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Cotidiano

Saiba como se previnir da 'doença do pombo' que matou duas pessoas em Santos

Uma delas, a criptococose, é transmitida por fungos escondidos nas fezes das aves, e matou duas pessoas em Santos, no litoral de São Paulo Por Vanessa Zampronho De São Paulo

17/08/2019 às 18:35  atualizado em 19/08/2019 às 17:03

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Dor de cabeça persistente, alterações na visão, febre, fraqueza, náuseas. Esses são alguns dos sintomas da criptococose, conhecida como “doença do pombo”, que podem se confundir com os de uma gripe forte, mas são os sinais de alerta da doença. Em Santos, no litoral paulista, por exemplo, o cinegrafista Mauro Sérgio Senhorães, de 43 anos, e o empresário José Wilson de Souza, de 56, apresentaram sintomas semelhantes há mais ou menos quatro meses. Eles receberam atendimento em hospitais da cidade. Mas o diagnóstico não foi imediato, os sintomas pioraram e, depois de quatro meses, os pacientes não resistiram.

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A criptococose é transmitida por dois fungos, o Cryptococcus neoformans e o Cryptococcus gattii. Eles aparecem em madeiras apodrecidas, como o eucalipto, e também vivem naturalmente nos pombos. “O pombo pode nascer com o fungo, a mãe também passa para os filhotes. Faz parte do hábitat dele, já que a ave adquire por meio do que come e por onde transita”, alerta a infectologista Socorro Correa, diretora da Sociedade Brasileira de Infectologia.

Segundo Correa, embora as variantes neoformans e gattii sejam transmitidas pelo pombo e estejam presentes em madeiras em decomposição, há diferenças entre elas. “O Cryptococcus gattii é mais agressivo, e acomete mais as pessoas imunocompetentes, que não têm uma doença de base. Já o neoformans atinge os pacientes imunosuprimidos, que tenham uma doença de base, como o HIV, ou alguma doença que tire um pouco do seu equilíbrio imunológico”, explica.

Como os pombos são hospedeiros do fungo, ou seja, eles somente o carregam, os animais não desenvolvem a doença. Já nos humanos, estes fungos são agentes infecciosos, e causam os sintomas que, se não forem tratados em tempo, causam sequelas graves e até a morte. “O fungo pode causar meningite, meningo-encefalite, que são muito graves. Quando não mata, deixa sequelas grandes, como cegueira e distúrbios do sistema nervoso central”, adverte.

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De acordo com Correa, que é especialista em criptococose, os primeiros sintomas podem aparecer em até três semanas depois do contágio. O diagnóstico precisa ser feito com antecedência: no pronto-socorro, o médico pode solicitar um exame de avaliação do líquor (líquido cefalorraquidiano, o LCR), que é obtido por meio de uma punção na coluna lombar.

Uma vez conirmada a presença do fungo, o tratamento é feito em ambiente hospitalar, e pode levar um tempo bastante longo. “O paciente precisa ficar internado, com a prescrição de antifúngicos por via endovenosa, e depois precisa tratar de forma ambulatorial por um período maior”, explicou Correa.

A criptococose pode atingir pessoas que estejam com o sistema imunológico em dia ou em pacientes imunosuprimidos, como os portadores de HIV. Por isso o cuidado tanto em manter a saúde em dia quanto o contato com os pombos ou árvores apodrecidas. No Brasil, a criptococose não é de notiicação obrigatória. Ou seja: os casos confirmados da doença não são necessariamente notificados às secretarias de saúde, e assim não se sabe quantas pessoas a adquiriram. “Devemos ficar alerta e ter cuidado, porque a doença pode ser transmitida de uma forma muito maior do que se imagina. Os pombos transmitem muito mais daquilo que podemos imaginar”, conclui.

Como se prevenir

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Além de evitar o contato com árvores apodrecidas, especialmente eucaliptos, o Ministério da Saúde recomenda o controle populacional dos pombos, visto que eles são um dos transmissores da criptococose. Veja abaixo algumas ações:

- Limpar e fechar as caixas de ar-condicionado;
- Retirar os ninhos e ovos dos pombos;
- Vedar buracos ou vãos nas paredes;
- Não deixar restos de alimentos em locais de fácil acesso, ou rações de cães e gatos;
- Utilizar materiais de segurança, como máscaras e luvas, para limpar áreas onde os pombos transitam;
- Manter o lixo bem fechado.

Outras doenças transmitidas pelo pombo

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A criptococose é a principal doença transmitida pelo pombo, mas a ave também é vetor para outras enfermidades:

1. Salmonelose
Causada por uma bactéria, e causa dores de cabeça, nos músculos, febre, diarreia.

2. Histoplamose
Transmitida por fungos que provocam febre, tosse seca, dores no peito e juntas.

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3. Ornitose
Trazida por uma bactéria, e provoca cansaço, dor de cabeça, perda de apetite, tosse e febre.

arte pombos


*Com informações do Ministério da Saúde

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