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Cotidiano
Os dados são da OMS e mostram que o câncer se firma como um dos principais problemas de saúde pública do mundo
30/09/2022 às 08:28 atualizado em 30/09/2022 às 08:35
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O encontro reúne especialistas de diferentes áreas da saúde, referências na oncologia nacional e internacional | Negative Space/Pexels
Em 2019, o câncer foi a primeira ou a segunda causa de morte antes dos 70 anos em 112 países. Uma a cada seis mortes no mundo está relacionada à doença. No Brasil, 625 mil pessoas foram diagnosticadas em 2020 e estima-se que esse número será de quase 1 milhão em 2040.
Os dados são da OMS (Organização Mundial da Saúde) e mostram que o câncer se firma como um dos principais problemas de saúde pública do mundo. Uma das razões para isso é o envelhecimento populacional. Diante desse cenário, o que pode ser feito para controlar a doença?
"É importante trabalhar a prevenção e a atenção primária em saúde", responde Ana Beatriz Machado, sanitarista e pesquisadora da Abrale (Associação Brasileira de Linfoma e Leucemia). Ela foi uma das palestrantes da 9ª edição do Congresso Todos Juntos Contra o Câncer, que começou na manhã de terça-feira (27), em São Paulo, e terminou quinta-feira (29).
O encontro reúne especialistas de diferentes áreas da saúde, referências na oncologia nacional e internacional. O congresso é uma realização do Movimento Todos Juntos Contra o Câncer, entidade que reúne mais de 200 organizações da sociedade civil, comprometidas com o cuidado do paciente oncológico.
De acordo com Machado, a atenção primária adquire relevância por ser a porta de entrada do paciente no sistema de saúde. É nesse primeiro nível que ocorrem os diagnósticos e a prevenção. "Por isso, a gente precisa da atenção básica fortalecida", diz ela.
Além disso, a especialista afirma ser importante combater hábitos que estimulam o surgimento de cânceres.
"Os fatores de risco são tabagismo, bebida alcoólica, sedentarismo e sobrepeso."
Quando o câncer se instala, é importante que o diagnóstico seja feito de forma célere. Segundo a Opas (Organização Pan-Americana da Saúde), 30% dos casos podem ser curados se houver detecção precoce e tratamento adequado.
"A detecção cedo é melhor para todos. Para o sistema, porque diminui gastos com tratamento das pessoas, e para o próprio paciente, que tem prognósticos melhores em relação à doença."
O economista João Abreu ajudou a fundar a ONG Impulso Gov para trabalhar na eliminação dos gargalos da atenção primária no Brasil. "Ela é o veículo mais importante para a gente falar dos impactos da saúde no Brasil, inclusive do câncer."
Um dos focos de atuação da Impulso é melhorar os indicadores do exame citopatológico, conhecido como papanicolau, usado na detecção do câncer de colo de útero. O Ministério da Saúde definiu como meta que 40% da população-alvo se submeta ao procedimento nos municípios.
"Mas os números não são bons. Só pouco mais de 300 municípios conseguem atingir a meta; 94% deles não conseguem. A gente precisa avançar nessa questão." Em São Paulo, por exemplo, ele diz que faltam quase 600 mil pessoas para a cidade chegar à meta de 40%.
Esses números dificultam a erradicação do câncer de colo de útero, que pode ser prevenido por meio da vacinação contra o HPV.
De acordo com o epidemiologista Alfredo Scaff, a Nova Zelândia e a Austrália caminham para eliminar a doença.
No Brasil, a mortalidade pela doença é de 5 a cada 100 mil mulheres. "Essa taxa mostra que deve haver uma quantidade absurda de casos. A gente precisa brigar contra essa doença."
Ele defende que os dados do Ministério da Saúde sejam mais acessíveis para ajudar na criação de políticas públicas. "A doença que proporcionalmente vai matar mais no futuro será o câncer. Para enfrentá-lo, vamos ter que transformar informação em ação."
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