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Cotidiano

Auricchio: 'Enel é uma empresa incompetente, ineficiente e omissa'

Prefeito de São Caetano do Sul critica a Enel, fala sobre o programa Tarifa Zero e explica por que a cidade deixou o Consórcio ABC

Bruno Hoffmann

10/11/2023 às 15:22  atualizado em 10/11/2023 às 16:23

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O prefeito de São Caetano do Sul, Auricchio, durante entrevista ao podcast De Olho no Poder

O prefeito de São Caetano do Sul, Auricchio, durante entrevista ao podcast De Olho no Poder | Thiago Neme/Gazeta de S. Paulo

A Enel está na mira de prefeituras das 24 cidades da Grande São Paulo atendidas pela concessionária desde a crise iniciada na última sexta-feira (3), que deixou milhões de pessoas da região sem energia elétrica por até seis dias. Uma das vozes que se destacou é a de Auricchio (PSDB), prefeito de São Caetano do Sul, que chamou a companhia de “incompetente, ineficiente e omissa”.

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Ao podcast De Olho no Poder, da Gazeta, o tucano criticou nominalmente os presidentes da Enel Brasil e da Enel São Paulo, afirmou que a empresa é “a pior que tem” no setor elétrico do País e pediu o fim da concessão. Seu filho, o deputado estadual Thiago Auricchio (PL), inclusive, é o presidente da CPI da Enel na Assembleia Legislativa de São Paulo (Alesp).

Auricchio exerce o quarto mandato à frente do município do ABC paulista – constantemente classificado como a cidade com a melhor qualidade de vida do Brasil. Há, porém, problemas, como as enchentes que castigam parte do município durante chuvas fortes. Na entrevista, o tucano também explicou sobre o recém adotado programa Tarifa Zero no transporte e explicou por que não acredita que a linha do Metrô prometida para ligar o bairro da Lapa ao ABC vai virar realidade.

Parte de São Caetano do Sul ficou seis dias sem energia elétrica nesta semana. Como o sr. avalia a atuação da Enel no caso?

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Tenho uma experiência grande como prefeito, com quatro mandatos, e esta é a mais grave crise que encontrei nesses anos todos do ponto de vista de sofrimento da população. É um descaso o que a Enel tem com os municípios servidos por ela que é absolutamente inaceitável. Essa postura é uma postura de uma empresa que é incompetente, ineficiente e omissa. Seus dirigentes saem de uma reunião tensa, de uma reunião de crise, com um sorriso no rosto. O presidente da Enel Brasil, Nicola Cotugno, que é italiano, fala que a empresa é uma empresa modelo. Pode ser modelo na Itália, mas aqui é uma das piores empresas de prestação de serviços públicos. No ramo de energia não tenho dúvida que é a pior que tem. Aliás, o presidente da Enel São Paulo, Max Xavier Lins, deve depor na CPI da Enel na Assembleia Legislativa na semana que vem. Têm prefeitos que até sugeriram o pedido de prisão dele, tal é o descaso com a população paulista.

Há outros órgãos responsáveis pela crise?

A agência reguladora Aneel deveria fazer a regulação, fiscalização e a penalização por esse desserviço. A Aneel é presidida por um cidadão chamado Sandoval Araújo, que é do Maranhão e mora em Brasília, e ele nem sabia que as condições meteorológicas da sexta-feira iam ser graves como foram. O presidente de uma agência que regula energia elétrica não ter um acompanhamento meteorológico não sei o que que ele está fazendo lá. E a punição é zero. O estado de São Paulo e os municípios têm que punir a Enel. E a agência precisa recomendar a retirada da Enel como fornecedora de energia para a região metropolitana de São Paulo.

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Uma das pretensões do governador Tarcísio de Freitas é a de privatizar a Sabesp. A questão da Enel não respinga sobre essa ideia?

Sou a favor do estado presente, nem mínimo e nem máximo. Temos que ter um estado que esteja presente nas ações nas quais a iniciativa privada não consegue tocar o serviço. Acho que a energia é uma questão absolutamente factível da iniciativa privada operar. Agora, tem que ter uma boa concessão, um contrato rígido, e fundamentalmente, com regulação e fiscalização. Com isso há bons resultados. Não tenho dúvida que o caminhar do governador Tarciso na questão da privatização da Sabesp é nesse sentido. Não tem correlação [a Enel com a pretensão de privatizar a Sabesp], porque o contrato com a Enel já é muito ruim desde a sua origem.

A cidade adotou o programa Tarifa Zero nos ônibus municipais na semana passada. Como foi possível essa ação? Houve aumento de impostos ou remanejamento de recursos de outras áreas?

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O Tarifa Zero é uma conquista de dignidade para o morador. O transporte é uma questão crucial para o estado de forma geral, e essa discussão vem há pelo menos uma década. Fizemos um esforço fiscal muito grande em São Caetano, com verbas do Tesouro Municipal. Não tem nenhum imposto novo, nenhuma taxa nova, nenhum remanejamento [de outros setores]. São verbas oriundas do Fundo de Transportes que vão fazer frente à despesa para você ter um subsídio de 100%, que traduz no Tarifa Zero. Está funcionando há uma semana, com uma excelente aceitação da população.

AuricchioAuricchio, sobre o Tarifa Zero: 'É um programa de cunho social, de cunho de mobilidade e, fundamentalmente, de cunho econômico'/Thiago Neme/Gazeta de S. Paulo

Já há números do aumento do uso do transporte público?

