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Cotidiano
Presidente não mencionou, no entanto, que o aumento da procura se deu, na verdade, em volume de buscas na internet, não necessariamente na emissão dos passaportes
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Presidente Jair Bolsonaro | Fabio Rodrigues Pozzebom/Agência Brasil
O presidente Jair Bolsonaro (PL) insinuou, nesta quinta-feira (23), que os colombianos querem deixar o país após a vitória eleitoral do esquerdista Gustavo Petro.
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"Colômbia acabou de eleger guerrilheiro do M19, parecido com Dilma Rousseff. Isso tem mais ou menos o que, seis dias. Qual o serviço público mais procurado naquele país, alguém sabe? Setor de passaporte. Não dá para entender o que está acontecendo?", disse Bolsonaro a apoiadores no Palácio da Alvorada.
O presidente não mencionou, no entanto, que o aumento da procura se deu, na verdade, em volume de buscas na internet, não necessariamente na emissão dos passaportes. Portais da Colômbia noticiaram o crescimento ainda no último domingo (19), quando Petro foi declarado presidente eleito.
A plataforma Google Trends, que exibe dados de buscas sobre temas específicos, mostra que de fato houve nos últimos sete dias um aumento nas pesquisas relacionadas a passaportes feitas por internautas colombianos. Não é possível afirmar, porém, que o pico de interesse no tema tem alguma relação direta com a eleição.
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Petro, que de fato é um ex-guerrilheiro, tornou-se no domingo o primeiro presidente de esquerda da Colômbia. O vice-presidente Hamilton Mourão e o Itamaraty parabenizaram o colombiano, mas Bolsonaro não falou oficialmente sobre a vitória de Petro - que, na prática, amplia o isolamento do brasileiro na América Latina.
Durante a fala de Bolsonaro, um dos apoiadores do presidente mencionou o índice de abstenção no segundo turno do pleito colombiano - 44%, taxa alta mas a menor das últimas duas décadas. Segundo Bolsonaro, os eleitores que deixaram de ir às urnas, no país em que o voto não é obrigatório, "vão pagar a conta igual a todo mundo".
O brasileiro também voltou a criticar a decisão de Petro de, assim que eleito, libertar jovens presos por protestos no país. "Presidente lá falou que vai soltar os meninos. Basicamente, é narcotraficante. Geralmente, quem está no trafico é gente dessa faixa etária, até menor, porque são inimputáveis."
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Em 2021, protestos no país vizinho deixaram mais de 60 mortos, dos quais ao menos 59 eram civis, gerando uma série de acusações de violações de direitos humanos por parte dos agentes do Estado. Bolsonaro comparou a afirmação do colombiano a uma declaração de Lula, de 2018, na qual o petista criticou a detenção de jovens de 14 e 15 anos por estarem roubando celulares.
O presidente usou tom semelhante para criticar a vitória eleitoral de outros presidentes de esquerda na América do Sul, como o argentino Alberto Fernández e o chileno Gabriel Boric. É comum que Bolsonaro recorra a uma suposta ameaça do socialismo e do comunismo, que ele usa como sinônimos, para tentar justificar suas manifestações políticas contra lideranças de esquerda.
Na conversa com apoiadores nesta quinta, ele também fez comentários de viés gordofóbico sobre os ditadores Kim Jong-un e Nicolás Maduro. "Não é piada o que vou falar. Você pode ver nos países comunistas, geralmente o chefe de Estado é um gordo. Olha a Coreia do Norte, não é um gordinho? Olha a Venezuela, não é um gordinho?". Bolsonaro usou ainda como exemplo o Maranhão, governado por Flávio Dino (PSB), que deixou o PCdoB (Partido Comunista do Brasil) neste ano.
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Esta não é a primeira vez que o presidente menciona a forma física do governador e de outras pessoas em tom pejorativo. Bolsonaro chegou a ser processado por racismo ao afirmar que quilombolas pesavam "sete arrobas" em 2017. No mês passado, a Procuradoria-Geral da República pediu arquivamento da ação.
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