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Cotidiano

Acidentes aéreos em série causam fobia e trauma na sociedade, diz psicóloga

Para especialista, quedas recorrentes se tornaram gatilhos para ansiedade e fobia de maneira generalizada; entenda

Bruno Hoffmann

10/02/2025 às 14:30

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Queda de avião em Ubatuba, no litoral norte de São Paulo

Queda de avião em Ubatuba, no litoral norte de São Paulo | Marisol Hoffmann

Nesta semana aconteceu mais um acidente aéreo no Brasil, desta vez, em plena zona oeste de São Paulo. Para a psicóloga e psicanalista Luciana Inocêncio, o impacto psicológico deste tipo de ocorrência é profundo para toda a sociedade.

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Ela é especialista em transtornos graves das psicoses, pelo Colégio de Psicoanalísis de Madrid (Espanha), especialista em psicologia hospitalar e em especialidades médicas, pela Universidade de São Paulo (USP), e em psicologia clínica e em teoria psicanalítica, pela Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC-SP).

Segundo Luciana, as quedas recorrentes de aviões e helicópteros se tornaram gatilhos para a ansiedade e a fobia, fazendo com que muitos procurem ajuda no consultório para driblar o medo de voar e cumprir agendas pessoais e profissionais.

Isso se chama, segundo ela, aerofobia. Um estudo recente da Cleveland Clinic, centro médico acadêmico norte-americano com sede em Ohio, mostra que só nos Estados Unidos 25 milhões de pessoas estão com medo de voar.

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Naquele país, 74 pessoas morreram em dois acidentes aéreos ocorridos neste ano, em Washington e na Filadélfia. No Brasil, em pouco mais de um mês de 2025, houve o registro de 22 acidentes aéreos, com 10 mortes.

Para que a fobia não se agrave, a psicóloga sugere acompanhamento clínico.

“A natureza inesperada e catastrófica deste tipo de evento desencadeia um sem-número de reações emocionais. Seja o sujeito vítima ou não, ele pode desenvolver aerofobia. Para se ter ideia, se a angústia for muito intensa, a pessoa chega ao ponto de acreditar que estará no próximo acidente”, observou Luciana.

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Ela já atuou no atendimento a vítimas e a sobreviventes de casos de grande repercussão, como o massacre da Escola Estadual Raul Brasil, em Suzano, a guerra entre Israel e Palestina e a enchente no Rio Grande do Sul.

Supervalorização do perigo

A profissional destacou ainda que o bombardeamento midiático e a exposição repetitiva a imagens impactantes ativam o sistema de alerta do cérebro, que, por sua vez, associa a experiência de um voo, que até então era considerada normal, a um perigo iminente.

A pessoa, então, passa a superestimar a probabilidade de novos desastres, apesar da aviação ser comprovadamente um dos meios de locomoção mais seguros que existem.

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A isso, a psicologia chama de “hipervigilância” ou “hiperatenção ao risco” e de “heurística da disponibilidade” quando eventos de grande impacto emocional são percebidos como mais frequentes do que realmente são.

“2024 já não foi fácil para a aviação. Muitos acidentes ocorreram. Mas, neste ano, o pouco espaço de tempo entre um desastre e outro mexe com a mente humana e pode desencadear o que chamamos de “ansiedade antecipatória”, destacou Luciana.

“Pessoas que precisam viajar de avião, a passeio ou a trabalho, apresentam sintomas muito antes do horário do embarque, como insônia, sudorese e crises de pânico. É uma agonia sem fim”, completou.

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Dependendo do grau do pavor de só se pensar em subir num avião, em caso de não reversão do quadro e de desistência sistêmica em voar, o cidadão pode, também, sofrer com frustração e isolamento.

Luto dos sobreviventes

Para os sobreviventes de um acidente aéreo, o impacto emocional pode ser avassalador, de acordo com Luciana.

“Muitos desenvolvem o que chamamos de TEPT, o Transtorno do Estresse Pós-Traumático, caracterizado por flashbacks, hipervigilância e pesadelos recorrentes”, disse.

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“Não podemos nos esquecer, ainda, da 'culpa do sobrevivente'. É um sentimento de culpa com direito a sofrimento psíquico intenso desencadeado, em regra, quando há perda de outras vidas. E tudo isso se torna ainda pior quando há ausência de corpo de vítimas para as últimas homenagens e enterro”, afirmou.

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