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Cotidiano

Arquidiocese de SP diz estar perplexa com CPI que mira padre Júlio Lancellotti

CPI tem como objeto o trabalho das ONGs que atuam no centro de São Paulo, especialmente na região da cracolândia

Maria Eduarda Guimarães

04/01/2024 às 13:46  atualizado em 04/01/2024 às 14:29

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O padre Júlio Lancellotti, da Pastoral do Povo de Rua de São Paulo

O padre Júlio Lancellotti, da Pastoral do Povo de Rua de São Paulo | Reveja Rosa/Agência Brasil

A Arquidiocese de São Paulo afirma que acompanha "com perplexidade" a possível abertura de uma CPI (Comissão Parlamentar de Inquérito) na Câmara Municipal de São Paulo com o padre Júlio Lancellotti como alvo.

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Como mostrou a coluna Painel, do jornal Folha de S.Paulo, a CPI das ONGs foi protocolada pelo vereador Rubinho Nunes (União Brasil) com o apoio de 24 colegas e deve ser instalada em fevereiro, na volta do recesso do Legislativo paulistano.

"Na qualidade de Vigário Episcopal para a Pastoral do Povo da Rua, Padre Júlio exerce o importante trabalho de coordenação, articulação e animação dos vários serviços pastorais voltados ao atendimento, acolhida e cuidado das pessoas em situação de rua na cidade", afirma nota da assessoria de comunicação do órgão da Igreja Católica.

"Reiteramos a importância de que, em nome da Igreja, continuem a ser realizadas as obras de misericórdia junto aos mais pobres e sofredores da sociedade", conclui o texto.

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A CPI tem como objeto o trabalho das ONGs que atuam no centro de São Paulo, especialmente na região da cracolândia. Nas redes sociais e em entrevistas, no entanto, o vereador Rubinho Nunes deixa claro que o principal alvo é o padre, de quem é um crítico.

Tanto é assim que a escolha das duas entidades que estarão no escopo da CPI, Centro Social Nossa Senhora do Bom Parto, conhecida como Bompar, e o coletivo Craco Resiste, seriam as mais próximas da atuação do padre, na leitura do vereador.

A primeira é uma entidade filantrópica ligada à igreja católica da qual o padre Júlio foi conselheiro, mas hoje não é mais. A segunda atua contra a violência policial na região da cracolândia.

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O padre afirma à coluna que não faz parte de nenhuma ONG e não tem qualquer envolvimento com projetos que envolvam dinheiro público, e que, por isso, não vê sentido em ser investigado.

"Se eu for chamado a falar, de que ONG vão falar que eu sou? Ou, se me convocarem, estarão convocando a Arquidiocese de São Paulo. A minha ação é da arquidiocese, que não é ONG e não é conveniada com a prefeitura. Não vão encontrar dinheiro público em nenhuma das ações", afirma.

"O que a Câmara pode fazer é fiscalizar dinheiro público. Não existe CPI para fiscalizar a igreja", acrescenta.

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