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Cotidiano

Cemitério de SP onde está Eunice Paiva guarda túmulos de craques, rappers e atrizes

Passeio por cemitério icônico revela histórias de personagens como Nair Bello, Denner, Zóio de Gato e de um PM que pode se tornar santo

Bruno Hoffmann

17/02/2025 às 22:00

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Cemitério do Araçá, na região central de São Paulo

Cemitério do Araçá, na região central de São Paulo | Bruno Hoffmann

O túmulo da advogada Eunice Paiva no cemitério do Araçá, na região central de São Paulo, se tornou ponto de visita após a vida da advogada ter sido retratada no longa-metragem “Ainda Estou Aqui”. O local também é o “lar eterno” de outros personagens da vida social e cultural brasileira.

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Neste domingo (16/2), o projeto “Araçá e suas vozes” percorreu as vielas para saber mais sobre as histórias do espaço. Os mais de 50 visitantes descobriram túmulos do craque Denner, do funkeiro Zóio de Gato, do rapper Dumdum, do empresário Assis Chateubriand e das atrizes Nair Bello e Cacilda Becker.

Um ponto singular é que o local abriga o Mausoléu da Polícia Militar e da Guarda Civil Metropolitana, e se tornou ponto de peregrinação por causa de um soldado que pode se tornar um santo católico. Há ainda um milagreiro de cemitério que morreu antes dos 4 anos.

Veja, abaixo, como o cemitério do Araçá ajuda a revelar a vida pública de São Paulo.

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Símbolo da democracia

O corpo de Eunice Paiva, que ficou notória por lutar por justiça após o marido Rubens Paiva ter sido morto por agentes da ditadura no início da década de 1970, está em uma lápide da família, próximo ao portão principal.

À frente do jazigo há a inscrição: “Exemplo para a família e para a democracia brasileira”.

O filme que retrata a sua vida, “Ainda Estou Aqui” (Walter Salles), concorre a três prêmios no Oscar – incluindo o de Melhor Filme.

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O túmulo de Eunice Paiva no cemitério do Araçá/Bruno Hoffmann
O túmulo de Eunice Paiva no cemitério do Araçá/Bruno Hoffmann
O túmulo de Eunice Paiva no cemitério do Araçá/Bruno Hoffmann
O túmulo de Eunice Paiva no cemitério do Araçá/Bruno Hoffmann
Menino Guga é considerado um dos milagreiros do Araçá/Bruno Hoffmann
Menino Guga é considerado um dos milagreiros do Araçá/Bruno Hoffmann
Menino Guga é considerado um dos milagreiros do Araçá/Bruno Hoffmann
Menino Guga é considerado um dos milagreiros do Araçá/Bruno Hoffmann
Túmulo do rapper Dumdum, do Facção Central/Bruno Hoffmann
Túmulo do rapper Dumdum, do Facção Central/Bruno Hoffmann
A lápide de Zóio de Gato celebra um dos maiores sucessos do artista/Bruno Hoffmann
A lápide de Zóio de Gato celebra um dos maiores sucessos do artista/Bruno Hoffmann
Busto de Assis Chateaubriand/Bruno Hoffmann
Busto de Assis Chateaubriand/Bruno Hoffmann
Fiéis levam agradecimentos a soldado Barbosa/Bruno Hoffmann
Fiéis levam agradecimentos a soldado Barbosa/Bruno Hoffmann
Thiago de Souza e Viviane Comunale, do projeto "Araçá e suas vozes"/Bruno Hoffmann
Thiago de Souza e Viviane Comunale, do projeto "Araçá e suas vozes"/Bruno Hoffmann
Túmulo de Denner, craque que perdeu a vida em 1994, com apenas 23 anos/Bruno Hoffmann
Túmulo de Denner, craque que perdeu a vida em 1994, com apenas 23 anos/Bruno Hoffmann
Mausoléu da Polícia Militar no Cemitério do Araçá/Bruno Hoffmann
Mausoléu da Polícia Militar no Cemitério do Araçá/Bruno Hoffmann
A lápide de Eliane de Grammont traz frase que representou a luta pelos direitos das mulheres/Bruno Hoffmann
A lápide de Eliane de Grammont traz frase que representou a luta pelos direitos das mulheres/Bruno Hoffmann

Criança milagreira

O próximo túmulo que recebeu a atenção dos responsáveis pelo passeio, Thiago de Souza (criador do projeto O Que Te Assombra?) e Viviane Comunale, é o do Menino Guga, como era conhecido João dos Santos Sobrinho.

