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Cotidiano
O presidente atual ocupa o segundo lugar na corrida eleitoral deste ano, com 28% no primeiro turno
24/06/2022 às 09:07 atualizado em 24/06/2022 às 09:11
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Jair Bolsonaro | Sergio Lima/AFP
A pouco mais de três meses das eleições em que tenta ser reconduzido ao cargo, o presidente Jair Bolsonaro (PL) permanece sem a credibilidade plena da maioria dos brasileiros, segundo o Datafolha. Uma parcela de 53% da população diz nunca confiar nas declarações do mandatário.
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O percentual oscilou dentro da margem de erro na comparação com a pesquisa de maio, quando essa opinião era compartilhada por 56%. A taxa dos que acreditam nele às vezes também ficou estável (de 26% para 29% agora), assim como a dos que creem sempre (17% em ambas); 1% não opinou nas duas.
O Datafolha ouviu 2.556 eleitores em 181 cidades nesta quarta-feira (22) e quinta (23). A margem de erro da pesquisa, contratada pela Folha e registrada no Tribunal Superior Eleitoral sob o número 09088/2022, é de dois pontos para mais ou menos.
Bolsonaro, que ocupa o segundo lugar na corrida eleitoral deste ano (com 28% no primeiro turno), possui a maior rejeição entre os candidatos ao Palácio do Planalto: 55% dos brasileiros dizem que não votam nele de jeito nenhum. O líder da corrida é o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), com 47%.
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A desconfiança nas declarações do chefe do Executivo dispara entre a parcela que vê sua gestão como ruim ou péssima, avaliação feita por 47% da população. Dentro desse grupo, chega a 91% o índice dos que jamais acreditam nas falas do mandatário, e ninguém (0%) confia sempre.
O descrédito perante os discursos do presidente, por outro lado, perde força entre seus apoiadores mais fiéis e estratos da sociedade que têm dado a ele os melhores índices de intenção de voto -o que reforça a percepção de que Bolsonaro é um governante com tendência a dialogar com nichos.
A crença total nele é superior numericamente, por exemplo, entre pessoas com renda familiar mensal de cinco a dez salários mínimos (32%), empresários (31%), homens (23%), evangélicos (25%), brancos (21%) e moradores do Centro-Oeste (21%).
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Quando cruzada a taxa de credibilidade com a intenção de voto, é interessante observar que, mesmo entre os eleitores que declaram voto em Bolsonaro, 43% só creem nas afirmações dele esporadicamente e 3% jamais confiam. A maioria (53%), no entanto, acredita sempre.
O grosso (80%) dos eleitores de Lula têm confiança nula no atual presidente, ao passo que 17% confiam às vezes e 2% respondem sempre confiar.
Ao longo do mandato, iniciado em 2019, Bolsonaro já chegou a registrar um percentual de 60% de desconfiança plena sobre suas declarações, em dezembro de 2021. O melhor desempenho foi em agosto de 2020, quando a taxa dos que diziam acreditar completamente nele bateu 22%.
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A trajetória de Bolsonaro no poder é marcada por uma série de afirmações mentirosas e distorcidas, que contribuíram para o ceticismo da população. Além disso, ele já fez guinadas radicais de discurso –como ao defender sua aliança com o outrora abominado centrão– e se contradisse várias vezes.
Nesta quinta-feira (23), por exemplo, ele se justificou sobre a afirmação feita em março de que botaria a "cara no fogo" pelo ex-ministro da Educação Milton Ribeiro, que foi preso nesta semana sob suspeita de participação em um esquema de corrupção no MEC envolvendo pastores.
O presidente disse que exagerou ao fazer a declaração e, ensaiando um novo tom sobre o episódio espinhoso, afirmou botar "a mão no fogo" pelo ex-auxiliar, apenas um dia depois de ele mesmo ter jogado Ribeiro na fogueira ao falar que o investigado deveria responder "pelos atos dele".
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Outro exemplo recente de contradição foi sua fala em maio de que mal conhece Daniel Silveira (PTB-RJ), deputado bolsonarista a quem concedeu um indulto após condenação pelo STF (Supremo Tribunal Federal). O mandatário chegou a receber Silveira em um evento no Planalto na época do perdão.
O arsenal de afirmações infundadas de Bolsonaro se concentra nos últimos meses na deslegitimação do sistema eleitoral e do Judiciário, no que é considerado uma estratégia golpista para tumultuar o pleito de outubro e, com a ajuda de apoiadores radicais, contestar o resultado caso seja derrotado.
Por causa da suspeita de espalhar notícias falsas sobre o sistema de votação e as urnas eletrônicas, ele é alvo de investigações da Polícia Federal e do TSE (Tribunal Superior Eleitoral).
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Bolsonaro também está na mira de inquérito da PF pela ilação de que vacinas contra a Covid-19 estariam relacionadas à transmissão do HIV, o que é desmentido por cientistas e médicos. A afirmação se somou a outros episódios de desinformação perpetrados por ele contra a imunização.
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