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Cotidiano

Caçada a Cupertino teve campana em velório e fuga em caminhão de melancia

Polícia Civil usou um leque variado de estratégias de investigação na caçada do empresário acusado de matar o ator de Chiquititas Rafael Miguel e os pais

Pierre Courtadon

21/05/2022 às 19:20  atualizado em 21/05/2022 às 23:41

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Cupertino usou vários disfarçes e passou por mais de 100 endereços em três países antes de ser preso

Cupertino usou vários disfarçes e passou por mais de 100 endereços em três países antes de ser preso | DIVULGAÇÃO

A Polícia Civil de São Paulo usou um leque variado de estratégias de investigação na caçada do empresário Paulo Cupertino, acusado de matar o ator de Chiquititas Rafael Miguel e os pais, que durou três anos e levou à captura na última segunda-feira, 16.

Agentes chegaram até a monitorar o velório da mãe de criação do suspeito, em 2020, na expectativa de que ele fosse disfarçado ao local. Foram também por algumas vezes a fazendas em Mato Grosso do Sul (MS), possivelmente onde o acusado se escondeu por mais tempo. Pouco antes de uma dessas idas, ele teria fugido em um caminhão carregado de melancias.

O empresário acabou sendo preso em São Paulo no início da semana Cupertino chegou ao prédio da delegacia-geral da polícia com ares de celebridade e até ironizou as buscas. À medida que o tempo foi passando, relatos indicam que ele assimilou melhor que havia sido preso e saiu cabisbaixo do local.

A delegada da Divisão de Capturas Ivalda Aleixo, uma das responsáveis pelas investigações, detalhou momentos da caçada e as primeiras horas após a prisão. No começo, em junho de 2019, conta a delegada, a polícia conseguiu monitorar os rastros iniciais do fugitivo, ainda que estivesse alguns passos atrás dele. "O fato foi no domingo. Ele vai para São Roque (SP) na madrugada e, na terça-feira, para Campinas (SP). De lá, consegue pegar um ônibus e vai para Ponta Porã (MS)."

A FUGA - Segundo Ivalda, cerca de 20 dias antes do crime, Cupertino tinha ido para o Mato Grosso do Sul. "A gente sabia que ele fazia essas coisas, pelo tipo de comércio que tinha, de peças de automóveis, os chamados ‘desmanches’", explica a policial.

"Toda hora, até pelo Instagram, recebi denúncias. Chegava de todos os lugares." Algumas pessoas até teriam criado perfis fakes para entrar em contato com os investigadores. "Acho que recebemos mais de 300, 400, denúncias de onde ele era visto. Às vezes, mandavam até foto."

Além de acompanhar as informações que chegavam, a polícia monitorava de perto a família e a vizinhança de Cupertino em São Paulo, à cata de indícios de onde ele estava. Quando a mãe de criação de Cupertino morreu, em 2020, policiais ficaram de campana no velório na expectativa de encontrá-lo.

"Quando veio a informação, falamos ‘Vamos ficar por perto, porque ele pode não aparecer na hora, mas aparecer depois, ou mesmo vir para casa’", diz a delegada. O procurado, no entanto, não compareceu ao velório nem entrou em contato com a família nos dias seguintes.

Foi em Eldorado, Mato Grosso do Sul, uma das cidades próximas da fronteira com o Paraguai, que a captura ficou mais perto de acontecer. "Foi por muito pouco", lembra Ivalda. "Ele acabou fugindo em um caminhão de melancia. Ele falou isso: que entrou em um caminhão lá, que tinha umas melancias, e saiu fora."

Segundo a delegada, esse teria sido o local no qual o fugitivo passou mais tempo: do primeiro semestre de 2020 até por volta de fevereiro de 2021. Após um período trabalhando na fazenda, uma funcionária desconfiou que o colega de serviço seria Cupertino. Ele notou a mudança e fugiu.

CERTIDÃO FALSA. Há indícios ainda de que ele trabalhou em uma fazenda no Paraguai a 300 quilômetros da fronteira. Agentes do DHPP foram ao local, mas sem sucesso. Ao saber que havia sido localizado, ele teria fugido para a Argentina. Cupertino nega. Ainda em 2021, ele voltou ao Brasil. Tirou um RG em uma cidade do interior do Paraná com uma certidão de nascimento falsa, e voltou ao Paraguai.

Cupertino foi preso em um hotel na última segunda-feira, após denúncia anônima. Ele negou ter sido o autor dos assassinatos. O ator e os pais dele, João Alcisio Miguel, de 52 anos, e Miriam Selma Miguel, de 50, foram mortos a tiros em 2019.

(COLABOROU LEON FERRARI)

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