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Cotidiano
Cerca de 350 famílias estão desalojadas após as chuvas históricas da madrugada de 19 de fevereiro em São Sebastião
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O movimento que lidera os protestos estima, porém, que o total de atingidos supere 1.000 famílias, já que muitas retornaram às residências | Divulgação/Defesa Civil de São Sebastião
Moradores de bairros atingidos por enchentes e deslizamentos de terra em São Sebastião, no litoral norte de São Paulo, organizam para a manhã deste sábado (11) um protesto para cobrar respostas do poder público quanto à construção de novas moradias para a população que vive em áreas de risco no município.
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Há entre os moradores insatisfação generalizada com a falta de clareza quanto ao emprego de recursos anunciados por município, estado e União durante a crise, segundo lideranças comunitárias locais. Há também cobranças para que valores arrecadados por ONGs sejam auditados e destinados a um plano de amparo aos desalojados.
Inicialmente planejada por grupos dispersos de moradores, a manifestação passou a ser coordenada nesta quinta-feira (9) por uma organização denominada União dos Atingidos pela Tragédia Crime, composta por movimentos de esquerda.
Entre os organizadores estão o Coletivo Caiçara de São Sebastião, Ilhabela e Caraguatatuba; a
Associação de Favelas de São José dos Campos, a Campanha Despejo Zero, Federação das Associações Comunitárias do Estado de São Paulo, o Fórum em Defesa da Vida e o MTST (Movimento dos Trabalhadores Sem Teto), segundo Camilo Terra, um dos coordenadores do Coletivo Caiçara.
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Cerca de 350 famílias estão desalojadas após as chuvas históricas da madrugada de 19 de fevereiro em São Sebastião, segundo o grupo. O movimento que lidera os protestos estima, porém, que o total de atingidos supere 1.000 famílias, já que muitas retornaram às residências.
"As cobranças que fazemos ao poder público em todas as esferas, em especial à estadual, para a CDHU [Companhia de Desenvolvimento Habitacional e Urbano], e municipal, são políticas públicas diversas e reconstrução [de moradias e da infraestrutura urbana]", disse Terra.
A expectativa dos organizadores é iniciar a manifestação com uma reunião na Vila Sahy, perto do Instituto Verdescola, instituição que inicialmente acolheu as vítimas da tragédia.
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Os manifestantes atravessarão a rodovia Rio-Santos. Havia um plano de interromper o trânsito no local, mas a ideia foi abandonada. Agora, os organizadores pretendem caminhar até a praia da Baleia, onde veranistas de alta renda possuem imóveis.
"Não temos qualquer ilusão de que teremos ajuda do capital, mas a ida até a Baleia é simbólica no sentido de que nunca quiseram a classe trabalhadora à sua volta e isso é um dos motivos da tragédia crime, mas no sábado terão de nos ver, ver as fotos dos que foram soterrados, ver nosso luto e tristeza", disse Terra.
Há entre os apoiadores da manifestação, porém, moradores que se dizem desvinculados de organizações políticas e movimentos sociais.
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Entre essas lideranças comunitárias está o eletricista Moiseis Teixeira Bispo, 37, que reivindica informações sobre "os milhões" prometidos para as famílias atingidas. "Sobre a comunidade, o que eu posso dizer, é que estamos no escuro", reclama. "O governador [Tarcísio de Freitas, do Republicanos] e o prefeito [Felipe
Augusto, do PSDB] vêm aqui, conversam lá dentro do Verdescola, e a gente não fica sabendo de nada", reclamou.
Bispo cobra a prestação de contas de organizações que arrecadaram dinheiro e o emprego de tais recursos no apoio a um plano de moradia e recuperação de áreas atingidas.
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A União dos Atingidos pela Tragédia Crime diz que a prestação de contas das doações não é a principal reivindicação do movimento, mas "pretende solicitar aos órgãos de controle que, de alguma forma, tente auditar estas doações recebidas e se realmente estão sendo empregadas na ajuda aos atingidos".
Prefeitura de São Sebastião, governo estadual, CDHU e governo federal não se manifestaram até a publicação deste texto.
As organizações Gerando Falcões e Instituto Verdescola, que estão entre as principais ONGs que arrecadaram recursos e ampararam os desabrigados, informaram que prestarão contas aos órgãos de controle.
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