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Cotidiano
A definição de nomes para compor as chapas de Guilherme Boulos (PSOL), Ricardo Nunes (MDB) e Tabata Amaral (PSB) deve ocorrer só ano que vem
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O prefeito Ricardo Nunes. | Ettore Chiereguini/Gazeta de S. Paulo
Os principais pré-candidatos à Prefeitura de São Paulo deram início a conversas sobre suas chapas nos últimos dias, ainda que a discussão sobre vices seja tratada publicamente como prematura.
A definição de nomes para compor as chapas de Guilherme Boulos (PSOL), Ricardo Nunes (MDB) e Tabata Amaral (PSB) deve ocorrer só ano que vem, mas já agita os bastidores, com apetite de partidos pela vaga e especulações que interferem nas coligações.
Nunes é pressionado a dar ao PL a posição de vice. Ele se esforça para manter o apoio do bolsonarismo e evitar que a parcela da direita ligada ao ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) embarque na pré-candidatura de Ricardo Salles (PL).
Na quarta-feira (4), em uma reunião na sede do PL em Brasília, o chefe da legenda, Valdemar Costa Neto, e Bolsonaro definiram que caberá ao ex-presidente escolher o vice de Nunes e que isso será feito em março.
Enquanto Salles tenta viabilizar seu nome no PL, mas tem a oposição de Valdemar, a conversa serviu como um freio de arrumação na relação vaivém de Nunes e Bolsonaro.
Entre os nomes ligados a Bolsonaro e ao PL que poderiam ser indicados para a vaga de vice de Nunes estão Fábio Wajngarten, ex-secretário de Comunicação do ex-presidente, e Mello Araújo, coronel da PM que presidiu a Ceagesp.
Valdemar, para quem um candidato de centro tem mais chances em São Paulo do que um bolsonarista raiz, vinha trabalhando com outros candidatos a vice, como Marta Suplicy, secretária de Relações Internacionais de Nunes, e Milton Leite (União Brasil), presidente da Câmara Municipal.
Na reunião, porém, o ex-presidente pediu que Valdemar abandonasse essas opções, que são criticadas no bolsonarismo. A expectativa é a de que Bolsonaro, se realmente tiver a palavra final sobre o vice, escolha alguém de seu círculo próximo.
A questão, contudo, é mais complexa. Além do PL, outros partidos da aliança de Nunes reivindicam a vaga, como União Brasil, PP e Republicanos - do governador Tarcísio de Freitas, outro apoio que o prefeito considera crucial conquistar.
O presidente do Republicanos, Marcos Pereira, disse em edição recente do programa Roda Viva que apoiará Nunes desde que o partido indique o candidato a vice. Mulheres são destaque entre as opções da legenda, como a secretária estadual da Mulher, Sonaira Fernandes, e a deputada federal Maria Rosas.
Na opinião de Tarcísio, o vice deveria simbolizar a segurança pública, apontada no Datafolha como o maior problema da cidade. Ele é entusiasta do secretário-executivo da Segurança Pública, delegado Osvaldo Nico.
A ideia ecoa no PP, que tem o deputado estadual Delegado Olim a oferecer para o posto. Apoiadores de Olim lembram que ele mantém interlocução com as forças de segurança e é relator da CPI da Epidemia de Crack, na Assembleia Legislativa.
Na avaliação de outros partidos da base de Nunes, a escolha de um vice bolsonarista só contemplaria o PL e, por isso, é necessário buscar alternativas mais consensuais. Além disso, a rejeição do ex-presidente na cidade é apontada como um risco.
O grupo do emedebista projeta coligar dez partidos: União Brasil, PL, Republicanos, PSD, PSDB, Cidadania, Podemos, PP e Solidariedade, além do MDB.
Quando indagado, o pré-candidato à reeleição evita falar se o posto está reservado para algum partido específico e diz que a decisão fica para o ano que vem.
"Cada um vai usar das suas considerações [para pleitear] e, dentro de uma mesa, a gente vai conversar para poder tirar um bom nome", afirmou o prefeito em entrevista à Folha de S.Paulo em julho.
A estratégia cumpre a função de não melindrar nenhum dos partidos da base e mantê-los coesos por enquanto sobretudo porque o PL tem em Salles um plano B, assim como a União Brasil em relação a Kim Kataguiri.
Boulos já está comprometido a entregar a vice ao PT, partido que ficará sem candidato próprio na cidade pela primeira vez desde a redemocratização para apoiar o deputado, numa articulação costurada em 2022 pelo presidente Lula.
Ao formalizarem a aliança, em agosto, os petistas aprovaram uma resolução que obriga Boulos a ceder a vice ao PT e determina que a vaga seja ocupada preferencialmente por uma mulher.
Entre os nomes especulados aparecem os de Ana Estela Haddad, Juliana Cardoso, Rui Falcão e Eduardo Suplicy, mas nenhum é dado como favorito. A esposa do ex-prefeito Fernando Haddad (PT), atual ministro da Fazenda, evita se manifestar.
O psolista diz que só fará o debate sobre o assunto em 2024, mas nega que o acerto estabelecido prejudique suas movimentações para tentar montar uma frente partidária.
"Todo mundo [dos demais partidos] tem a dimensão do que é a proporção do PT", afirma ele, frisando que é a sigla do presidente da República. "É natural que o PT, não estando na cabeça de chapa, ocupe a vice."
Para contemplar outras siglas parceiras, Boulos tem oferecido espaços na coordenação de campanha e na formulação do plano de governo, além de acenar com cargos em um eventual governo.
O PSOL conta com o apoio da Rede, com a qual forma uma federação, e dos dois partidos federados com o PT, o PC do B e o PV. Boulos diz esperar também fechar com Avante e PDT, legenda que hoje ventila a pré-candidatura do apresentador José Luiz Datena.
Tabata tenta angariar apoios de outros partidos, incluindo PDT e Avante, e espera que o PSDB deixe o barco de Nunes e pule para o dela.
A chegada de Orlando Faria ao comando do diretório tucano da capital paulista, por decisão do presidente nacional do PSDB, Eduardo Leite, pode abrir caminho para um entendimento, já que Faria sinaliza nos bastidores simpatia à ideia de uma aliança com Tabata.
Se ela conseguir atrair os tucanos, é provável que a legenda tenha prioridade na indicação de vice.
A deputada tem um campo estreito para sondar alianças, já que as principais forças de esquerda estão com Boulos e parte do centro se aproximou de Nunes. Seus aliados, contudo, minimizam a dificuldade e afirmam que o cenário pode mudar.
Entusiastas dizem que a parlamentar tem um arco de relações amplo, o que atrairia alguém com perfil complementar. No limite, ela concorreria numa chapa pura e, para isso, o PSB busca filiar algumas opções.
Tabata também abriu conversas com Datena sobre a possibilidade de tê-lo como vice, conforme revelou o colunista Leonardo Sakamoto no UOL. A hipótese, contudo, é vista com ceticismo e resistência no entorno de ambos. A deputada se desfiliou do PDT em 2021 após um rompimento traumático com a cúpula.
No PDT se diz que as chances de união com a ex-filiada são praticamente nulas e que o combinado sempre foi Datena, célebre pelo histórico de desistências, ser cabeça de chapa.
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