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Cotidiano
Nova coordenadora nacional do MBL fala das crises enfrentadas pelo movimento, critica 'lacrações da esquerda' e revela que pretende resgatar o 'orgulho' de ser paulista
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Amanda Vettorazzo é coordenadora nacional do MBL | Ettore Chiereguini/Gazeta de S. Paulo
Nova coordenadora nacional do MBL, a gestora Amanda Vettorazzo diz que tudo o que aconteceu nos últimos meses – principalmente após as declarações sexistas de Arthur do Val sobre as mulheres ucranianas – não fez bem para a imagem do movimento, mas que a existência do grupo não foi abalada como os críticos chegaram a sugerir.
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“Muito se fala sobre um suposto fim do MBL, o tal do ‘derrete, MBL...’, mas parece que cada vez que falam que acabou, o MBL volta ainda mais forte. Nossas redes estão crescendo. Claro, tudo o que aconteceu neste ano não foi legal, tumultuou um pouco, mas quando a estrutura é sólida bate um vento e não derruba”, garante.
As declarações são dadas em entrevista à Gazeta na sede do MBL, em um conjunto de prédios comerciais com nome de cidades norte-americanas e canadenses na zona sul de São Paulo. De maneira animada, Amanda conta os novos desafios para o grupo daqui para frente e revela que o movimento pretende eleger, via União Brasil, quatro nomes para a Assembleia Legislativa de São Paulo (Alesp) nas eleições deste ano.
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Foto: Ettore Chiereguini/Gazeta de S. Paulo
Os nomes ligados ao MBL que vão concorrer para o cargo de deputado estadual são ela própria, Renato Batista, Guto Zacarias e Cristiano Beraldo. Kim Kataguiri e o vereador paulistano Rubinho Nunes vão buscar a Câmara dos Deputados.
“É aquilo que o Arthur disse [durante seu processo de cassação na Alesp]: 'Vocês vão cortar minha cabeça, mas vão nascer mais no lugar', afirma a pré-candidata.
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A escolha por uma mulher para coordenar o movimento foi providencial em um momento de acusações de machismo contra o MBL, mas ela já estava preparada para receber posições de mais destaque. No ano passado, por exemplo, ela coordenou o Locomotiva SP, um projeto do MBL pelo qual visitou quase 100 cidades paulistas para levar projetos e ideias liberais às Câmaras do Interior.
Amanda diz que uma de suas prioridades é resgatar o orgulho paulista, algo que, segundo ela, tem ficado um pouco de lado entre os viventes do Estado.
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“O paulista tem medo de ser meio arrogante, né? O baiano diz ‘sou baiano’, orgulhoso, o carioca diz ‘sou carioca’. Já o paulista tem esse medo, e somos a locomotiva do Brasil. Queremos resgatar esse espírito”, explica.
Ela revela que o MBL vai lançar um documentário alusivo à Revolução Constitucionalista de 1932, quando São Paulo se rebelou contra o poder central do Brasil e acabou derrotada pelas tropas de Getúlio Vargas. “Vai ser uma obra de arte, está incrível”, antecipa.
“Eu tenho até tatuado no braço o mapa de São Paulo”, completa, enquanto mostra o braço direito à reportagem.
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Foto: Ettore Chiereguini/Gazeta de S. Paulo
Nas redes
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Amanda mantém o estilo provocativo do MBL pelas redes sociais contra a esquerda, e, mais especificamente, contra as feministas. À Gazeta, ela diz que discorda de como o tema da mulher é tratado “pelos dois extremos” da esquerda e da direita.
“Tem um extremo que fala ‘não tem que se depilar’, que ‘a mulher pode sair com o peito de fora’, ‘pode abortar de qualquer jeito’. E tem outro extremo que fala que a mulher tem que ser submissa ao homem. Esses pequenos grupos não representam as mulheres que estão nesse meio, que são as mulheres que não são submissas, mas que entendem que têm que ser femininas”, conta.
Segundo ela, os homens costumam ser melhores em algumas coisas e as mulheres, em outras.
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“Por exemplo, o homem é mais pragmático, é mais forte. Às vezes preciso de uma pessoa para consertar algo, então peço para um rapaz aqui que me ajuda. Não vou tentar eu mesma martelar o chão porque não tenho força para isso. Mas foi a Amanda que pensou na florzinha ali no meio para a decoração, que pensou no cafezinho antes de vocês chegarem. Cada um é melhor para algo, se complementa”, acredita, apontando para um vaso na estante da sua sala.
“A mulher tem um senso protetor, um senso mais maternal, de cuidado. O homem tem outros instintos. Não há um melhor do que o outro, mas um completa o outro”.