Segundo a história contada, a criança começou a falar aos 3 meses, a andar aos 6. Ele previu que morreria aos 3 anos de idade, o que de fato aconteceu, em 1946.

Para muitos, o menino se tornou um milagreiro, em pessoas passaram a ir até o local para agradecer por graças alcançadas. No dia da visita da Gazeta, o túmulo também tinha ex-votos (placas de agradecimento) e diversas balas, essa última uma reverência ligada à umbanda.

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Marco do direito das mulheres

A cantora Eliane de Grammont foi assassinada pelo ex-marido, o também cantor Lindomar Castilho, em 1981. No julgamento ele alegou “legítima defesa da honra”, tese ainda aceita pela Justiça brasileira até então para feminicídios.

A pressão popular, porém, fez com que Lindomar fosse condenado a décadas de prisão. Na lápide de Eliane está uma frase que ficou famosa na campanha pela condenação do criminoso e que passou a ser usada em outros casos do tipo: “O amor não fere, o amor não silencia, o amor não mata”.

Craque de morte precoce

Um dos túmulos que chamam a atenção é de Denner Augusto de Sousa, um craque de técnica absurda que morreu em 1994, com apenas 23 anos de idade.

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O meia-atacante de origem humilíssima surgiu na Portuguesa, e logo chamou a atenção dos grandes clubes do futebol brasileiro e mundial. Ele ainda passou por Grêmio e Vasco, além de ter passagens por seleção brasileira.

A torcida do Vasco, totalmente apaixonada, não tinha medo de exagerar no elogio quando o jogador pegava na bola: “É, cafuné, é cafuné, o Dener é a mistura do Garrincha com o Pelé!".

Ele morreu em um acidente de carro, no Rio, quando voltava de São Paulo para acertar a sua ida para o Stuttgart, da Alemanha. Não deu tempo de dar boas condições de vida para a família, que permaneceu em estado financeiro delicado pelas décadas seguintes.

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Dumdum

Integrante de um dos grupos de rap mais respeitados e polêmicos do País, o Facção Central, o cantor Dumdum morreu em maio de 2023 após sofrer um acidente vascular cerebral.

A lápide do artista eternizou o grupo pelo qual ficou conhecido: “Dumdum – Facção Central”.

'Amor só de mãe'

Denner Augusto Sena da Silva, o Zóio de Gato, morreu em 2009, quando tinha apenas 16 anos. Um acidente de carro interrompeu a trajetória de um dos precursores do funk paulistano.

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O seu túmulo leva o nome de uma de suas músicas mais famosas: “Amor só de mãe”.

A história do funkeiro foi contada no documentário “MC Zói de Gato – A voz da favela”, lançado em 2018.

Nair milagreira

O túmulo de Nair Bello, uma das grandes atrizes cômicas da história do Brasil, também está velado no cemitério do Araçá.

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Uma curiosidade: Thiago de Souza, que promoveu o passeio neste fim de semana, disse que já viu um ex-voto de agradecimentos à artista por uma graça alcançada. Isso indicaria, segundo ele, que Nair poderia começar a se tornar uma milagreira de cemitério.

Em 1975, Nair perdeu um filho de 20 anos e passou um bom tempo em estado depressivo. Ela só se recuperou ao se aproximar do espiritismo. Agora, mãe e filho estão lado a lado no Araçá.

Ela também está pertinho de outra atriz, Cacilda Becker, considerada figura fundamental do teatro brasileiro.

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Mausoléu da Polícia Militar

Os bombeiros e policiais militares do estado de São Paulo podem ser sepultados no Mausoléu da Polícia Militar, no Araçá, caso a morte tenha ocorrido em um dia em que estejam escalados para trabalhar.

Um dos pontos que chama a atenção do local é a existência de três andares, nos quais uma série de agentes estão guardados para a eternidade.

Entre eles está José Barbosa de Andrade, o soldado Barbosa, que morreu em 1999 após tentar salvar uma mulher em situação de rua de um afogamento em um rio da Capital. Um pedido de beatificação foi enviado ao Vaticano por morrido como um mártir.

História secular

O Cemitério do Araçá foi inaugurado em 1897, e serviu inicialmente para receber sepultamentos de italianos e sírio-libaneses. Com o tempo, passou a se abrir para todos os públicos.

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Hoje, ele está concedido à Cortel SP, que permitiu que o projeto levasse visitantes para conhecer o local.

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