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Cotidiano
Até então, o chefe do Executivo descartava a possibilidade de existirem episódios de corrupção no governo
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Jair Bolsonaro (PL) | Pedro Ladeira/Folhapress
O presidente Jair Bolsonaro (PL) mudou de discurso nesta quarta-feira (29) e admitiu que pode haver casos de desvio de verba pública no governo federal.
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Até então, o chefe do Executivo descartava a possibilidade de existirem episódios de corrupção no governo.
Agora, complementou a frase que costuma usar e disse que podem existir atos ilícitos, mas que não há "corrupção endêmica" na sua gestão.
"No governo, não temos nenhuma corrupção endêmica. Tem casos isolados que pipocam e a gente busca solução para isso", afirmou em palestra a empresários em evento da CNI (Confederação Nacional da Indústria).
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A afirmação ocorreu uma semana após o ex-ministro da Educação Milton Ribeiro ser preso pela Polícia Federal.
Ele foi detido em uma operação que investiga uma suspeita de balcão de negócios no Ministério da Educação e na liberação de verbas do FNDE (Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação).
Uma dia depois, foi libertado por um magistrado de segunda instância.
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Senadores articulam a instalação de uma CPI para apurar as denúncias relativas ao MEC. O presidente demonstrou preocupação com eventual criação de comissão sobre o tema.
"CPI quase saindo aí de assunto que parece que está enterrado. Mas quando abre CPI abre mar de oportunidades para oportunistas fazerem campanha contra a gente", disse.
Bolsonaro vem adaptando o discurso sobre o tema desde maio. Ele costumava ser categórico sobre a inexistência de corrupção em seu governo. Diante de denúncias surgidas nos últimos meses, passou a dizer que não havia "denúncias consistentes" de desvios de verba pública.
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Na palestra, o presidente ignorou as denúncias de assédio sexual contra o presidente da Caixa Econômica Federal, Pedro Guimarães. O chefe do Executivo discursou por mais de 25 minutos e não mencionou o assunto.
A revelação de um balcão de negócios no Ministério da Educação e de suspeitas em contratos e na distribuição das bilionárias verbas das emendas parlamentares enfraquecem cada vez mais o discurso eleitoral repetido por Bolsonaro e aliados de que o governo federal está há três anos sem registrar casos de corrupção.
Os recentes escândalos que derrubaram Milton Ribeiro da Educação se somam a suspeitas antigas, à aliança com o outrora execrado centrão e à metódica ação nesses três anos para barrar investigações e esvaziar órgãos de fiscalização e controle.
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O combate à corrupção foi usado por Bolsonaro como plataforma política na campanha presidencial. Em novembro de 2018, após eleito, Bolsonaro afirmou que ministros alvo de acusações contundentes deveriam deixar o governo, o que não se concretizou na prática.
O ministro Marcelo Álvaro Antônio (Turismo), por exemplo, seguiu no governo após ter sido indiciado pela Polícia Federal e denunciado pelo Ministério Público de Minas sob acusação de envolvimento no caso das candidaturas laranjas do PSL.
Desde que assumiu a Presidência, Bolsonaro contesta ações de órgãos de controle para investigar seu núcleo familiar, por exemplo.
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