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O levantamento revelou que mais de 5% da população brasileira pode se identificar como assexual | Tânia Rego/Agência Brasil
Um estudo inédito revelou que o número de pessoas que se considera não-heterossexual no Brasil é de cerca de 19 milhões, o que corresponde a 12% da população. Tendo como base dados do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), o levantamento cobriu não apenas o tema de sexualidade, mas também de gênero e foi conduzido pela USP (Universidade de São Paulo) e pela Unesp (Universidade Estadual Julio de Mesquita Filho).
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A pesquisa é pioneira do tipo na América Latina e tem, entre os diferenciais, o fato de que os entrevistados não foram perguntados sobre com qual orientação se identificaram (gay, lésbica ou outros), mas sim se em algum momento já sentiram atração por pessoa do mesmo gênero, por exemplo.
Segundo o psiquiatra Giancarlo Spizzirri, da Faculdade de Medicina da USP e autor principal do artigo, esta é a primeira vez que um levantamento do tipo é realizado em um país latino-americano.
Além disso, o estudo mapeou a autoidentificação dos entrevistados quanto ao seu gênero. A inovação também se deu no fato de que os respondentes também poderiam responder se nunca sentiram atração sexual na vida, indicando a proporção de pessoas assexuais na população brasileira.
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Resultados surpreendentes sobre assexualidade
Até mesmo os pesquisadores se impressionaram ao verificar que 5,76% dos brasileiros podem ser considerados assexuais (pessoas que não sentem, total ou parcialmente, atração sexual).
Entretanto, Spizzirri destacou que não é possível afirmar que todas essas pessoas são, de fato, assexuais. Esta população de cerca de 9,5 milhões (dados de 2018) demanda um olhar mais detalhado, segundo Spizzirri, autor principal.
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As mulheres representam a maioria das pessoas consideradas assexuais pelo estudo, e correspondem a 93,5% do grupo. Porém, o levantamento também apontou que, em 82,3% dos casos, mulheres assexuais informaram já ter sentido atração sexual. Já 1,1% dos entrevistados, entre homens e mulheres, apontaram nunca ter sentido atração sexual.
Pessoas transgênero e não-binário
O estudo ressalta a importância de considerar a diversidade de gênero na população brasileira. Em seu último censo sobre diversidade realizado em 2019 e divulgado em maio deste ano, o IBGE perguntou apenas se as pessoas se consideravam homossexuais ou bissexuais, mas não as perguntou sobre sua identidade de gênero, parâmetro que envolve identidades como pessoas trans e pessoas não-binárias.
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Neste novo levantamento, foi identificado que 2,12% dos brasileiros se identificam como bissexuais; gays representam 1,37% da população nacional. As lésbicas, 0,93%.
No que tange ao aspecto de gênero, 0,68% dos entrevistados afirmou se considerar transgênero (pessoas que não se identificam com o gênero que lhe foi atribuido ao nascer) e 1,18% se considera não-binário (pessoas que não se identificam com nenhum dos dois gêneros "mais citados", a saber, homem e mulher).
Metodologia inovadora
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Termos como gay e lésbica foram não foram incluídos nas pesquisas deste estudo. “Muitas pessoas têm dificuldade de assumir que são homossexuais. Existem pessoas que nem sabem o que é esse termo. Além disso, há também a questão do comportamento. A pessoa pode se comportar de uma determinada maneira e não se identificar com o termo que designa esta categoria”, comenta Spizzirri.
Para contornar esses problemas, o questionário apresentou perguntas que fugiam da utilização desses termos. Ao tratar da sexualidade, os entrevistadores perguntavam apenas “Você sente atração sexual por”, e o entrevistado podia escolher entre as respostas “homens”, “mulheres”, “homens e mulheres”, “homens e às vezes mulheres”, “mulheres e às vezes homens” ou “não sinto atração sexual”. O mesmo foi feito para perguntas sobre identidade de gênero. A partir da questão “Qual destas opções melhor descreve como você se sente” o entrevistador realizava uma série de perguntas para determinar a identidade de gênero do entrevistado, sem a necessidade de usar palavras como “transgênero” ou “não-binário”.
Foram entrevistadas 6.000 pessoas maiores de idade, em 129 cidades, espalhadas nas cinco regiões do Brasil. Os questionários foram realizados pela equipe do Instituto Datafolha, entre novembro e dezembro de 2018. O estudo foi publicado, na íntegra, na revista científica Nature Scientific Reports.
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