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Cotidiano
Pouco antes de invadirem a escola estadual Raul Brasil, um dos ex-alunos executou o próprio tio em uma loja da cidade; após os crimes a dupla teria se suicidado Por Matheus Herbert De São Paulo
14/03/2019 às 14:36 atualizado em 14/03/2019 às 15:28
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Dois ex-alunos da escola estadual Raul Brasil, em Suzano, identificados como G.T.M., de 17 anos e L.H. de C., de 25 anos, invadiram a unidade de ensino e mataram sete pessoas na manhã desta quarta-feira (13). Entre as vítimas estão cinco alunos do ensino médio e dois funcionários. Após os crimes, os dois assassinos teriam cometido suicídio. A motivação dos crimes ainda é investigada.
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Antes de cometerem o massacre na escola estadual, G.T. atirou e matou o tio, J.A. de M. dentro de uma loja de veículos que fica a cerca de 500 metros da escola. J.A. de M. foi levado ao Hospital das Clínicas na Capital, onde foi submetido a uma cirurgia, mas morreu em decorrência dos ferimentos.
Após executar o tio, GT.M. se juntou com L.H. de C. e seguiram de carro para a escola onde foram efetuados os outros disparos. A Polícia Civil investiga se o carro foi roubado da concessionária do tio de Guilherme ou se era alugado.
Um vídeo feito por câmera de segurança mostra o momento em que os dois criminosos chegam à unidade de ensino, pouco antes das 10h. G.T.M. e L.H. de C. estavam em um carro branco, estacionaram em frente ao portão do colégio e entraram pela porta da frente, que já estava aberta. A mesma câmera mostra, minutos depois, muitos alunos fugindo.
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Dentro da unidade foram executadas as funcionárias M.F.V.U. (coordenadora pedagógica) e E.R. de O.X. e os alunos, P.H.R., C.A.R. S.M.S. de O., D.M.C. e C.O..
Em entrevista coletiva na tarde de ontem, o coronel Marcelo Salles, comandante-geral da PM disse que os assassinos abordaram primeiro as funcionárias da escola. "Eles ingressaram na escola, atiraram na coordenadora pedagógica, atiraram numa outra funcionária. Estava na hora do lanche, eles se dirigiram ao pátio, atiraram em mais quatro alunos do ensino médio", disse.
"Nesse horário, só havia alunos do ensino médio, e [os assassinos] dirigiram-se ao centro de línguas. Os alunos do centro de línguas se fecharam na sala com a professora e eles [os autores do ataque] se suicidaram no corredor", complementou o coronel.
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Após os crimes, dentro da escola foi encontrado: um revólver 38, quatro jet luders (que são plásticos para recarregamento de arma), uma besta (um tipo de arco e flecha que dispara na horizontal), um arco e flecha tradicional, garrafas que aparentavam ser coquetéis molotov e uma mala com fios. Um dos autores do ataque também tinha uma espécie de machado na cintura.
Além das sete mortes e os dois suicídios na escola, outros alunos feridos foram socorridos. De acordo com o último balanço da Secretaria de Segurança Pública do Estado de São Paulo, os alunos A.C. de B., A.B., A.C. de B., B.G., G.R., J.S.C., L.V.S., L.M.N., M.G.L.B. e S.S.F. foram levados para hospitais da região de Mogi. As idades também não foram divulgadas.
Raul Brasil
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A escola tem cerca de 1 mil alunos matriculados e 105 funcionários, segundo dados do Censo Escolar de 2017. A escola oferece turmas do 6º ano do ensino fundamental à 3ª série do Ensino Médio
Investigação
A polícia investiga a forma como morreram os dois jovens que invadiram a escola estadual. Após as execuções os dois atiradores teriam se deparado com três policiais militares, com escudos. Já em relação aos motivos que levaram as execuções, essas ainda são desconhecidas.
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Inicialmente, a polícia havia dito que os dois invasores se suicidaram. Agora, o secretário de Segurança Pública cogita a hipótese de que um dos invasores tenha atirado no outro ao se deparar com os PMs e depois se matado.
"Nenhuma hipótese é afastada. O que se sabe é o seguinte. O sargento da Força Tática estava a 10 metros deles. Eles viram o sargento Camargo, a cabo Ariana e o cabo Diniz indo de encontro a eles. Aí, ele escutou dois disparos. Um, possivelmente, teria sido eliminado. E esse que eliminou teria se suicidado", disse o secretário João Camilo Pires de Campos.
“Foi desesperador”, relata professor de escola
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A gente se sente impotente vendo colegas caindo sangrando sem poder fazer nada”, diz o professor P. da S., 60, que estava na escola estadual Prof. Raul Brasil.
“Foi desesperador”, lembra o professor que atuava junto à coordenação pedagógica desde 2017 após um período afastado da rede por problemas de depressão.
“Os alunos estavam indo para o pátio, e eu para a sala dos professores, quando o barulho começou. Quando vi que era tiro, corri para a sala e gritei para todo mundo: ‘entra, entra!’”, relata. A essa altura, conta, ele já sabia que a coordenadora pedagógica M.F.V.U., 59, sua parceira de trabalho, havia sido atingida.
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“Fechamos a porta com um armário até o barulho de tiro passar, e eu fiquei na janela”, lembra. Ele conta que muitos ligavam para a polícia, mas se desesperavam com o sistema eletrônico de resposta do telefonema. Oito minutos depois, porém, os agentes chegaram ao local.
“Quando vi a polícia chegando, saí para ver se podia ajudar, mas as vítimas já estavam em óbito”, diz. Segundo ele, muitos alunos estavam desesperados, haviam perdido o celular e não conseguiam ligar para a casa. Em pânico, alguns não lembravam o número de casa para avisar os pais.
“O sentimento de impotência é enorme”, repetia.
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*Com informações da Folhapress
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