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Cotidiano
De acordo com o último boletim epidemiológico federal, as notificações prováveis triplicaram em relação ao mesmo período do ano passado
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Mosquito transmissor da dengue | Divulgação/ Governo do Estado
O número de casos de dengue disparou no Brasil, e o reagente usado para fazer o exame que confirma a doença está esgotado na rede pública e privada.
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De acordo com o Ministério da Saúde, a entrega de novos kits moleculares para o diagnóstico de dengue, chikungunya e zika está prevista para junho, mas os insumos para tratamento têm sido enviados.
Segundo o último boletim epidemiológico federal (semana 18), as notificações prováveis triplicaram em relação ao mesmo período do ano passado (alta de 146,5%, passando de 307.133 para 757.068 casos).
Os casos notificados à União pelos municípios e estados subiram 56,7% (de 542.970 para 850.657 pacientes) e os confirmados aumentaram 65,7% (de 254.836 para 422.342 contaminados).
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A recomendação do Ministério da Saúde no momento é que os casos de dengue sejam "confirmados por critério laboratorial ou por critério clínico-epidemiológico", segundo documento da pasta.
Para locais onde não for possível fazer exames laboratoriais, "a recomendação é seguir os protocolos de diagnóstico por critério clínico, notificando o caso suspeito com o diagnóstico por critério clínico-epidemiológico".
A nota diz ainda que na "impossibilidade de realização de confirmação laboratorial específica ou para casos com resultados laboratoriais inconclusivos, deve-se considerar a confirmação por vínculo epidemiológico com um caso confirmado laboratorialmente".
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Em São Paulo, o número de confirmações de dengue manteve-se estável, mas os óbitos por dengue subiram de 41 para 77 (aumento de 87,8%). O estado registrou em 2022, até 2 de maio, 107,4 mil casos de dengue contra 104 mil casos no mesmo período do ano anterior.
A Secretaria de Estado da Saúde paulista disse que "encaminhou ofícios para o órgão federal para envio de novos testes, mas não houve sinalização de nova entrega" e que a "aquisição e distribuição dos testes para detecção da dengue são de responsabilidade do Ministério da Saúde", cabendo ao governo estadual "apenas redistribui o item".
Ainda segundo a pasta, a falta do exame não impede o diagnóstico clínico nem o tratamento do paciente pelos municípios e que a "suspensão de coleta de sorologia para os casos não graves já é prevista nas diretrizes para prevenção e controle das arboviroses urbanas no estado".
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O CVE (Centro de Vigilância Epidemiológica) do estado põe em ranking as cidades com casos acima do esperado para seu histórico sazonal de dengue.
Essa lista é usada para definir onde a coleta de amostras para confirmação do diagnóstico por sorologia será suspensa, mesmo quando há o reagente disponível.
O ranking não é divulgado, segundo o estado, por ser um quadro de atualizações muito dinâmico -é preciso estar há quatro semanas consecutivas com alta de casos acima do esperado, e a entrada e saída de cidades é constante.
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É o caso Barretos, município no interior, a 233 km da capital paulista, que esta semana foi declarado com epidemia de dengue pelo estado.
Com a alta de de casos suspeitos, os testes deixaram de ser realizados na cidade. O secretário municipal de saúde da cidade, Kleber Rosa, disse que agora os pacientes que procurarem a rede pública de saúde apresentando três sintomas ou mais da doença receberão o tratamento direto.
"Mesmo sem o teste específico para dengue iremos continuar fazendo os hemogramas para o controle das plaquetas dos pacientes", afirmou Rosa.
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Em Ribeirão Preto, que manteve índices de dengue baixos nos últimos dois anos, o total de pacientes com sintomas de dengue também disparou.
No pronto-atendimento do plano de saúde privado Unimed Ribeirão, a procura diária por testagem para a doença cresceu sete vezes em relação ao mesmo período do ano passado e pelo menos desde segunda a rede está sem reagentes.
Em nota, a rede disse que "o não-abastecimento dos insumos laboratoriais específicos para o teste NS1 é momentâneo", "generalizado em função da alta demanda dos casos de dengue na região nos últimos dias" e que houve "atraso na entrega dos fornecedores deste insumo para todos os laboratórios".
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Os pacientes com sintomas de dengue estão sendo submetidos aos testes capazes de confirmar o diagnóstico e de orientar os tratamentos, tais como hemograma e testes de anticorpos, que seriam "suficientes para orientar a conduta clínica, sendo o exame NS1 de natureza apenas complementar (confirmação diagnóstica)."
Para o médico Amaury Lelis Dal Fabbro, professor do Departamento de Medicina Social da Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto (FMRP) da Universidade de São Paulo (USP), ainda que seja possível o diagnóstico, a falta de reagentes pode afetar o sistema de vigilância epidemiológica da dengue.
Segundo ele, exames virológicos e sorológicos de dengue ajudam a lidar com uma sintomatologia "razoavelmente inespecífica", que pode eventualmente ser confundida com outras viroses. "É essencial para o sistema de vigilância epidemiológica confirmar os casos, ou pelo menos um certo número de casos para ter certeza do tipo de vírus que está circulando na população", disse Fabbro.
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Os dois tipos básicos de exames de sangue específicos são o sorológico, que identifica os anticorpos contra a dengue e confirma o diagnóstico, e o virológico, que mostra qual vírus da dengue infectou o paciente e está circulando naquele momento – é este que está em falta no país.
"Esta informação [de sorologia] é fundamental para virologia, porque cada sorotipo tem comportamento diferente na população e é fundamental que haja disponibilidade de exames", afirmou o médico.
Denis Henrique da Silva, 43, vendedor e engenheiro civil, está com sintomas de dengue desde a semana passada. "Senti muitas dores no corpo, na articulação, sem força para fazer nada, febre. Uma experiência que nunca tive, nem quando peguei Covid fiquei assim", afirmou.
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O caso dele só foi confirmado com exame laboratorial e com o surgimento de pintas vermelhas. "Minhas plaquetas baixaram muito em três dias. Procurei a UPA de Barretos e não fizeram o teste [de dengue], só foi detectado através da plaqueta, mas [é] muito ruim ficar um mês sem saber se é verdade ou não", contou.
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