apesar dos esforços diários para manter a qualidade e transparência no atendimento aos clientes, a chuva levou tudo o que foi construído nos últimos dois anos de trabalho árduo.

O mecânico afirma que o prejuízo é grande, já que cerca de 10 carros de clientes foram afetados, com danos nos módulos de câmbio automático, airbags, e até nos painéis.

“A estimativa de prejuízo é de mais de R$ 100 mil. Vai ser necessário retirar e revisar módulos, higienizar, tirar bancos e painéis. Um trabalho imenso. A gente vai ter que abrir uma ação contra a prefeitura para ver se seremos ressarcidos de alguma forma, porque não imaginávamos que pudesse acontecer isso”, explica.

Para complicar ainda mais a situação, o proprietário teme que os clientes da oficina se afastem devido às chuvas, por medo de novas enchentes.

Veja como a oficina ficou após a água baixar:

Agora, os clientes podem achar que a oficina não é segura e que há risco de perder o carro a qualquer momento. Por isso, a ideia é mudarmos”, disse. 

Apesar de tudo, ele mantém a esperança. “Nosso foco é voltar ao trabalho o mais rápido possível. Vamos procurar outro galpão, longe daqui. Não podemos desanimar. No fim das contas, estamos vivos e com saúde, e isso é o mais importante.”

Outro lado

A Secretaria Municipal das Subprefeituras (SMSUB) informa que os piscinões não possuem comportas. Em algumas estruturas, existem válvulas de controle de vazão, mas esse não é o caso do Piscinão Sharp.

A Pasta diz ainda que as chuvas do fim de semana atingiram volumes extremos de forma generalizada.

“A zona oeste da capital, especialmente a bacia do rio Pirajussara, foi fortemente afetada. Todos os piscinões da região registraram níveis elevados, com destaque para o Sharp, que atingiu sua capacidade máxima e cumpriu sua função.

As inundações ocorreram devido ao transbordamento do rio Pirajussara em alguns trechos de seu curso, causado pelo grande volume de chuvas que atingiu a região.”

Segundo a SMSUB, o balanço do volume de água nas regiões citadas foi de:

Campo Limpo: 28,5 mm, no dia 1º/02/2025
Campo Limpo: 80,0 mm, no dia 2/02/2025