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Cotidiano

102 piscinas olímpicas de água tratada são perdidas por dia em SP

Vazamentos nas redes de distribuição e 'gatos' são os grandes causadores do desperdício

Diogo Mesquita

30/06/2024 às 13:00

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São Paulo desperdiça diariamente o equivalente a 102 piscinas olímpicas de água tratada

São Paulo desperdiça diariamente o equivalente a 102 piscinas olímpicas de água tratada | Adriano Vizoni/Folhapress

A cidade de São Paulo desperdiça diariamente o equivalente a 102 piscinas olímpicas de água tratada. Literalmente, é água limpa (e cara) que deixa de chegar às torneiras. Isso significa que 30,07% do líquido saudável e cristalino que sai das estações de tratamento acaba se perdendo pelo caminho, em vazamentos e “gatos”.

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Enquanto isso, 81 mil paulistanos não têm acesso à água potável por falta de redes de abastecimento. Cálculos do Instituto Trata Brasil revelados na segunda-feira (17) com exclusividade para o Gazeta de São Paulo mostram que esse volume desperdiçado seria capaz de matar a sede de 257 mil pessoas.

No total, as perdas somam 93 bilhões de litros a cada 12 meses na maior metrópole do hemisfério sul, segundo os últimos dados disponíveis no Sistema Nacional de Informações sobre Saneamento (SNIS), ano-base de 2022, publicado pelo Ministério das Cidades. Isso representa quase 10% de toda a capacidade dos cinco reservatórios que compõem o Sistema Cantareira.

Ainda assim, o 16º Ranking do Saneamento Básico publicado em março pelo Trata Brasil e pela consultoria GO Associados mostra que 99,29% dos paulistanos já são atendidos com água potável. E isso confere à cidade o ‘selo’ de universalização no fornecimento do líquido, conforme os parâmetros do Novo Marco Legal do Saneamento Básico, meta da universalização que está prevista para ser alcançada em nível nacional apenas para 2033.

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Mesmo atingindo antecipadamente o objetivo, no quesito fornecimento de água tratada a capital perde para as paulistas Santo André, Osasco e São José do Rio Preto, as cariocas Nova Iguaçu e Niterói, da mineira Uberlândia, e das capitais João Pessoa, Cuiabá, Curitiba e Belo Horizonte.

Orçamento irrisório

Em termos de desperdício, São Paulo é menos eficiente que cidades com orçamentos infinitamente inferiores.

Na capital, a perda é superior à registrada em cidades como Suzano, Santos, Campinas, São José do Rio Preto e Limeira. São Paulo perde até para a pernambucana Caruaru, para as cariocas Nova Iguaçu e Petrópolis, para a mineira Uberlândia, e para as capitais Goiânia e Campo Grande.

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A meta estabelecida no Marco Legal é reduzir as perdas a no máximo 25% até 2034. E a Portaria 490/21 do Governo Federal estabelece que os municípios que não atingirem esse objetivo podem ser punidos com a perda de verbas federais.

Dentre as 27 capitais, somente Goiânia–GO e Campo Grande–MS apresentaram índices de perdas menores que 25%, com 17,27% e 19,8%, respectivamente. “Temos menos de 10 anos para cumprir o compromisso de universalização do saneamento que o País assumiu para com os seus cidadãos. Neste ano, de eleições municipais, é preciso trazer o saneamento para o centro das discussões”, resume Luana Siewert Pretto, presidente-executiva do Instituto Trata Brasil.

Já a média estadual mostra perdas de 34,09%, o que coloca São Paulo na quinta posição, atrás de estados mais eficientes, como Goiás, Rio de Janeiro, Mato Grosso do Sul e do Distrito Federal.

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E esse desperdício também tem impacto ambiental, provocando uma pressão excessiva sobre as fontes de abastecimento do recurso hídrico. Isso porque, para atender à demanda, as empresas de saneamento captam dos rios mais água do que efetivamente chega à população.

Volume desperdiçado seria capaz de matar a sede de 257 mil pessoasVolume desperdiçado seria capaz de matar a sede de 257 mil pessoas    Nithin/Pexels

Economia de R$ 41 bilhões

No total, o País desperdiça por ano o equivalente a sete vezes o volume de água armazenado em todo o Sistema Cantareira. E, na média Brasil, 37,78% da água tratada se perde no caminho entre as estações de tratamento e o consumidor final. Cálculo do Trata Brasil e da GO Associados apontam que a redução de perdas de água para 25% resultaria em ganhos de R$ 40,9 bilhões até 2034.

As perdas acontecem, basicamente, por três motivos: vazamentos, erros na leitura dos relógios e ligações clandestinas, os famosos “gatos”. Considerando apenas as perdas por vazamentos, o volume seria suficiente para abastecer durante três anos todos os 18 milhões de brasileiros que vivem em favelas.

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O Brasil obteve a 78ª posição dentre 139 nações analisadas no quesito desperdício de água potável. O País ficou atrás da China, com 20,54%; da Rússia, com 26,59%; e da África do Sul, com 33,73%. Dentre as maiores economias do mundo, o Brasil só ficou à frente da Índia, cujo último levantamento, feito em 2009, apontou 41,27% de perdas na água potável.

Trata Brasil

O Instituto Trata Brasil (ITB) é uma Organização da Sociedade Civil de Interesse Público (OSCIP) que surgiu em 2007 com foco nos avanços do saneamento básico e na proteção dos recursos hídricos do País. O ITB produz estudos, pesquisas e projetos sociais visando conscientizar o cidadão e, ao mesmo tempo, pressionar pela solução nos três níveis de governo.

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