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Cotidiano
Manifestantes pedem uma CPI para investigar um suposto abuso de autoridade no TSE e no STF
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Deltan Dallagnol | Tomaz Silva/Agência Brasil
Movimento que galvanizou as ruas nos meses que antecederam o impeachment de Dilma Rousseff (PT), o VPR (Vem Pra Rua) levou 345 balões pretos para a avenida Paulista neste domingo (4).
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Representavam, segundo a porta-voz do VPR, Adelaide Oliveira, os 345 mil votos que o deputado Deltan Dallagnol (Podemos-PR) conquistou e que o TSE (Tribunal Superior Eleitoral) jogou no lixo ao votar pela sua cassação.
O quórum começou com cerca de um terço desse número, pouco mais de cem pessoas num ato esvaziado que não contou com apoio de grandes parceiros do passado, como o MBL (Movimento Brasil Livre).
"Bom dia, guerreiros, destemidos, corajosos, que apesar de tudo estão aqui se indignando", discursa no microfone a deputada Adriana Ventura (Novo-SP). Ela fala em "descontentamento com esta ditadura do Judiciário".
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Os manifestantes pedem uma CPI para investigar um suposto abuso de autoridade no TSE e no STF (Supremo Tribunal Federal).
A revolta com a cassação do ex-procurador da Lava Jato não é a única causa em pauta. Em cartazes e nas falas, há também ataques à indicação de Cristiano Zanin para o STF e o afago do presidente Lula (PT), em solo brasileiro, no ditador da Venezuela, Nicolás Maduro.
O deputado Luiz Philippe de Orleans e Bragança (PL-SP) abriu sua participação dizendo que estava até feliz de estar ali, "mas um pouquinho infeliz que a gente não está ganhando esta batalha".
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Lembra que a direita se uniu "para tirar a Dilma, o PT" e tem como desafio "manter essa união de novo". Clamou pela destituição de Lula ("sabemos que ele e criminoso"), zombou dos "200 manés" do centrão e criticou a "esquerda radical" do Congresso. A ala bolsonarista, da qual faz parte, foi poupada.
"Há dez anos o Brasil conhecia a força das ruas", dizia chamada para a manifestação em redes sociais, lembrando dos protestos de 2013 que eletrizaram o país. Mas agora, afirma no microfone o administrador de empresas Charles Putz, definitivamente não é por R$ 0,20, valor a mais nas passagens que motivou a tomada das ruas na década passada. É pelo contingente de votos que Dallagnol teve, continua.
A animosidade contra Lula é latente entre manifestantes. "Se fizer o L, late", diz o dono de dois lulus-da-pomerânia para uma amiga. O ministro Alexandre de Moraes, do STF e do TSE, também virou alvo. "Alexandre cabeça de ovo: imperador do Brasil no século 21", achincalha um cartaz.
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Adelaide, do VPR, afirma à aglomeração de dimensões modestas que tamanho não importa, "mas importa que coloquemos nossa voz" num movimento "absolutamente democrático". Ela propõe que todos tapem a boca com uma faixa preta distribuída pela organização. "Não aceitamos mordaça nos nossos votos, nos nossos direitos."
À reportagem ela diz que "a separação dos Poderes é um pilar da democracia" que não está sendo respeitado por cortes superiores. "Consideramos que elas estão avançando em pautas que não são da sua competência, principalmente no Legislativo."
Adelaide define os ataques de 8 de janeiro em Brasília como "uma instabilidade grave" provocada "por ingenuidade, burrice, sei lá o que, desespero". Para ela, ainda há espaço para uma direita moderada.
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Acha que o protesto esburacado em público sofreu com a polarização, um espantalho para a unidade das direitas. "As pessoas estão desfilando muito ódio, não conseguem mais se unir por pontos comuns, só olham pelo que as divide. Infelizmente o MBL não conseguiu participar."
O ato se estende com uma caminhada pela Paulista e público um pouco mais parrudo, embora ainda microscópico se comparado às multidões postas nas ruas em 2016. A certa altura os manifestantes se confundiram com pessoas que foram à avenida, fechada para carros aos domingos, em busca de diversão. Esbarraram com apresentações de samba, missionários das Testemunhas de Jeová e um grupo que treinava crossfit.
Tudo termina com o Hino Nacional, o bordão "democracia, liberdade, justiça" e a soltura dos balões pretos pelos céus de São Paulo.
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