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Cotidiano

Brasil tem 1,3 milhão de quilombolas, aponta retrato inédito do Censo 2022

O número equivale a 0,65% do total de habitantes no país

Natália Brito

27/07/2023 às 10:10  atualizado em 27/07/2023 às 10:14

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O levantamento mostrou que 68,2% dessa população vive Nordeste, o que equivale a 905,4 mil pessoas

O levantamento mostrou que 68,2% dessa população vive Nordeste, o que equivale a 905,4 mil pessoas | Tania Rêgo/Agência Brasil

O Brasil tem 1,3 milhão de quilombolas. É o que aponta um retrato inédito do Censo 2022 divulgado nesta quinta-feira (27) pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística).

O contingente equivale a 0,65% do total de habitantes no país (203,1 milhões). A divulgação tem caráter histórico porque é a primeira vez que uma edição do Censo identifica os quilombolas e as suas características no Brasil, incluindo quantos são e onde vivem.

O levantamento mostrou que 68,2% dessa população vive Nordeste, o que equivale a 905,4 mil pessoas.
O IBGE levou em conta na pesquisa o autorreconhecimento e contou com a ajuda da Conaq (Coordenação Nacional de Articulação de Quilombos) no processo de elaboração da pesquisa.

Os quilombos surgiram na época da colonização brasileira como resposta à violência praticada pelos portugueses e por seus descendentes contra os negros que foram trazidos à força para o Brasil, vindos da África. Os primeiros registros desse tipo de formação datam da década de 1570.

Cerca de 5 milhões de pessoas entraram no país e foram escravizadas, ao longo de mais de 300 anos do regime, que só terminou em 1888.

Os cativos fugiam e formavam comunidades em busca de liberdade, entre outros motivos. Os quilombos atuais são formados, em grande medida, pelos descendentes desses cativos e ex-escravizados.

"Este momento é o marco zero, o ponto de partida enquanto estatística oficial", disse Marta Antunes, coordenadora do Censo de Povos e Comunidades Tradicionais do IBGE.

O primeiro recenseamento do Brasil ocorreu 150 anos antes, em 1872. Porém, até o Censo 2022, os quilombolas eram contabilizados somente no resultado geral da população.

Para mapear o grupo, o IBGE incluiu a seguinte pergunta nos questionários da pesquisa: "Você se considera quilombola?".

Em caso positivo, o entrevistado poderia responder, na sequência, qual era a sua comunidade. Na prática, a autodeclaração serviu como critério para a produção das estatísticas.

A data de referência do Censo é 31 de julho de 2022 –ou seja, a contagem abrange a população até esse dia.
Segundo o levantamento, o número exato de quilombolas no Brasil foi de 1.327.802, semelhante a população total de capitais como Porto Alegre e Belém.

No Brasil, os quilombolas viraram símbolo da resistência negra contra a escravidão. A falta de um retrato mais detalhado sobre essa camada da população, contudo, era motivo de preocupação entre lideranças e especialistas.

Sem esses dados, não existiam parâmetros confiáveis para a aplicação de políticas públicas em áreas como saúde e educação. Além disso, a falta de informações dificultava as reivindicações das comunidades.

De acordo com o IBGE, a ausência de uma série histórica com a mesma metodologia do Censo impede a comparação dos dados com estatísticas de períodos anteriores a 2022.

Em 2021, por exemplo, o próprio instituto divulgou um trabalho experimental que estimou em 1,13 milhão o número de pessoas residentes em localidades quilombolas no Brasil.

O IBGE fez a projeção à época para auxiliar no plano de vacinação contra a Covid-19. O órgão, contudo, já havia ponderado na ocasião que só o Censo seria capaz de produzir um retrato aprofundado e específico sobre os quilombolas.

"Se comparar com os registros administrativos, você vê que é um quantitativo superior [no Censo], mas não temos como dizer que aumentou a população, porque a gente sabe das limitações dos registros administrativos", ponderou Antunes. O Censo é uma pesquisa domiciliar, que se propõe a visitar todos os lares brasileiros.

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