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Cotidiano
Vereador quer barrar construção do Parque Minhocão e defende que estrutura seja desmontada Por Bruno Hoffmann De São Paulo
05/10/2019 às 12:33
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A construção de um parque em parte do Elevado Presidente João Goulart, o Minhocão, é uma das bandeiras do prefeito Bruno Covas (PSDB). A obra, porém, é contestada por diversos vereadores e entidades da sociedade civil. Uma das vozes contra a proposta é a do vereador Caio Miranda Carneiro (PSB), 37 anos, que, apesar de estar no Partido Socialista Brasileiro (PSB), se define como “um liberal na economia e também nos costumes”.
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O advogado formado pela Faculdade de Direito do Largo de São Francisco havia entrado com uma ação no Ministério Público, que entendera que a obra é inconstitucional, o que paralisou a sua construção até esta semana, quando o Tribunal de Justiça de São Paulo derrubou a liminar.
Nesta entrevista, ele explica por que, em sua visão, a opção pelo desmonte do Minhocão é a melhor. O vereador também elogia Covas, diz que o prefeito herdou “um abacaxi” da gestão anterior, e afirma: “Se ele abrir mão dessa ideia fixa do Parque do Minhocão ficará mais fácil para que eu possa apoiá-lo”.
Gazeta de S. Paulo - Como está a questão legal do Parque Minhocão?
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Caio Miranda - Normalmente, a prefeitura não precisa de autorização para fazer um parque, pode fazer por decreto sem depender da Câmara. Neste caso específico, porém, como é um parque que está previsto no plano diretor, e esse plano diz que uma lei específica deverá definir se o Minhocão será totalmente ou parcialmente parque ou se haverá o desmonte, a prefeitura é obrigada a enviar uma lei para a Câmara para definir o que será feito. A lei do parque foi de iniciativa de vereadores, aprovada em 2017, e que teve sanção do prefeito [João] Doria, com o veto do desmonte, e eu que sou defensor do desmonte me vi obrigado a questionar a lei.
GSP - De que forma?
CM - Representei essa lei no Ministério Público dizendo que ela é ilegal, e o Ministério Público entrou com uma ação direta de inconstitucionalidade. O pedido de liminar pede que seja imediatamente suspensa. Um agravo suspendeu nesta semana a liminar, então a lei continua valendo até que corra o julgamento e saia uma sentença.
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GSP - O sr. diz que a população não participou devidamente da discussão da criação do parque. Como seria essa participação?
CM - Defendo um plebiscito. Seria a forma mais democrática, porque não é só quem mora no entorno [que é impactado], não é só quem anda com carro. Todo mundo tem que estar consciente que, além do investimento para fazer o parque, tem o investimento para mantê-lo depois. E se for para desmontar também tem investimentos de requalificação, e tudo isso é dinheiro público.
GSP - Em qual opção o sr. votaria em caso de plebiscito?
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CM - Sem dúvida pelo desmonte. É necessário explicar para a população que o Minhocão não desafoga o trânsito, que isso é um fake news. Ele desafoga para uma minoria que cruza de Perdizes para o centro, e fora do horário de pico. No horário de pico, trava. É possível requalificar aquele lugar com o desmonte, e então criar um boulevard com uma ciclovia legal, tipo a da [avenida Engenheiro Luís Carlos] Berrini, arborizada no meio, com corredor. E ainda existem três praças na região que estão soterradas: a Marechal Deodoro, Santa Cecília e o Largo do Arouche, que está desconectado. Se desmontar, se arboriza pelo chão e conecta com ciclovias, e a cidade ainda ganha um espaço novo.
GSP - Por que Covas faz questão de fazer o parque, mesmo que, na sua visão, atropele algumas normas?
CM - Bruno Covas herdou um abacaxi. Ele assumiu com a lei sancionada, com o veto do desmonte, então já estava com o processo em curso. Eu acho que até estou o ajudando ao judicializar e barrar a lei, tirando dele um erro crasso. O Doria, creio, estava focado com uma recuperação de curto prazo, porque criar essa atmosfera de parque valoriza os imóveis em um curto prazo, e permite a especulação. Mas num médio prazo é péssimo.
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GSP - Não é importante ter mais um parque na região?
CM - Isso também é uma mentira. Como falei, tem Marechal Deodoro e Santa Cecília, que hoje não são usados, tem o Parque da Água Branca, Parque da Luz, Praça Princesa Isabel, Praça Roosevelt, Praça da República, Largo do Paissandu, Parque Augusta, que ainda vai sair, entre outros. Tem várias áreas que poderiam ser recuperadas que hoje estão uma porcaria. Vamos criar mais um sendo que tem várias ali que não são usadas e mantidas?
GSP - Qual a sua avaliação da gestão Covas?
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CM - O Bruno é um cara preparado. Já foi deputado estadual, federal, secretário. É um cara inteligentíssimo, economista, advogado. Acredito que o Bruno herdou uma situação difícil, porque o Doria é um cara ascendente, forte, e foi eleito governador. O Bruno tem que conciliar também, por vezes, uma visão do Doria. Não é uma prefeitura dele ainda. Eu o vejo com um potencial maior do que ele tem conseguido mostrar, mas torço para que ele consiga. Ele é um quadro jovem que tem futuro. Se abrir mão dessa ideia fixa do Parque do Minhocão, ficará mais fácil para que eu possa apoiá-lo. Se não a gente vai brigar nesse ponto, republicanamente.
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