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Cotidiano

Chapa bolsonarista terá pelotão de 2018, agregados, novatos e centrão

Com o fim do prazo de registro de candidaturas, na última segunda-feira (15), ficou mais claro o tamanho e a cara do contingente que formará a chapa bolsonarista; outros eleitos por São Paulo também pularam do barco bolsonarista ainda em 2019

22/08/2022 às 08:00  atualizado em 22/08/2022 às 08:44

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O PSL se tornou a segunda maior bancada da Câmara em 2018

O PSL se tornou a segunda maior bancada da Câmara em 2018 | Reprodução/Facebook/Jair Bolsonaro

A linha de frente do pelotão que defenderá as bandeiras de Jair Bolsonaro (PL) nas eleições de outubro é formada por mais de uma centena de candidatos oriundos da onda de direita verificada em 2018, de agregados, de apostas de novos campeões de voto e do centrão.

Com o fim do prazo de registro de candidaturas, na última segunda-feira (15), ficou mais claro o tamanho e a cara do contingente que formará a "elite" da chapa bolsonarista.

Como mostrou a Folha de S.Paulo, a trinca de partidos que forma a coligação de Bolsonaro e que comanda o centrão teve uma disparada no lançamento de candidatos, mais de 4.350, o que a eleva ao topo do ranking partidário. Só no caso de concorrentes a governo dos estados, o aumento é de 450%.

Quando se coloca a lupa sobre os principais cargos em disputa fora a Presidência da República -o Congresso Nacional e os governos estaduais-, o bolsonarismo será representado, em primeiro lugar, pela esmagadora tentativa de reeleição dos políticos que surfaram a onda de direita em 2018.

Dos 52 deputados federais eleitos pelo PSL (partido pelo qual Bolsonaro chegou à Presidência e que hoje se chama União Brasil), todos são candidatos. Do total, 47 vão tentar a reeleição à Câmara, o que representa mais de 90% do grupo.

Com a saída de Bolsonaro do PSL e a posterior fusão com o DEM, que resultou na União Brasil, os parlamentares do partido se dividiram em dez siglas.

O maior contingente (24) seguiu Bolsonaro e ingressou no PL. Outros 14 estão no União Brasil. O terceiro partido com mais egressos do PSL é o PP, que tem quatro. Entre as principais apostas do bolsonarismo neste ano estão o filho do presidente, Eduardo Bolsonaro (PL), e Carla Zambelli (PL).

Eduardo tentará repetir o desempenho das últimas eleições, quando foi o deputado federal mais votado da história, com 1,8 milhão de votos, mas políticos do próprio partido acreditam que ele não chegará nem perto dessa marca.

O PSL se tornou a segunda maior bancada da Câmara em 2018 na esteira da onda bolsonarista. Uma outra leva é oriunda de políticos que pularam no barco bolsonarista nos últimos tempos, como o senador Romário (PL), candidato à reeleição, e o ex-presidente Fernando Collor de Mello (PTB), que tentará, mais de 30 anos depois, retornar ao governo de Alagoas, cargo que o catapultou para a Presidência da República.

Além disso, a chapa bolsonarista aposta em nomes conhecidos de fora da política. Entre eles estão o ex-jogador de vôlei Maurício Souza e o ex-lutador de MMA Wanderlei Silva. Ambos vão tentar entrar na Câmara dos Deputados. Souza por Minas Gerais e Silva pelo Paraná.

Wanderlei Silva diz ter expectativa de pelo menos 100 mil votos. Segundo ele, o apoio de Bolsonaro nas eleições e eventual encontro será importante para conseguir bater a meta. "Não tenho nada marcado ainda, mas se ele vier pro Paraná, faço questão", disse.

Outra aposta é o vereador de Belo Horizonte Nikolas Ferreira. O político mineiro tem 26 anos e é um defensor de Bolsonaro, tendo integrado a comitiva do presidente na visita a países árabes, em 2021.
Completam o pelotão bolsonarista os expoentes do centrão, como o presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), candidato à reeleição.

Bolsonaro e seu grupo político, o que incluiu a quase totalidade dos parlamentares eleitos pelo PSL, eram ácidos críticos do centrão durante a campanha de 2018. Eles se elegeram, em boa medida, com o discurso de que iriam mudar completamente o que chamavam de "a velha política", que era formada, em grande parte, pelo centrão.

A maior parte dos novatos, porém, foi engolida pelos políticos tradicionais e praticamente não houve nenhuma mudança significativa na política praticada pelo Congresso.

A partir de 2020, o centrão se aliou e deu sustentação a Bolsonaro no Congresso, evitando que ele sofresse um processo de impeachment. Hoje em dia, os ex-PSL bolsonaristas integram ou atuam ao lado dos partidos de Lira e Valdemar Costa Neto, no Congresso e nas eleições.

Os beneficiados pela onda bolsonarista em 2018 não se mantiveram completamente unidos, entretanto. O caso mais explícito é o do ex-governador de São Paulo João Doria, que estimulou o voto BolsoDoria em 2018 para romper com o presidente após cada um assumir seu cargo.

Outros eleitos por São Paulo também pularam do barco bolsonarista ainda em 2019. Alexandre Frota e Joice Hasselmann foram para o PSDB, partido de Doria, e tentam novamente a sorte nas urnas neste ano. Frota, entretanto, é candidato a deputado estadual.

Joice Hasselmann foi a segunda deputada mais votada nas eleições de 2018 e rompeu com o presidente ainda no seu primeiro ano como deputada federal, após ataques dos filhos de Bolsonaro nas redes sociais.

No Rio de Janeiro, o mesmo aconteceu com o ex-governador Wilson Witzel. O ex-juiz foi eleito para o governo do estado de Jair Bolsonaro com o apoio do presidente, mas ambos se distanciaram já no primeiro ano de gestão.

Witzel acabou afastado do cargo em 2021 devido a uma operação da Polícia Federal que apura irregularidades na gestão da saúde no estado. O seu vice, Claudio Castro (PL), assumiu o Palácio da Guanabara e agora busca a reeleição com o apoio do presidente. Witzel (PMB) também é candidato ao governo.

Em Minas Gerais, segundo maior colégio eleitoral do Brasil, Bolsonaro encontrou dificuldades na relação com o governador Romeu Zema (Novo), que não rompeu diretamente com o presidente, mas manteve uma distância estratégica.

O governador de Minas não abriu o palanque para Bolsonaro justificando que o seu partido tem um candidato a presidente, Luis Felipe D'Avila.

Bolsonaro precisou lançar um candidato do próprio partido ao governo, o senador Carlos Viana, para ter um palanque no estado. Viana ganhou a vaga no Senado pelo PHS, partido na época do ex-prefeito de Belo Horizonte Alexandre Kalil (PSD), que é o competidor com mais chances de atrapalhar a tentativa de reeleição de Zema.

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