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Cotidiano
Em 2016, o Brasil registrou 11.433 mortes por suicídio, o equivalente a 31 casos por dia, representando um aumento de 2,3% em relação ao ano anterior Por Folhapress
20/09/2018 às 22:30
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O Brasil registrou 11.433 mortes por suicídio em 2016, o equivalente a 31 casos por dia. Os dados, que representam um aumento de 2,3% em relação ao ano anterior, fazem parte do novo boletim epidemiológico do Ministério da Saúde que foi divulgado nesta quinta-feira (20).
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O governo, porém, estima que o número real de casos seja maior devido à subnotificação nos registros. "Estimamos um subdiagnóstico de 20% de mortes por suicídio. Temos ainda mortes que são classificadas como de intenção não determinada, e não sabemos se foi um acidente ou uma tentativa de suicídio que levou à morte", afirma a diretora de vigilância de doenças e agravos não transmissíveis, Fátima Marinho.
Essa é a segunda vez que os dados nacionais sobre suicídio são divulgados pelo Ministério da Saúde. A primeira foi em 2017, quando foram registrados 11.178 casos no país. O objetivo é alertar para a necessidade de discutir o problema e alternativas de prevenção.
Em 2016, a taxa de mortalidade por suicídio no Brasil foi 5,8 casos a cada 100 mil habitantes. Para comparação, em 2007, esse índice era de 4,9 mortes a cada 100 mil habitantes - um aumento de 17%.
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"É um importante problema de saúde pública, não só no Brasil como no mundo. E temos visto um aumento, o que traz a necessidade de discutir o tema e os vários determinantes que levam ao sofrimento na população", afirma a diretora.
Ela lembra que a taxa de mortalidade tem sido maior entre homens, grupo que apresentou crescimento de 28% na taxa de mortalidade em dez anos. Atualmente, a taxa de mortalidade entre esse grupo é de 9,2 casos a cada 100 mil habitantes. Já entre as mulheres, a taxa é de 2,4 a cada 100 mil habitantes. Quando observadas as tentativas de suicídio, mulheres são maioria.
Segundo Marinho, a pasta pretende aprofundar os estudos sobre fatores de risco. Entre alguns deles, estão o desemprego e casos de violência contra as mulheres.
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INTOXICAÇÕES
Dados de boletim epidemiológico da pasta com dados dos últimos dez anos também alertam para a necessidade de novas medidas de prevenção. Nesse período, cerca de metade das tentativas de suicídio no país foram por intoxicações exógenas, como envenenamento, abuso de substâncias e outros meios.
O aumento nessas ocorrências preocupa autoridades de saúde. Em 2016, ano dos dados mais recentes, foram 36.279 tentativas de suicídio por intoxicação. No ano anterior, eram 27.072.
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As regiões com maior número de ocorrências foram o Sudeste, com 49% dos casos, seguido do Sul, com 25,1%, região que também concentra a maior taxa de suicídios do país. Entre as tentativas de suicídio por intoxicação, 70% eram de mulheres, a maioria jovens.
Por outro lado, dados mostram que a letalidade é maior entre homens - 4,7% daqueles que tentaram suicídio por intoxicação foram à morte. Entre as mulheres, esse índice é de 1,7%. De acordo com o ministério, a diferença pode estar associada ao agente utilizado.
Em geral, os homens são maioria quando observados os casos de intoxicação por agrotóxicos e outros venenos, por exemplo. Para Marinho, os dados evidenciam a necessidade do governo adotar novas medidas de controle destas substâncias.
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Em média, o Brasil registra 12 mil internações por ano por intoxicação intencional, com custo estimado de R$ 3 milhões ao ano. Com o mesmo valor, seria possível custear o funcionamento de oito Caps (centros de atenção psicossocial). "Temos que olhar mais para a intoxicação exógena.
Acreditamos que podemos tomar novas medidas [para evitar esses casos]", afirma Marinho.
Entre as ações em análise, está a possibilidade de editar uma norma, em conjunto com a Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária), para adoção de embalagens maiores para alguns desses produtos.
"Uma das possibilidades é aumentar o tamanho das embalagens para que ela fique mais cara e difícil de carregar", diz a diretora, que estima subnotificação de 40% nos casos de intoxicação por agrotóxicos.
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Sergipe, Ceará e Goiás são os estados com maiores taxas de suicídio por intoxicação exógena. Também chama a atenção o aumento na mortalidade por suicídio em alguns estados, como Amazonas, Rondônia, Alagoas, Maranhão e Piauí.
Segundo o coordenador de saúde mental do ministério, Quirino Cordeiro, a pasta deve lançar em outubro um edital público para novas pesquisas sobre determinantes do suicídio. Também há previsão de aumentar o número de Caps e de redes de atenção psicossocial nestes locais, informa.
No último ano, 109 Caps foram habilitados no país, segundo a pasta. O governo também pretende aumentar o número de leitos em hospitais gerais. Questionado, Cordeiro diz que ainda não há uma meta prevista, mas que o número atual é "insuficiente".
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Desde julho deste ano, as ligações para o CVV (Centro de Valorização da Vida), que atua na prevenção ao suicídio, passaram a ser gratuitas. O serviço está disponível por meio do telefone 188 de forma gratuita. Todas as ligações são sigilosas.
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