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Cotidiano

Após perder a Ford, Taubaté, em SP, tenta diversificar economia

Há cerca de um ano, em 11 de janeiro de 2021, a montadora anunciava o fim das suas atividades no Brasil

11/01/2022 às 15:17

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Taubaté, na região do Vale do Paraíba, no interior de São Paulo

Taubaté, na região do Vale do Paraíba, no interior de São Paulo | /Lucas Lacaz Ruiz/Folhapress

Há cerca de um ano, em 11 de janeiro de 2021, a fabricante de automóveis de origem norte-americana publicou a decisão de encerrar suas atividades no Brasil, o que implicaria no fechamento de três fábricas. Além de Taubaté, também foram finalizadas as linhas em Camaçari (BA) e Horizonte (CE).

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Dos quase 20 anos de linha de produção na indústria automobilística, o único hábito que ainda acompanha o engenheiro Vagner Montemor, 37, é a necessidade de rotina. Todos os dias, ele acorda, se arruma e sai para trabalhar, ainda que sua nova atividade permita o home office. 

"Sempre tive a rotina de ir até a empresa, então, eu mantive isso", diz. Há pouco mais de seis meses, Montemor virou day trader e trabalha com operações diárias de compra e venda de ações. 

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Um ano antes, ainda batia cartão diariamente na fábrica da avenida Charles Schnneider, em Taubaté (interior de São Paulo), onde desde a década de 1970 funcionava uma planta industrial da Ford. Nos últimos anos, aquela unidade fabricava motores e transmissões.  

Saída da Ford deixa rastro de desemprego e devasta economia de Camaçari (BA) Montemor e os cerca de 830 empregados da linha de Taubaté estavam em casa, em licença remunerada, no dia do anúncio. A certeza de que a fábrica seria fechada veio mesmo ao longo de conversas nos grupos de WhatsApp. 

Montemor integrou os primeiros grupos que aderiram ao plano de demissão fechado pela Ford em negociação com o Sindicato dos Metalúrgicos de Taubaté. O valor mínimo de indenização fixado foi de R$ 130 mil. 

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"Logo que o acordo foi anunciado, as áreas de suporte já podiam aderir. Só a manutenção ainda continuaria trabalhando. Achei melhor já sair do que ficar assistindo à fábrica ser desmontada", afirma. 

Agora, um ano depois do anúncio, Montemor diz que o tempo como metalúrgico ficou no passado. É hora de virar a página. "Por uns três meses, fiquei em casa digerindo a situação, não procurei nada. Com o tempo, descartei voltar para uma fábrica", afirma. 

Como ele, muitos dos ex-metalúrgicos da Ford disseram à reportagem que os anos de trabalho na fábrica são águas passadas. "Já não me sinto confortável em falar disso mais. Acabou, passou", disse um deles.
O prefeito José Saud (MDB) estava no cargo há uma semana quando a notícia do encerramento chegou.

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"Tínhamos acabado de assumir uma nova gestão e, para nossa infelicidade, recebemos a notícia do fechamento. Eram quase 1.500 empregos diretos e indiretos, ficamos muito apreensivos", diz o secretário Alexandre Ferri, de Desenvolvimento e Inovação. 

Para Ferri, o impacto do fechamento das vagas só não foi pior porque veio em momento de atividade econômica em baixa, com o setor de serviços -a base da economia no município, ao lado da indústria- ainda fechado. 

As cifras dos acordos fechados pela montadora com o Sindicato dos Metalúrgicos de Taubaté também ajudaram a conter o baque. Foi acertado o pagamento de salários adicionais e bonificações por ano de trabalho na fábrica para quem estava afastado pelo INSS. Os valores variaram de R$ 150 mil a R$ 300 mil. 

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A adesão ao plano era opcional. Quem não quis teve estabilidade até 31 de dezembro e pode ser demitido mediante indenização. 

"Começamos um trabalho para abrir vagas e ao menos melhorar o nível do emprego, ainda que os salários fossem menores", afirma o secretário de Desenvolvimento e Inovação. 

A Alstom, fornecedora de estrutura para o transporte ferroviário, expandiu a fábrica de Taubaté e abriu 750 vagas em outubro de 2021. Depois, em novembro, a Volkswagen anunciou um plano de investimentos de R$ 7 bilhões na América Latina, começando pela produção do Polo Track na fábrica da cidade. 

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"Em plena pandemia ainda conseguimos garantir a oferta de empregos e passamos a investir em diversificação, com mais atenção para turismo e agronegócio e em um hub de tecnologia e inovação que, sozinho, abriu 421 novos postos de trabalhado", diz Ferri. 

Segundo dados do Caged (Cadastro de Empregados e Desempregados) do Ministério do Trabalho e Previdência, Taubaté chegou a novembro de 2021 (dado mais recente disponível) com saldo positivo em vagas com a criação de 4.440 postos de trabalho. O pior momento do ano foi abril, quando 672 posições foram cortadas no município. 

A Ford diz, em nota, que tudo o que estava previsto no acordo com o Sindicato de Taubaté foi cumprido, e os desligamentos, concluídos em 2021. "Continuamos no processo de venda da fábrica e não temos nada relevante para anunciar no momento."

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