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Cotidiano
Valor é R$100 mil a mais do que o mínimo proposto pelo edital da Prefeitura
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Bloco de rua de São Paulo | Divulgação
Na manhã desta quarta-feira (28), a prefeitura de São Paulo definiu que a Ambev será a patrocinadora do carnaval de rua 2023 da capital paulista. Duas empresas se interessaram em patrocinar o evento, mas apenas uma delas apresentou uma proposta válida.
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Em nota, a Secretaria Municipal de Cultura informou que "a melhor proposta foi da empresa AMBEV S.A., de R$25.629.600,58, um valor de R$100 mil a mais do que o mínimo proposto pelo edital da Prefeitura".
O envio das propostas para o pregão eletrônico deveria ter sido feito em 14 de dezembro, mas foi adiado a pedido do Tribunal de Contas do Município (TCM), que solicitou mais informações à Prefeitura de São Paulo, e a nova data foi alterada para esta quarta.
A novidade deste ano é que a patrocinadora não vai precisar se limitar à divulgação de uma única marca ou produto específico.
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De acordo com o portal G1, o próximo passo para a empresa é apresentar a documentação para que o patrocínio seja homologado no início de janeiro.
Carnaval de SP terá pela primeira vez uma mulher trans como rainha de bateria
O Carnaval de São Paulo tem passado por muitos avanços nos últimos anos e em 2023 uma novidade também chamará a atenção. Camila Prins será a primeira mulher trans a desfilar como rainha de bateria no carnaval paulista pela agremiação Colorado do Brás. Em entrevista exclusiva à Gazeta, ela falou sobre o reconhecimento, os desafios de sua jornada, família e sobre os preparativos para o desfile.
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A ordem dos desfiles das escolas de Samba de São Paulo já foi sorteada. No próximo ano, as apresentações vão acontecer entre os dias 17 e 19 no Sambódromo do Anhembi. Confira a ordem completa no fim desta matéria.
Confira abaixo a entrevista na íntegra com Camila Prins.
GSP: - Você vai ser a primeira mulher trans a sair no Carnaval de São Paulo como rainha de bateria. O que significa este reconhecimento para você? Qual é o sentimento que isso te traz?
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Camila: Vão fazer 23 anos que eu estou no carnaval de São Paulo e neste ano vai ser a primeira vez que eu vou ser uma rainha oficial, porque por quatro anos eu saí como Rainha LGBT, Rainha Trans, madrinha da bateria. E neste ano vai ser muito especial porque eu vou ser rainha oficial, porque eu consegui levantar a minha bandeira, conquistei meu espaço no mundo do samba, mesmo sendo este um mundo um pouco difícil, com pequenos preconceitos, mas eu consegui. Então me sinto uma mulher vitoriosa pelo espaço que eu conquistei.
GSP: Você começou no Carnaval de São Paulo nos anos 2000. De onde vem seu interesse pelo carnaval?
Camila: Meu interesse vem desde infância. Foi o carnaval que me deu um empurrãozinho para minha transsexualidade. Eu venho do interior de São Paulo. E até hoje tem aquela brincadeira de homem se vestir de mulher e de mulher se vestir de homem. E foi com 11 ou 12 anos de idade que eu me transformei para brincar no carnaval e dali eu fiquei até hoje, essa mulher que eu sou hoje, através do carnaval. E nos anos 2000 eu tive o convite, feito pelo grande carnavalesco Tito Arantes, que me convidou para desfilar na mocidade Camisa Verde e Branco, que foi meu primeiro ano no carnaval, que foi onde [despertei] minha paixão até hoje.
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GSP: Quando você começou no carnaval em São Paulo você enfrentou algum preconceito por ser mulher trans?
Camila: Sim, tive sim, um pouco porque quando eu me apresentava as portas se fechavam um pouco. Eu sempre fui apaixonada pelo carnaval e quando eu falava que era trans eram um pouquinho renegados os postos. Então [minha posição nos desfiles] era sempre mais escondidinhas, nas laterais mas de pouquinho em pouquinho, com a minha humildade e persistência eu fui conquistando o respeito. Mas no começo foi um pouco difícil.
GSP: Infelizmente, no Brasil, costuma-se valorizar artistas depois que eles vão para o exterior e são reconhecidos em outros países. Você acredita que isso tenha acontecido com você?
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Camila: Também. Acho que isso também pode ter ajudado. Eu represento o carnaval aqui no exterior, eu trabalho com samba. Fui rainha aqui em Coburg, na Alemanha, e sou madrinha de bateria de Lausanne, aqui na Suíça. Isso também foi um grande empurrão pra mim também, porque os trabalhos, tanto aqui na Europa quando no Brasil, passaram a ser bem mais abertos.
GSP: Como foi deixar o Brasil e se mudar para a Europa?
Camila: Aqui eu passo meio batida ne? [risos]. Porque aqui eu faço shows junto com as meninas e nisso eu entro no meio delas e a maioria delas são mulatas grandonas, bem montadas, e eu passo pequenininha no meio delas. Mas assim, aqui na Europa, eu tenho 23 anos aqui na Suíça, estou casada já há 18 anos, com um suíço, vivo uma família maravilhosa, [algo] que eu não sei se eu viveria aí no Brasil. Aqui o preconceito eu nunca vi, desde quando eu cheguei.
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GSP: Quais são as principais diferenças que você nota entre o carnaval aqui no Brasil e o carnaval na Europa?
