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Cotidiano
Em live de despedida, Bolsonaro afirmou que o país e a mídia criticavam o que era dito sobre Covid por parte de médicos e por ele
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Presidente Jair Bolsonaro | Redes Sociais/Jair Messias Bolsonaro
O presidente Jair Bolsonaro (PL) lamentou o que chamou de "censura à liberdade de expressão" em relação às fake news que disseminou sobre a vacina da Covid, nesta sexta (30).
Em live de despedida, Bolsonaro afirmou que o país e a mídia criticavam o que era dito sobre Covid por parte de médicos e por ele, se referindo ao processo da Polícia Federal que imputou crimes ao presidente por dizer que as vacinas contra Covid causavam a infecção por HIV.
A informação constava em live do dia 21 de outubro de 2021, segundo relatório da PF, quando o mandatário fez disseminação "consciente, de forma direta e voluntária" de desinformação produzida por seu ajudante de ordens, Mauro Cesar Barbosa Cid. O vídeo foi derrubado pelo Facebook e pelo YouTube.
"Li o trecho da revista Exame que falava sobre Covid e HIV e estou sendo tratado como criminoso. A revista que mostrou isso, e meu ajudante a mesma coisa. Ele não traz nada para mim, não me desinforma em nada, pelo contrário, colabora, tá sendo processado também", disse o presidente em vídeo.
A reportagem da revista Exame citada por Bolsonaro foi publicada em 31 de outubro de 2020 e se baseava em um artigo publicado no periódico científico The Lancet em que pesquisadores demonstraram preocupação com um estudo de 2007 sobre uma vacina contra HIV feita com o adenovírus do tipo Ad5.
Na pesquisa, os participantes do estudo apresentaram maior risco de contrair o HIV, mas isso se referia à aplicação de uma vacina que era testada justamente contra o vírus causador da Aids, sem nenhuma relação com a Covid.
No texto de 2020, a demonstração de preocupação dos cientistas era sobre as vacinas desenvolvidas com essa tecnologia.
Um ano depois, em sua live, o presidente fez a associação sem dar o contexto da pesquisa. De acordo com a delegada da PF, Lorena Lima Nascimento, Bolsonaro causou "verdadeiro potencial de provocar alarma junto aos espectadores [da live], ao propagar a desinformação de que os 'totalmente vacinados contra a Covid-19' estariam 'desenvolvendo a síndrome de imunodeficiência adquirida [Aids] muito mais rápido que o previsto', e que essa informação teria sido extraída de 'relatórios do governo do Reino Unido'".
Além de se dizer vítima de censura e perseguição no caso da live, o presidente afirmou nesta sexta que "médicos foram tolhidos de sua liberdade de expressão" com a Covid, e que tudo era tratado pela mídia como "sem comprovação científica".
Bolsonaro se referia aos incentivos por parte do governo, inclusive com a compra de milhões de comprimidos com verba pública, de medicamentos cientificamente comprovados ineficazes contra a Covid, como a cloroquina e ivermectina.
Em outro momento, ele lamentou pela primeira vez as mais de 600 mil mortes pela Covid no país, mas disse que o governo "agiu no momento certo para a compra de mais de 550 milhões de doses, e que nunca obrigou ninguém a tomar vacina".
"Nós fizemos a nossa parte quando foi possível e passou a ter a vacina no mercado, porque em 2020 não tinha vacina", afirmou o presidente.
A primeira vacina aplicada em uma pessoa contra a Covid ocorreu no dia 8 de dezembro de 2020, na enfermeira Margaret Keenan, de 91 anos, na Inglaterra. Após a primeira injeção, diversos países iniciaram a vacinação de acordo com os grupos prioritários, como Canadá (11 de dezembro de 2020), Estados Unidos (14 de dezembro), Costa Rico, México e Chile (24 de dezembro), União Europeia (27 de dezembro) e Argentina (29 de dezembro).
Em 18 de novembro de 2020, os primeiros resultados de um estudo de fase 3 das vacinas contra a Covid foram divulgados pela farmacêutica Pfizer, que atingiu 95% de eficácia no ensaio clínico em mais de 40 mil pessoas em diversos países.
A Pfizer enviou 53 emails para o presidente Bolsonaro e o Ministério da Saúde indicando o interesse em vender os imunizantes para o Brasil de maneira preferencial, mas não teve resposta em nenhum deles.
Em julho de 2020 o Ministério da Saúde junto com a Fiocruz firmou parceria para transferência de tecnologia da vacina produzida pela AstraZeneca/Oxford, e as primeiras doses foram entregues em 6 de fevereiro de 2021.
A vacinação contra Covid no Brasil teve início em 17 de janeiro de 2021 com a vacina Coronavac, após um acordo do governo do Estado de São Paulo e do Instituto Butantan com a farmacêutica chinesa Sinovac para compra de 100 milhões de doses. Na ocasião, mais de 3 milhões de doses de vacinas contra a Covid já haviam sido aplicadas em todo o mundo.
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