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Cotidiano

Campanha de Haddad quer colar em Alckmin para virar votos no Interior

A ideia é que o trio formado por Haddad, Alckmin e França circule unido pelo Estado na maior parte do tempo possível

Bruno Hoffmann

25/07/2022 às 12:29  atualizado em 25/07/2022 às 12:34

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Márcio França, Fernando Haddad e Geraldo Alckmin

Márcio França, Fernando Haddad e Geraldo Alckmin | Divulgação

A campanha de Fernando Haddad (PT) ao governo paulista espera colar no ex-governador Geraldo Alckmin (PSB) com objetivo de virar votos tucanos e diminuir a resistência ao PT em regiões do interior do Estado.

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A presença de Alckmin no palanque do ex-prefeito paulistano e ex-ministro da Educação se tornou possível a partir da desistência de Márcio França (PSB) de concorrer ao Palácio dos Bandeirantes, tornando-se o nome da chapa na disputa ao Senado.

Haddad lidera as pesquisas para governador, e França também já aparece como nome mais bem colocado para uma vaga de senador por São Paulo.

A ideia é que o trio formado por Haddad, Alckmin e França circule unido pelo Estado na maior parte do tempo possível.

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O ensaio aconteceu no último dia 9, em Diadema (Grande SP), onde os três posaram juntos usando óculos modelo juliet, moda entre jovens das periferias e fãs de funk, em evento que marcou a adesão de França à chapa de Haddad.

Parte das agendas previstas também inclui o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), já que a principal estratégia de Haddad é nacionalizar a disputa paulista, repetindo o antagonismo a Jair Bolsonaro (PL).

O PT costura agendas de Lula no estado, como um ato na USP e outro na região de Osasco, que devem ocorrer até a primeira quinzena de agosto. Num segundo momento, os quatro políticos também devem ter compromissos separadamente, para ampliar a presença no estado, segundo membros da campanha.

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Com a desistência de França, a coligação de Haddad passou a ser formada por PT, PC do B, Rede, PSOL e PSB –e abriu-se uma disputa pela vaga de candidato a vice-governador. Haddad foi confirmado candidato na convenção do PT, neste sábado (23), sem ter essa questão resolvida.

O PSOL reivindica o posto, mas o PT trabalha com Marina Silva (Rede) e Jonas Donizette (PSB) como opções. A primeira por ser mulher, negra, ter um papel nacional e agregar votos. O segundo por posicionar a candidatura de Haddad mais ao centro, algo considerado crucial por estrategistas do PT num estado conservador como São Paulo.

O movimento ao centro também está no cerne do plano de manter a campanha de Haddad associada a Alckmin e França.

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"Agora com a vinda do Márcio França ao Senado, nós pretendemos ter o Alckmin o máximo de tempo que nós pudermos na agenda", diz o deputado Emídio de Souza (PT), coordenador da campanha de Haddad.

"Claro que isso depende da disponibilidade dele, que também tem agenda nacional. Mas acho que interessa tanto à campanha do Lula quanto à do Haddad ter o máximo do tempo do Alckmin em São Paulo", completa.

Alckmin, que é candidato a vice-presidente na chapa de Lula, tem a mesma função nas campanhas do PT para o Planalto e para o Bandeirantes –a de buscar o setor conservador e ligado à agropecuária. Em São Paulo, seu papel é concentrar-se no interior, onde a rejeição ao PT é maior.

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Por isso, dirigentes do PSB afirmam que Alckmin deve rodar o país em agosto, viajando a estados como Santa Catarina e Mato Grosso, e se concentrar em São Paulo em seguida. O plano é visitar regiões onde ele tenha um eleitorado cativo e atrair a mídia local para os eventos com Haddad.

Integrantes da campanha de Haddad afirmam que Alckmin o ajuda muito, pois abre os ouvidos de eleitores conservadores para a proposta do PT.

Nesse sentido, a presença do ex-governador seria mais crucial no estado que governou por mais de 12 anos do que no restante do país, considerando a popularidade de Lula e sua vantagem nas pesquisas e o fato de que em São Paulo há um espólio do PSDB em disputa.

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Em visita à região de Mogi Guaçu no início da última semana, Haddad citou Alckmin em entrevista e deu mostra de como pretende explorar a proximidade com o ex-tucano.

Para conquistar o eleitor tradicional do PSDB em São Paulo, Haddad afirmou estar mais próximo do PSDB histórico do que o atual governador Rodrigo Garcia (PSDB), que concorre à reeleição.

Falando ao portal ABC do ABC, Haddad disse que Rodrigo não representa o PSDB e que só se filiou ao partido, pelas mãos de João Doria (PSDB), para impedir a candidatura de Alckmin ao Governo de São Paulo pela sigla.

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"[Rodrigo] veio do DEM para o PSDB para excluir o Geraldo da disputa, e o Alckmin ficou muito indignado com isso, porque ele é fundador do partido, ao contrário de Doria e Rodrigo. Foi uma manobra inclusive usando dinheiro público para cooptar prefeitos e hoje o Geraldo está conosco. O PSDB histórico se uniu ao

Lula pela ameaça que o Bolsonaro representa e pela má gestão do estado de São Paulo hoje sob o Doria e do Rodrigo Garcia", disse Haddad, segundo a colunista Andréa Brock.

Na avaliação de pessoas do núcleo de Haddad, o estado de São Paulo ainda tem um vínculo muito forte com o PSDB, mas Rodrigo, novo na sigla e visto como sem identificação com ela, não conseguiria atender plenamente esse eleitorado fiel do partido.

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Alckmin, por esse raciocínio, tem uma identificação maior com o PSDB e é reconhecido por esse público.

O entrosamento entre Haddad e Alckmin é considerado um ponto positivo. Se Alckmin e Lula já tiveram desavenças ao longo de campanhas eleitorais, a situação é diferente entre os dois, que tinham uma relação cordial quando o petista era prefeito.

Juntos, enfrentaram momentos tensos como a época dos protestos de junho de 2013, quando anunciaram no Palácio dos Bandeirantes a decisão de voltar atrás nos aumentos das tarifas de ônibus e metrô, após os protestos saírem do controle e afetarem a popularidade de ambos.

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A campanha de Haddad espera ter a presença do ex-governador principalmente em cidades do interior onde o tucano prevaleceu ao longo de todas as eleições que disputou ao governo paulista.

Os petistas querem se beneficiar da rede de prefeitos, ex-prefeitos e vereadores ligada a Alckmin, buscando abrir espaço num terreno dominado por Rodrigo –a campanha tucana estima ter o apoio de ao menos 580 de 645 prefeitos do estado.

Outra aposta é aproximar o candidato petista também do agronegócio, cortejado intensamente por Tarcísio de Freitas (Republicanos) e por Rodrigo, setor em que o PT também encontra resistências. Até o momento, Haddad tem centrado esforços em pequenos e médios produtores de alimentos.

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Integrantes do PSB identificam ainda um vácuo que pode ser explorado por Lula em São Paulo –em campanha conjunta com Haddad, Alckmin e França.

Como Rodrigo não se vinculou a nenhum candidato a presidente, pelo contrário, tem se dividido em acenos a Luciano Bivar (União), Simone Tebet (MDB) e até Bolsonaro, mesmo as prefeituras dominadas por ele ainda podem ser convertidas para Lula.

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