Camila: Ah no Brasil é grandioso, né? O nosso carnaval não existe! Aqui a gente se apresenta em um carnaval um pouco menor. Porque aqui o carnaval é em maio, é a segunda semana de maio. É a festa do plantão, que é a festa do verão, porque está entrando o verão na Europa. Daí vários países se apresentam, e nós aqui na Suíça, nós temos três escolas de samba. Inclusive uma delas é a escola mais antiga que temos que é a Unidos de Lausanne, com 36 anos, da qual eu faço parte da escola sendo madrinha de bateria. Quase todos os anos essa escola ganha o concurso, que é como um concurso de carnaval, mas são vários países como Portugal, como França, como a Itália. É como um mini-desfile. Não se compara. Mas assim mesmo para eles é muito grandioso porque a gente tem as alegorias, a gente tem as alas, a bateria com as rainhas, tudo é bem legal.
GSP: No meio carnavalesco tem algum artista que te inspire?
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Camila: Tem o Eduardo Caetano, que é um grande amigo meu carnavalesco que eu amo de paixão, que inclusive vem aqui na Suíça fazer o carnaval daqui. O falecido Tito Arantes que abriu as portas para mim. E Magali Tobias que era ex-presidente do Camisa Verde e Branco, que através dela que eu fui a primeira rainha em 2018.
GSP: Como o seu processo de entrada na Colorado do Brás?
Camila: A Colorado eu venho com eles desde 2020. Em 2020, quando eu me apresentei pra ir com eles na escola, porque eles me anunciaram como madrinha LGBTQIA+, a escola "foi abaixo". Eu fui com medo. Eu tava em outra agremiação há 20 anos, a Camisa Verde e Branco. Eu tive esse convite maravilhoso pelo Ká [Antônio Carlos Borges], nosso grande presidente, e quando eles anunciaram na escola, assim, eles me abraçaram tão carinhosamente. Eles me aplaudiram tanto que eu até fiquei assim... surpresa! E agora cada vez mais que passa, nossa, eu vejo o carinho da comunidade, como eles me abraçam, como eles me respeitam. Assim, hoje, eu me sinto 100% Colorado do Brás.
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GPS: Você será a primeira mulher trans a ser rainha de bateria de uma escola de samba em SP. Qual a importância para o mundo LGBT em geral desse acontecimento?
Camila: A importância pra mim mesma, e pra o mundo LGBT, é muito grande. Eu penso que 70% das pessoas no mundo do carnaval são LGBT, mas eles estão sempre ali atrás, escondidos. Eles nunca estão ali na frente representados. E hoje eu como uma rainha, um posto tão desejado por várias mulheres lindíssimas, desejando desde criança. E eu sendo uma mulher trans neste grande posto. a minha coroação neste ano eu fiz um "boom". Eu fiz uma surpresa, eu saí de uma caixa, fiz um truque de mágica porque eu quis marcar e deixar meu nome na história. Hoje eu posso dizer que Camila Prins está registrada, estou na pasta oficial como rainha oficial. Então pra mim é um grande sonho, né?
GSP: Atualmente você está na Suíça. Quando você volta para São Paulo para os ensaios? Já tem uma data marcada?
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Camila: Tenho! Dia 7 de janeiro eu já estou aí. Foi só uma pausa mesmo do Natal, que eu prometi para o meu marido, pra minha família daqui, porque nós vamos pra Finlândia agora. Mas eu só vim pra passar o Natal, porque já no Ano Novo eu trabalho com a escola de samba, eu tenho um show pra fazer no dia 31 para o dia primeiro. E no dia 6 eu já estou embarcando e já começo com tudo pra realizar meu carnaval e fico até o fim, até dia 1 de março.
GSP: Se você pudesse deixar uma mensagem pra toda a comunidade LGBT e todas as pessoas trans no geral, qual seria?
Camila: Eu sempre falo [para essas pessoas] para nunca desistirem dos sonhos delas, para elas sempre se orgulharem das pessoas que elas são. Continuar respeitando o mundo e não ligar para o que falam por trás e tentar sempre sonhar e tentar conquistar seu espaço. Porque quando a gente conquista nosso espaço é onde que as portas são todas abertas. E pra elas nunca se esquecerem se ir até o fim dos seus sonhos.
GSP: O que a gente pode esperar da Colorado para o Carnaval de 2023?
Camila: Estamos 100% seguros de que vamos voltar para o nosso lugar pra que em 2024 nós estejamos no grupo especial.
Desfiles de 2023
A Liga independente das escolas de samba de São Paulo já divulgou a ordem dos desfiles para o próximo ano. Confira a ordem abaixo:
GRUPO ESPECIAL
17 de fevereiro, sexta-feira
1- Independente Tricolor
2- Acadêmicos do Tatuapé
3- Barroca Zona Sul
4- Unidos de Vila Maria
5- Rosas de Ouro
6- Tom Maior
7- Gaviões da Fiel
18 de fevereiro, sábado
1- Estrela do Terceiro Milênio
2- Acadêmicos do Tucuruvi
3- Mancha Verde
4- Império de Casa Verde
5- Mocidade Alegre
6- Águia de Ouro
7- Dragões da Real
GRUPO DE ACESSO
19 de fevereiro, domingo
1- Nenê de Vila Matilde
2- X-9 Paulistana
3- Camisa Verde e Branco
4- Vai-Vai
5- Morro da Casa Verde
6- Colorado do Brás
7- Pérola Negra
8- Mocidade Unida da Mooca
GRUPO DE ACESSO II
11 de fevereiro, sábado
1- Imperatriz da Pauliceia
2- Amizade Zona Leste
3- Brinco da Marquesa
4- Primeira da Cidade Líder
5- Imperador do Ipiranga
6- Uirapuru da Mooca
7- Leandro de Itaquera
8- Unidos do Peruche
9- Unidos de Santa Bárbara
10- Torcida Jovem
11- Camisa 12
12- Dom Bosco de Itaquera
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