Tiveram dias que bateram 110% do aumento de passageiros transportados. É uma satisfação, estamos atingindo os objetivos que queríamos: transportar mais gente. Com isso, mais gente se locomove e, consequentemente, há menos carros nas ruas. É um programa de cunho social, de cunho de mobilidade e, fundamentalmente, de cunho econômico. Estamos preenchendo os pré-requisitos que o programa tinha.

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São Caetano sofre com enchentes, como as das pontes nas regiões da Estrada das Lágrimas e da rua Barbinos. Há algum projeto para combater essa situação?

Fizemos em 2010 um conjunto de piscinões no âmbito do Ribeirão dos Meninos, que é o rio que cruza essas duas pontes. São 15 reservatórios ao longo do rio que hoje segura boa parte das águas que vêm pelo córrego Jaboticabal e pelo Ribeirão dos Couros. Agora, o governo do Estado está fazendo a maior obra de combate às enchentes exatamente nesse ponto, o Piscinão Jaboticabal. É o maior reservatório brasileiro de águas de chuva e ele deve estar pronto para o verão de 2025. Ouso dizer que vamos extinguir as enchentes nesse canal, nesse eixo. Obviamente, têm outros rios que também precisam de tratamento.

São Caetano costuma figurar em rankings como a dona do melhor IDH do País. Como chegar a esse nível e o que precisa melhorar estruturalmente na cidade?

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Temos um sistema de saúde que funciona rigorosamente em dia. Não estou falando que é perfeito, existe a permanente necessidade de ajustes, mas tem uma oferta de serviço de boa qualidade. Temos um sistema de educação muito bem estruturado. E, obviamente, temos uma economia pujante, com um parque industrial muito grande. Isso garante uma arrecadação efetiva e uma empregabilidade adequada, que trazem indicadores que acabam compondo o IDH. Mas lógico que temos desafios. Um deles é justamente o combate às enchentes. Outro é a questão da mobilidade. Por isso o Tarifa Zero vem com um papel muito importante na qualidade de vida dos moradores.

E o Metrô no ABC, vai sair?

Infelizmente, o Metrô que já estava contratado pelo ex-governador Geraldo Alckmin teve o contrato rescindido pelo João Doria [governador que sucedeu a Alckmin]. Já tinha até canteiro de obras e tudo mais, mas foi substituído por um projeto de BRT, que ainda está com obras incipientes. Com isso, o ABC ficou sem Metrô.

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Não há um projeto de uma linha do Metrô para ligar o bairro da Lapa, na Capital, a São Bernardo do Campo?

Existe esse compromisso do governador Tarcísio de Freitas de rever essa linha. Vou dizer uma opinião muito superficial minha, até porque não sou técnico do Metrô, mas acho muito difícil [que a linha saia do papel]. Primeiro porque seria a linha de maior extensão em termos de quilômetros, e sabemos que não há financiamento adequado para isso. Seria algo de muito longo prazo. Torço para que se concretize, mas acho muito pouco provável.

O serviço de Zona Azul na cidade está em um processe de transição. Qual a situação atual?

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Está em fase final de concessão pública. A empresa que estava [operando] foi julgada como ilegal pelo Tribunal de Contas. É um julgamento até tardio, porque a gente já sabia disso, mas agora ela vai responder pelos desmandos que houve no contrato. A prefeitura está promovendo uma nova concessão, que deve ter o resultado final até o fim de novembro.

O São Caetano, clube de futebol, teve destaque no cenário nacional mas perdeu força. O que aconteceu? É verdade que vai virar SAF [sociedade anônima do futebol]?

A Associação Desportiva São Caetano tem uma história muito bonita. O ex-prefeito Tortorello e sua família que fundaram o clube. Mas ele teve um episódio triste, que foi a figura de um mecenas que hoje é acusado de um número grande de crimes. Vou poupar de falar o nome, mas isso manchou a cruzada do time [o empresário Saul Klein, herdeiro das Casas Bahia, investiu no clube por anos e sofreu uma condenação recentemente por exploração sexual contra uma série de mulheres]. Ele saiu e deixou um montante de dívidas gigantesca. Agora, há um grupo que está assumindo essa SAF. Não tenho autorização para falar quem é o grupo, mas vamos ter um São Caetano de fato novo, com gente que é do ramo e que de fato tem uma conduta ilibada para tocar um time de futebol.

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Qual a situação atual das demissões que houve na fábrica da GM na cidade?

O sindicato conseguiu via jurídica uma reversão total dessas quase 400 demissões no caso de São Caetano. Os funcionários se mantinham em estado de greve, e hoje pela manhã [última quarta-feira] a greve terminou. Tenho certeza de que vai ser um acordo bom para a cidade, para os trabalhadores e para a companhia.

Por que São Caetano do Sul decidiu sair do Consórcio ABC?

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O consórcio ficou muito caro e relativamente aparelhado. Tem ali alguns vieses políticos que não concordo, além de ter um custo muito elevado por um retorno muito pequeno. São Caetano gastava aproximadamente R$ 2 milhões por ano no consórcio. Ou seja, R$ 8 milhões em uma gestão de 4 anos. Com esse valor dá para fazer muita escola, muito posto de saúde. Na prática não tivemos nenhum retorno com o consórcio, e falo isso com muita dor. O consórcio precisa ser revisto e ser, por exemplo, semelhante ao que tem na região oeste da Grande São Paulo, em Barueri e Osasco [Cioeste].

Quem o sr. pretende apoiar nas eleições municipais de 2024?

Estamos definindo nomes ainda. É muito prematuro falar agora em definição de nomes até por conta de termos ainda um ano de governo pela frente. Governo, quando se “starta” o processo eleitoral, a tendência é encurtar o período. Ainda é muito precoce fazer qualquer movimento político.

*Leonardo Sandre é assistente de redação

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