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Cotidiano
Sem apoio da prefeitura, organizadores utilizam grupos de mensagens para definir listas de horários e locais dos cortejos
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Bloco de rua em SP | Danilo Verpa/Folhapress
Parte dos blocos de Carnaval tem organizado uma programação independente para sair às ruas em São Paulo durante o feriado de Tiradentes, apesar do cancelamento do calendário oficial.
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Sem apoio da prefeitura, que afirma não ter tempo hábil para estruturar os desfiles, organizadores utilizam grupos de mensagens para definir listas de horários e locais dos cortejos.
Por enquanto, poucos blocos divulgam abertamente a programação, caso do bloco Feminista, que vai sair na sexta-feira (22) e, para isso, está fazendo uma vaquinha online para arrecadar R$ 7.500, referente ao custo do cortejo.
Outro que já declarou que vai sair é o bloco do Fuá, programado para tarde de sábado (23), no Bexiga, na região central. "Temos o direito à livre manifestação, as ruas são do povo", diz Marco Ribeiro, organizador do bloco do Fuá. "Somos um bloco comunitário e sairemos com uma pequena estrutura de som e bateria."
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Em posts nas redes sociais, o Te Pego no Cantinho marcou o cortejo para domingo (24), no Butantã, na zona oeste. O Unidos do Swing anunciou cortejo para o mesmo dia na avenida Paulista.
A programação não oficial está em contato com vendedores ambulantes para evitarem a venda de bebidas em garrafas e também com coletivos de catadores de materiais recicláveis.
A divulgação das datas e locais não estão sendo divulgadas nas redes sociais para evitar reações da prefeitura. Por isso, informações sobre as festas de rua devem se concentrar em listas de transmissão de WhatsApp.
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Em nota, a prefeitura afirmou que "está empenhada em encontrar uma data consensual com tempo hábil para planejar o evento" e reiterou que o Carnaval de rua exige planejamento extenso, o que inclui alterações no trânsito e no transporte público, infraestrutura, policiamento e serviços médicos.
"É impossível realizar o Carnaval de rua sem um grande esforço de organização, que garanta a segurança dos participantes e dos foliões", disse a gestão municipal na nota.
Os blocos recorreram à Defensoria Pública para obter respaldo jurídico e evitar dispersões violentas e demais sanções do poder público.
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No último dia 12, o órgão formalizou pedido para que a prefeitura e o comando da Polícia Militar não usem força para dispersar os blocos que desfilarem durante o feriado de Tiradentes.
A prefeitura afirmou não ter sido notificada sobre o ofício e não comentou o pedido. A Secretaria de Segurança Pública deu a mesma resposta.
O feriado de Tiradentes se tornou a data oficial do Carnaval atípico após dois anos de pandemia porque coincide com a data dos desfiles das escolas de samba no sambódromo.
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Para os organizadores, o Carnaval de rua representa uma manifestação cultural, garantida pela Constituição Federal, e por isso, não precisa de uma autorização formal da prefeitura para ocorrer.
O decreto que passou a regulamentar o Carnaval de rua em São Paulo foi publicado em 2017, quando o ex-prefeito João Doria (PSDB) decidiu dispersar pela cidade os cortejos que se concentravam na Vila Madalena e em Pinheiros.
Moradores desses bairros se mobilizaram contra os problemas decorrentes da festa nas ruas, como excesso de lixo, barulho na madrugada, furtos e dificuldade na dispersão do público. Policiais militares usaram bombas de efeito moral para dispersar foliões que se recusavam a deixar as ruas.
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Dois anos depois o decreto foi revogado pelo ex-prefeito Bruno Covas (PSDB), que determinou as regras atuais do Carnaval de rua.
Neste ano, os blocos e a prefeitura estão diante de um impasse. Uma reunião realizada no último dia 8 de abril no CCSP (Centro Cultural de São Paulo) terminou de forma agitada e sem acordo entre as partes.
De um lado, a gestão municipal reiterou que não há tempo hábil para organizar a festa de rua. De outro, representantes de blocos afirmaram que os cortejos, em menor quantidade, estão mantidos mesmo sem apoio da prefeitura.
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Além do bloco do Fuá, a reportagem entrou em contato com outros dez blocos de rua de São Paulo. A maioria informou que optou por não ir para a rua neste feriado, caso do Ritaleena, Esfarrapado, Galo da Madrugada, Bloco do Sargento Pimenta, Cecílias e Buarques e o Meu Santo É Pop.
Outros, apesar de não saírem às ruas, aproveitam a movimentação para anunciar festas fechadas marcadas para o feriado e para outras datas, como o Minhoqueens, Domingo Ela Não Vai e o Tarado Ni Você.
O bloco Jegue Elétrico e o Charanga do França sinalizaram a intenção de sair às ruas, mas devem decidir isso nos próximos dias, segundo os organizadores.
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