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Cotidiano
Em entrevista, o político disse que o conflito foi o mais trágico
18/01/2023 às 09:45 atualizado em 18/01/2023 às 09:49
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O governo russo determinou à mídia do país que o uso dos termos guerra ou invasão estava vetado | Valter Campanato/Agência Brasil
Em uma longa entrevista coletiva em que repetiu a narrativa geral do Kremlin acerca da Guerra da Ucrânia e do conflito com o Ocidente liderado pelos Estados Unidos, o chanceler russo, Serguei Lavrov, chamou atenção por um detalhe semântico de sua fala nesta quarta (18).
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Questionado por jornalistas no tradicional evento em Moscou em que faz um balanço do ano anterior sobre qual seriam as palavras que definiram 2022 para ele, o decano da diplomacia mundial disse que guerra foi a mais trágica e vitória, a mais encorajadora.
Em 26 de fevereiro do ano passado, dois dias depois do início das hostilidades, o governo russo determinou à mídia do país que o uso dos termos guerra ou invasão estava vetado, em favor do anódino operação militar especial.
Em 4 de março, duas leis criminalizaram críticas à ação de Vladimir Putin ou às Forças Armadas, podendo levar a 15 anos de cadeia e levando ao fechamento de dezenas de veículos independentes remanescentes no país.
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A leitura do diploma legal é discricionária. Aliados do governo já usaram o termo em noticiário de TV e não foram punidos. Apesar de o Kremlin só usar o termo oficial, o próprio Putin escorregou em um discurso no fim de 2022 e usou a palavra guerra, mas a fala pensada de Lavrov mostra os limites da estratégia.
No mais, o discurso do chanceler repisou temas tocados por ele semanalmente. Lavrov culpou os EUA por levar o Ocidente a forçar o conflito com os ucranianos, disse que a relação entre Moscou e Washington "não será como antes", rejeitou um plano de paz sem a participação ocidental como "sem sentido".
De forma que atrairá polêmica, voltou a usar paralelos da situação atual com a luta contra o nazismo. Lavrov afirmou que o Ocidente se comporta como "Napoleão e Hitler", em referência ao imperador francês e ao ditador alemão que invadiram a Rússia, e que via solucionar a "questão russa" com a guerra.
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"Questão judaica" era o eufemismo dos altos escalões nazistas para lidar com o extermínio da população judia da Europa na Segunda Guerra Mundial (1939-45). No ano passado, Lavrov irritou o governo de Israel, o Estado judeu viabilizado pela tragédia do Holocausto, por ter dito que "Hitler tinha sangue judeu". Tel Aviv, que tem boas relações com Moscou, apoia Kiev.
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