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É razoável dizer para uma pessoa com fome que ela vai ter que esperar a inflação estabilizar, o dólar cair ou a relação dívida/PIB melhorar para que ela possa comer?
19/11/2024 às 20:10
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Combater a fome é responsabilidade de todos e dever do Estado | Polina Tankilevitch/Pexels
Quem afirma que é preciso esperar o bolo crescer para dividi-lo, certamente não é um dos milhões de seres humanos que ainda passa fome no mundo, mas ao contrário, faz parte de uma seleta casta para quem nunca nada falta.
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Ainda que vivam numa condição confortável, estas pessoas são refratárias ao dever Constitucional do Estado em garantir direitos fundamentais, entre os quais o direito a vida.
Quando o governo encampa políticas sociais, por exemplo, são os primeiros a defender seu fim para que a economia, leia-se os seus privilégios, não seja abalada.
É razoável dizer para uma pessoa com fome que ela vai ter que esperar a inflação estabilizar, o dólar cair ou a relação dívida/PIB melhorar para que ela possa comer? Será que este seleto grupo de pessoas que defende o corte nos programas sociais paga devidamente ou equitativamente seus tributos? Será que abriria mão das gordas isenções que suas empresas, ou o setor em que atuam, recebem do Estado? É evidente que não.
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Parece que estas pessoas não se importam se a população faz 1, 2, 3 refeições por dia ou se não come nada, desde que não dispute o orçamento público com os seus negócios particulares. Acontece que combater a fome é responsabilidade de todos e dever do Estado.
“A fome não é uma coisa natural, ela existe por uma decisão política”, afirmou o presidente Lula durante a reunião do G20, no Rio de Janeiro, quando foi lançada a Aliança Global Contra a Fome - uma iniciativa do governo brasileiro para acelerar os esforços globais de erradicação da fome e da extrema pobreza.
Assinada por 82 países e mais de 50 organizações nacionais e internacionais, a Aliança tem como meta erradicar a fome no mundo até 2030.
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"Os símbolos máximos da nossa tragédia coletiva são a fome e a pobreza. Em um mundo que produz quase 6 bilhões de toneladas de alimentos por ano, isso é inadmissível”, lembrou o presidente do Brasil.
Ainda que pareça uma meta ousada, não podemos nos esquecer de que o G20 concentra 85% do PIB, 75% do comércio de bens e serviços e pelo menos 2/3 da população mundial.
Todas as reuniões e a articulação para a criação da Aliança Global Contra a fome representam uma grande vitória da diplomacia brasileira, mas sobretudo, se as metas forem alcançadas, para toda a humanidade.
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