‘Esquerdista de Iphone’
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Questionada se manter o estilo de provocar a esquerda falando de Iphones e de se mudar para Cuba, por exemplo, não está um pouco datado, ela responde:
“Se a esquerda parasse de falar certas coisas, a gente também pararia. Mas não tem como não falar nada quando tem um tuíte dizendo que os bilionários não deveriam existir. Então sou a obrigada [a responder]. Vem o Elon Musk aqui, faz uma série de coisas boas, e escrevem isso. Então a gente precisa mostrar a nossa verdade”, diz.
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Foto: Ettore Chiereguini/Gazeta de S. Paulo
Ela também critica a “cultura da lacração” e do cancelamento da esquerda. “Tudo o que se fala pode ser cancelado. Isso acaba privando a nossa liberdade de às vezes falar algo que você não teve a intenção de falar e gerar outra interpretação”.
“Hoje a criança precisa escrever ‘todes’ mas nem sabe escrever ‘todos’”, completa.
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Elogios a Arthur e Kim
Assim como todo o MBL, Amanda garante que não vai usar qualquer tostão do fundo eleitoral para sua pré-campanha à Alesp. Ela se candidatou nas últimas eleições ao cargo de vereadora na Capital, e diz que fez uma campanha com apenas R$ 5 mil. Não se elegeu, mas recebeu uma votação expressiva, com mais de 4 mil votos.
Ela conta que nas andanças por São Paulo adentro conseguiu ver como Arthur do Val e Kim Kataguiri são figuras populares.
“O Arthur e o Kim têm muitos fãs. As pessoas realmente falam que ambos mudaram suas vidas, que começaram a gostar de política por causa deles. Os dois ativaram um público jovem muito grande”.
Amanda sai em defesa de Kim, que se desculpou com a comunidade judaica após dizer ao Flow Podcast em fevereiro deste ano que a Alemanha errou ao criminalizar o nazismo.
“É óbvio que o Kim não defende o nazismo”, explica. Segundo Amanda, Kim é a pessoa mais inteligente que ela conheceu na vida.
Foto: Ettore Chiereguini/Gazeta de S. Paulo
Ela também defende Arthur do Val, que disse que as mulheres ucranianas “são fáceis porque são pobres”, apesar de reconhecer o erro do companheiro.
“Foi uma declaração infeliz, que não compactuo. Mas ele falou em um grupo privado, não fez apologia a isso. Não falou em um podcast igual ao Olim [o deputado estadual Delegado Olim] falando que a Isa Penna teve sorte [de ter sido assediada na Alesp]. Arthur falou aquilo num momento de euforia, errou e reconhece que errou. O Arthur foi muito digno de assumir o erro de primeira”.
Terceira via
Amanda revela que se sente meio “órfã” nas eleições presidenciais deste ano após a pretensa desistência do ex-juiz Sergio Moro em concorrer ao cargo máximo do País.
“Moro não é perfeito, mas estava alinhado com muita coisa que penso, eu estava feliz com ele. Agora falo que estou órfã em relação à terceira via”.
Segundo ela, Ciro “é tão coronel quanto o Bolsonaro, só que um coronel inteligente”, e não vê com entusiasmo a viabilidade de Simone Tebet.
Foto: Ettore Chiereguini/Gazeta de S. Paulo
“A Simone hoje é a escolhida, ontem era o [João] Doria, daqui a pouco aparece o [Eduardo] Leite, então não dá."
Já as maiores críticas, como era de se esperar, são dedicadas a Luiz Inácio Lula da Silva e a Jair Bolsonaro.
"O PT alimenta o Bolsonaro e o Bolsonaro alimenta o PT. Os dois ficam fazendo o joguinho com os brasileiros como se fosse uma peteca, um fica dando palco para o outro. O Bolsonaro conseguiu ser tão ruim que as pessoas estão preferindo o Lula. A nova ascensão do PT se deve a Bolsonaro. E ele não é um liberal. Nunca foi."
Ações sociais
A gestora conta que, agora, pretende que o movimento tenha mais atuação em questões sociais. Ela mesma construiu a parte física de uma ONG em Taboão da Serra, na Grande São Paulo, voltada às crianças em vulnerabilidade social, e auxilia outros projetos em prol de animais abandonados.
Foto: Ettore Chiereguini/Gazeta de S. Paulo
“A direita às vezes peca um pouco por não abordar as questões sociais. Elas estão entrelaçadas no nosso dia a dia, em todo o momento. É possível fazer mais para doação de cobertor, de roupa de frio, de alimentos. O MBL fez a maior ação que teve lá em Brumadinho. O meu desejo é instituir isso como uma rotina”.
“Às vezes ficamos com medo de parecer meio assistencialista, mas não é isso. O Estado tem que estar nessas áreas, no básico assim. Falta estado onde realmente precisa e sobra estado em outros lugares que não precisaria. Então meu objetivo é ajudar a mudar essa lógica”, finaliza.
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