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Nilson Regalado

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Ventos que trouxeram Cabral e Martim Afonso vão promover nova revolução na Pindorama

Os mesmos ventos que trouxeram as caravelas portuguesas até a 'Ilha de Vera Cruz' e descortinaram ao mundo "a terra em que se plantando tudo dá" agora podem dobrar a capacidade de geração de energia

12/05/2023 às 14:34  atualizado em 12/05/2023 às 15:09

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Com projetos capazes de gerar 178 gigawatts de eletricidade limpa e renovável protocolados, à espera de licenciamento no Ibama, as usinas eólicas offshore esbarram, porém, na letargia do Congresso Nacional

Com projetos capazes de gerar 178 gigawatts de eletricidade limpa e renovável protocolados, à espera de licenciamento no Ibama, as usinas eólicas offshore esbarram, porém, na letargia do Congresso Nacional | Berlionemore_contributor no Freepik

Os mesmos ventos que trouxeram as caravelas portuguesas até a 'Ilha de Vera Cruz' 523 anos atrás e descortinaram ao mundo "a terra em que se plantando tudo dá" agora podem dobrar a capacidade de geração de energia do Brasil. E sem derrubar uma árvore sequer, sem represar nenhum rio ou profanar as terras de povos ancestrais. Com projetos capazes de gerar 178 gigawatts de eletricidade limpa e renovável protocolados, à espera de licenciamento no Ibama, as usinas eólicas offshore esbarram, porém, na letargia do Congresso Nacional. O tema está em discussão desde 2018 na Câmara e no Senado...

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E essa preguiça cívica de deputados e senadores breca investimentos bilionários, freia a criação de milhares de empregos e retarda a transição para uma matriz energética menos poluente, portanto mais amiga das próximas gerações.

Em resumo: a demora na definição das 'regras do jogo' retarda o crescimento do País em um setor fundamental para o ganho de competitividade da indústria nacional e para a redução na conta de luz dos brasileiros.

Atualmente, três projetos tramitam nas Casas Legislativas, em Brasília. No ano passado, o Governo Federal até tentou legislar sobre o tema através de decreto...

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O que está em jogo é o modelo de cessão das áreas no mar, que pertencem à União. As alternativas são mediante leilão de áreas pré-delimitadas pelo governo ou através da concessão a partir de solicitação formal por parte das companhias interessadas.

Também está em jogo a fórmula de partilha dos recursos arrecadados com a exploração dessa riqueza natural entre Governo Federal, estados e municípios. Tecnologias, competitividade e eficiência dos interessados são critérios em análise. Discute-se, ainda a eventual contratação compulsória das usinas offshore por parte da União para dar segurança aos investidores.

Apesar das incertezas quanto ao marco regulatório, "hoje, existe apetite muito grande das companhias para esses investimentos", resumiu Fernanda Delgado, diretora-executiva do Instituto Brasileiro de Petróleo e Gás, em webinar promovido pela Fundação Getúlio Vargas no final de abril.

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Com ganho socioambiental incalculável, a energia gerada a partir dos ventos que sopram no mar ampliaria a participação das fontes renováveis na matriz energética brasileira. Hoje, 45% dessa matriz é renovável, graças ao etanol, ao biodiesel, às hidrelétricas e ao avanço da energia solar. E isso aconteceria em um momento histórico de transição energética global rumo a 2050, quando o mundo projeta zerar as emissões líquidas de carbono na atmosfera.

No início deste mês, o Massachussets Institute of Technology (MIT) reuniu os maiores especialistas do mundo em eólicas offshore. E o gigantismo do setor ficou evidente. Enquanto uma turbina terrestre, como as que já estão em funcionamento no Nordeste do Brasil, gera aproximadamente 3 megawatts de energia, cada estrutura offshore pode produzir até 17 megawatts, utilizando pás do comprimento de um campo de futebol em torres de milhares de toneladas.

E essa transição energética é tratada pelo governo Joe Biden como uma cruzada "tão importante para a humanidade como a erradicação do nazismo e a chegada do homem à lua". O objetivo é evitar uma catástrofe climática com o aumento descontrolado da temperatura da Terra causado pela queima de combustíveis fósseis, como o petróleo.

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Mas, no caso das usinas offshore, será preciso compartilhar interesses da indústria pesqueira e garantir a proteção de mamíferos marinhos e aves migratórias. A construção das plataformas, flutuantes ou fixas, exigirá infraestrutura portuária, barcos especializados e uma grande força de trabalho qualificada para montagem e transmissão.

Cabos subaquáticos conectarão os 'moinhos de vento' ao continente, pagando royalties aos municípios por onde esses cabos passarão até chegar à estação de distribuição. Nesse contexto, engenheiros, especialistas em arquitetura naval e cientistas da computração serão extremamente valorizados pelo mercado.

"Esta é uma oportunidade única de criar uma nova indústria. Porque, se não o fizermos, podemos não ter um planeta adequado para humanos", disse Alla Weinstein, CEO da Trident Winds Inc, durante o evento no MIT. O encontro reuniu especialistas das maiores universidades do mundo e executivos de gigantes como Shell e Ford.

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Até o momento, os Estados Unidos possuem apenas sete turbinas em operação no mar, enquanto a Dinamarca possui 6.200 e o Reino Unido 2.600. A capacidade atual de energia offshore da Europa é de 30 gigawatts. Esse volume é a meta dos EUA para 2030.

A União Européia quer 400 gigawatts de energia eólica offshore até 2050, objetivo que se tornou ainda mais urgente devido às ameaças à segurança energética decorrentes da guerra na Ucrânia.

Aqui, o grupo de transição formado por Lula após a vitória em 2022 enfatizou a necessidade de diversificação nos negócios da Petrobras, considerada um player fundamental na gênese das usinas eólicas offshore por conta da tecnologia que a estatal desenvolveu nas últimas décadas com a exploração de pétróleo em águas profundas.

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Filosofia do campo:
"Quando os ventos de mudança sopram, uns levantam barreiras. Outros, constroem moinhos de vento...", Érico Veríssimo (1905/1975), escritor gaúcho, in O Tempo e o Vento.

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