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Cotidiano

Animais estão morrendo no Pantanal por envenenamento com agrotóxico proibido no país desde 2017

A investigação começou em 15 de junho de 2021, quando a PF e o Ibama (Instituto Brasileiro de Recursos Naturais e Renováveis) foram acionadas pela equipe de veterinários do Instituto Reprocon (Reproduction 4 Conservation)

Jeferson Marques

29/05/2022 às 13:03  atualizado em 29/05/2022 às 14:42

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Onças encontradas mortas no Pantanal foram envenenadas por agrotóxico, conclui PF

Onças encontradas mortas no Pantanal foram envenenadas por agrotóxico, conclui PF | Pedro Nacib Jorge Neto/Instituto Reprocon

A PF (Polícia Federal) em Mato Grosso do Sul indiciou três pessoas, entre eles um produtor rural, pela morte de duas onças e outros 18 animais na região do Abobral, no Pantanal, em Corumbá. As carcaças foram encontradas em junho de 2021.

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No inquérito finalizado e remetido ao Ministério Público Federal, também foi anexado laudo pericial que atestou a presença de carbofurano, agrotóxico de venda proibida no Brasil desde 2017, no fígado de uma das onças.

A investigação começou em 15 de junho de 2021, quando a PF e o Ibama (Instituto Brasileiro de Recursos Naturais e Renováveis) foram acionadas pela equipe de veterinários do Instituto Reprocon (Reproduction 4 Conservation).

O instituto formado por pesquisadores trabalha na conservação de animais selvagens por meio de biotecnologias reprodutivas.

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Em maio de 2021, segundo o veterinário Pedro Nacib Jorge-Neto, os pesquisadores receberam o sinal de mortalidade da onça Sandro. O animal, um macho de quatro anos de idade, vinha sendo monitorado desde novembro de 2020 por meio do colar.

Devido aos custos da expedição, a equipe só pôde ir ao local em junho. A carcaça de Sandro foi encontrada na região do Abobral e, poucos metros adiante, outra onça foi achada, também morta. "Se fosse só uma onça morta, não chamaria atenção, mas dois animais, sem marca de briga, isso foi preocupante", lembrou. A outra onça, também macho, não era monitorada pelo grupo.

Por segurança, os veterinários saíram do local e acionaram a PF e o Ibama. Dois dias depois, nova expedição foi feita, desta vez, para guiar as equipes até o local. Com base nas informações extraídas do colar de Sandro, foi possível identificar os dois últimos pontos de alimentação do animal.

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Na trilha desse local, Jorge-Neto disse que foram encontrados outros animais mortos, também sem sinais aparentes de briga: urubus, carcarás, cachorros-do-mato e, por último, cabeças de gado. Foram 20 animais no total e a suspeita inicial era de envenenamento.

Jorge-Neto disse que a situação preocupou pecuaristas da região que alertaram sobre a prática de envenenamento de "iscas" para atrair as onças.

"O uso do carbofurano para envenenamento intencional de animais domésticos e selvagens tem sido frequentemente descrito em publicações científicas, como um dos praguicidas mais comuns para esse fim", apontou a PF ao divulgar o resultado do laudo que atestou a presença do agrotóxico nos animais.

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O papel da substância como determinante para as mortes, porém, ainda é considerado provável. "Não é possível afirmar categoricamente que a intoxicação por carbofurano foi a causa determinante da morte do animal", afirma a PF.

Um dos elementos que embasaram o indiciamento foi a apreensão do celular do arrendatário de uma fazenda, que mostra uma conversa que indica ele que estava ciente do envenenamento.

A PF não informou quem são os três indiciados, mas a reportagem apurou que se trata do produtor rural, de um funcionário dele e de uma terceira pessoa que auxiliou no crime.

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A reportagem também apurou que, além da conversa flagrada no celular do arrendatário, embalagens do agrotóxico foram encontradas na casa do funcionário indiciado.

Os três homens foram indiciados no artigo 29 da lei nº 9.605/98, que trata dos crimes ambientais. A pena base é de seis meses a um ano de prisão e multa.

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