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Cotidiano

Cães e gatos perdem tutores e lares após chuva em São Sebastião

Além da complexidade dos resgates em áreas arriscadas, a Ampara lidava com a dificuldade de encontrar locais para realizar cirurgias e outros procedimentos específicos

Natália Brito

01/03/2023 às 09:37  atualizado em 01/03/2023 às 09:39

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Chuvas deixaram rastros de destruição no litoral norte de São Paulo

Chuvas deixaram rastros de destruição no litoral norte de São Paulo | Governo de SP

Em uma das casas do morro onde dezenas de moradores foram soterrados em São Sebastião (SP), o cão da raça rottweiler estava furioso na última quinta-feira (23). Não bastasse todo estresse provocado pelo cenário caótico de resgate às vítimas, o bicho havia sido mordido por uma cobra e sentia muita dor.

"Aqui há um monte de casos diferentes porque os animais estão em uma comunidade que fica em área de mata", explica a médica veterinária Alessandra Ferreira, que faz parte da equipe da ONG Ampara Animal deslocada para atender animais domésticos que perderam lares e tutores na tragédia.

O resgate teria de ocorrer com o animal sedado, explicou veterinária na roda de voluntárias que cuidavam de dezenas de bichos na quadra da associação de bairro da vila do Sahy, ao lado do Instituto Verdescola, para onde mortos, feridos e desabrigados foram inicialmente encaminhados quando a área ficou completamente isolada devido às quedas de barreiras sobre a rodovia Rio-Santos.

Além da complexidade dos resgates em áreas arriscadas, a Ampara lidava com a dificuldade de encontrar locais para realizar cirurgias e outros procedimentos específicos. Aos poucos, outras organizações de proteção a animais conseguiram vencer estradas lamacentas e transportaram parte dos bichos para a capital paulista.

"Muitos dos animais que estão aqui, os tutores faleceram", disse Raquel Facuri, diretora de operações da Ampara Animal, alertando para problemas além do resgate e adoção.

"Estamos programando um mutirão de castração para combater a superpopulação de animais no local. Há um número crítico de animais abandonados", contou Facuri. "O maior desafio é conseguir locais para fazer as cirurgias. Estamos procurando clínicas."

Cerca de 70 cães e gatos estavam sob os cuidados do abrigo improvisado nos primeiros dias após a tragédia. Muitos chegaram ali antes mesmo da ajuda especializada alcançar Barra do Sahy. Foram resgatados por três moradoras do bairro, entre elas a publicitária Sophia Caetano, 30.

"Eu pensei em ficar e ir para lá [sede do Instituto Verdescola] para preparar alimentos, nesse meio tempo, vi que ninguém estava cuidando dos animais", conta a jovem.

No começo, o grupo de voluntárias tentou levar ração para animais que permaneciam nas casas abandonadas, mas como o risco de novos deslizamentos só aumentava, decidiram os acolher.

"Começou a descer mais barro do morro, então decidimos pedir a quadra emprestada já na primeira noite e deixamos os cachorros aqui", relatou Caetano. "Compramos e trouxemos no braço a ração. Até de casas soterradas a gente pegou casinhas de cachorro", disse.

As três mulheres resgataram e acolheram 35 cachorros e 20 gatos.

Nem todos os bichos que apareciam no abrigo estavam sem dono. Alguns apenas fugiram de casa no meio do tumulto. É o caso da Suzy, uma pinscher miniatura de 11 anos que escapou quando o dono, o zelador Reinaldo Alves Fonseca, 50, comprava pães para doar aos vizinhos.

Horas após o sumiço, ele encontrou Suzy abrigada na quadra da associação do bairro. "Quando, voltei, nada! Subi o morro e nada! Comecei a ligar para todo mundo. Liguei até para a minha irmã, no Ceará. Estava aqui. Sorte", contou Fonseca, já com Suzy no colo, na porta do abrigo. "Se eu perdesse essa aqui, eu endoidava."

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