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Cotidiano
Na mediana, analistas consultados pela agência Bloomberg projetavam alta de 0,6%
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Inflação desacelera para 0,47% em maio de 2022 | Marcello Casal Jr/Agência Brasil
A inflação oficial do Brasil, medida pelo IPCA (Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo), desacelerou para 0,47% em maio, informou nesta quinta-feira (9) o IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística).
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A variação veio abaixo das expectativas do mercado financeiro. Na mediana, analistas consultados pela agência Bloomberg projetavam alta de 0,6%.
Em abril, mês imediatamente anterior, o IPCA havia subido 1,06%, maior variação para o mês desde 1996.
Com a entrada dos novos dados, a inflação chegou a 11,73% no acumulado de 12 meses até maio. Nessa base de comparação, a alta havia sido de 12,13% até abril.
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OITO GRUPOS TÊM ALTA NO MÊS
Oito dos nove grupos de produtos e serviços pesquisados tiveram avanço de preços em maio. A maior variação veio do ramo de vestuário. A alta foi de 2,11%, com 0,09 ponto percentual de contribuição no IPCA mensal.
O maior impacto entre os grupos (0,30 ponto percentual) veio do segmento de transportes, que subiu 1,34%, menos do que em abril (1,91%).
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No caso dos transportes, a alta foi puxada pelas passagens aéreas, que aceleraram para 18,33% em maio. A alta em abril havia sido de 9,48%.
As passagens aéreas responderam pelo maior impacto positivo individual no IPCA do mês (0,08 ponto percentual), ao lado de produtos farmacêuticos, que subiram 2,51% e registraram a mesma contribuição (0,08 ponto percentual). Os produtos farmacêuticos fazem parte do grupo saúde e cuidados pessoais, que avançou 1,01%.
"Vale fazer uma ressalva de que a coleta das passagens aéreas é feita dois meses antes. Neste caso, os preços das passagens aéreas foram coletados em março para viagens que seriam realizadas em maio", afirma o gerente do IPCA, Pedro Kislanov.
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"A alta deve-se a dois fatores: elevação dos custos devido ao aumento nos preços dos combustíveis e pressão de demanda, com o aumento do consumo, após um período de demanda reprimida por serviços, especialmente aqueles prestados às famílias. Isso impacta, também, alimentação fora do domicílio e itens de cuidados pessoais", acrescenta.
No caso dos produtos farmacêuticos, foi autorizado em abril um reajuste de até 10,89% no preço dos medicamentos. Esse reajuste pode ter sido aplicado pelos varejistas de forma gradual, segundo o IBGE.
O grupo de alimentos e bebidas desacelerou após fortes pressões no começo do ano. A alta foi de 0,48% em maio, após variação de 2,06% em abril.
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O único grupo a apresentar queda de preços no mês passado foi habitação (-1,70%), contribuindo com um impacto de -0,26 ponto percentual no IPCA do mês.
DISPARADA AO LONGO DA PANDEMIA
A escalada da inflação ganhou forma ao longo da pandemia devido a uma combinação de fatores.
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Entre eles, estão a escassez de insumos, a alta dos preços de alimentos e energia com o clima adverso e o avanço do dólar em meio a turbulências políticas do país.
No primeiro semestre deste ano, houve o impacto adicional da Guerra da Ucrânia. O conflito provocou aumento do petróleo e de commodities agrícolas no mercado internacional, o que pressiona preços de combustíveis e comida no Brasil.
Para tentar conter o IPCA, o BC (Banco Central) vem aumentando os juros, o que dificulta o consumo das famílias e encarece os investimentos produtivos de empresas.
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O IPCA está em dois dígitos no acumulado de 12 meses desde setembro do ano passado. Assim, caminha para estourar a meta de inflação perseguida pelo BC pelo segundo ano consecutivo.
Em 2022, o centro da medida de referência é de 3,50%. O teto é de 5%.
PREOCUPAÇÃO PARA O GOVERNO
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Com a proximidade das eleições, a escalada da inflação virou dor de cabeça para o presidente Jair Bolsonaro (PL).
A carestia dos combustíveis e alimentos é vista por membros da campanha de Bolsonaro como principal obstáculo para a reeleição.
O presidente, incomodado com a situação, anunciou na segunda-feira (6) um pacote de medidas para tentar reduzir o preço dos combustíveis. As iniciativas valeriam até o fim do ano, mas despertam incertezas em relação ao impacto fiscal e dependem da aprovação do Congresso Nacional.
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Em um cenário de juros maiores, economistas avaliam que a inflação tende a desacelerar no acumulado de 12 meses até dezembro. Contudo, a perspectiva ainda é de IPCA alto.
Não à toa, as estimativas de inflação vêm sendo revisadas para cima nos últimos meses. Na mediana, o mercado financeiro projeta IPCA de 8,89% até dezembro, de acordo com a edição mais recente do boletim Focus, divulgada na segunda-feira pelo BC.
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