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Cotidiano
Washington afirmou, dias antes, que suspeita que Pequim fornece apoio material aos russos durante a invasão à Ucrânia
22/02/2023 às 18:01 atualizado em 22/02/2023 às 18:11
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Uma nova crise diplomática entre as duas maiores potências do globo, China e EUA, pode ser iniciada | Fotos públicas
A China e a Rússia se comprometeram a reforçar sua parceria estratégica em uma visita do chefe da diplomacia chinesa, Wang Li, ao presidente Vladimir Putin nesta quarta-feira (22).
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Trata-se da mais alta autoridade do país asiático a viajar a Moscou desde que suas nações travaram um acordo de "amizade sem limites", dias antes do início da Guerra da Ucrânia.
O empenho soou como uma espécie de recado a Washington, que dias antes afirmou, sem apresentar evidências, suspeitar que Pequim estaria fornecendo apoio material aos russos durante a invasão. Quem respondeu às alegações foi o próprio Wang, que classificou-as de falsas e disse que são os EUA, e não a China, "que estão constantemente enviando armas para o campo de batalha", um fato.
A troca de acusações se dá em meio a uma nova crise diplomática entre as duas maiores potências do globo, iniciada após o Pentágono divulgar a descoberta de um balão chinês sobrevoando o território americano no início do mês. Washington afirma que o objeto é um instrumento de espionagem, enquanto Pequim insiste que o artefato, derrubado por um caça, é um equipamento de pesquisas, sobretudo meteorológicas.
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Durante sua estadia em Moscou, aliás, o diplomata fez referências veladas aos EUA seguidas vezes. A Putin, disse que as relações entre Pequim e Moscou não podiam ser influenciadas por outros países e "não sucumbiriam a pressões de terceiros".
Também enfatizou que ambas as nações apoiavam "a multipolarização e a democratização das relações internacionais", diretrizes que segundo ele não só se ajustam perfeitamente aos tempos atuais, como eram do interesse da maioria dos Estados. A fala foi aplaudida pela porta-voz do ministério das Relações Exteriores russo, Maria Zakharova, que disse "saudar a prontidão da China para exercer um papel positivo na resolução da crise ucraniana".
Putin, por sua vez, disse que as relações entre os dois países estavam progredindo e "alcançando novos horizontes". E reforçou que espera uma visita do seu homólogo, Xi Jinping, segundo ele já acordada.
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Se as alegações dos americanos em relação aos chineses forem comprovadas, especialistas afirmam que há riscos de que a Guerra Fria 2.0 em curso entre Washington e Pequim ganhe contornos mais concretos na Guerra da Ucrânia, com os EUA, a Otan e as tropas lideradas de Volodimir Zelenski de um lado e a Rússia e a China de outro.
Ao menos publicamente, não parece ser este o desejo da nação asiática. Todas as suas declarações sobre o conflito até aqui aludiram a uma retórica de defesa da paz e de uma solução política, e o líder do regime chinês, Xi, deve fazer um discurso incentivando o fim do conflito na sexta-feira -mesma data em que as duas nações iniciam exercícios militares conjuntos na África do Sul.
Ao mesmo tempo, como aliada estratégica dos russos, a China nunca condenou publicamente Putin pela invasão, e vem se desvencilhando da pressão cada vez maior da comunidade internacional para que abandone sua neutralidade e se posicione de forma mais dura.
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Há ainda a questão econômica. Putin encontrou na China (e também na Índia, outro membro do Brics) uma forma de aliviar os impactos das pesadas sanções econômicas impostas a seu país pelo Ocidente, escoando para ambos os países parte de sua produção de petróleo e gás a preços mais baixos que o mercado.
Para a ditadura comunista, é um bom negócio -ainda mais em um contexto em que a Rússia depende cada vez mais dela.
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