O treinador é sempre o primeiro a cair quando os resultados não aparecem, mas nem sempre é o mais valorizado quando as vitórias em sequência chegam ao clube. Abel Ferreira é a prova de que um técnico com tempo de trabalho e boa identificação com clube e elenco dá um retorno bem positivo.

Abel Ferreira

Na última rodada, o empate contra o Santos demonstrou mais uma parcela da relevância do trabalho do português. Desde a chegada da comissão técnica ao Verdão, eram nove clássicos contra o Santos, com oito vitórias e um empate, com aproveitamento de 92,5%. Sem Abel, suspenso pelo terceiro amarelo, o time sentiu falta do jeito explosivo do treinador, das alterações que sempre dão certo, e fez um jogo sem criatividade, um 0 a 0 sem graça de se assistir.

Abel é a personificação da hegemonia palmeirense nos últimos anos. Volto a repetir: merece e deveria ser o novo treinador da seleção brasileira.

Odair Hellmann

O técnico santista é criticado por parte da torcida, mas um fato não é possível negar: ele faz o time ser competitivo. Claro que há um contraste: o DNA do Peixe é ofensivo, e o do Odair é de um time mais reativo, priorizando a força na defesa. Jogando assim, o Santos nao deve passar sustos na luta contra o Z-4 mas, resta para a torcida definir se isso é o suficiente. Meio de tabela e longe do risco de rebaixamento é o bastante, ou a torcida acredita que com esse elenco atual o time pode ir além e brigar no pelotão de cima? Bem, é de se refletir.

Comparando com anos passados, o clube ao menos dá mais trabalho para os adversários e fez um jogo muito bom taticamente contra o Palmeiras. Mérito do treinador.

Dorival Júnior

Há um texto já analisando as mudanças que Dorival fez no São Paulo. Menos cruzamentos, mais triangulações, um time mais organizado de modo geral. Dorival montou um time mais efetivo, que sabe sofrer e quando tem a gente, marca os gols que determinam o resultado. Contra o Vasco, foi um jogo equilibrado na maior parte, mas na hora decisiva da partida o time do Barbieri abusou de cruzamentos na área, enquanto o do Dorival msotrou repertório e letalidade: vitória por 4 a 2 para deixar o recado de que o São Paulo é um time em evolução.

A vitória na ida da Copa do Brasil deve deixar o ambiente ainda mais leve para o Tricolor definir qual será seu foco entre as três competições deste ano.

Vanderlei Luxemburgo

Coisas do futebol. A melhor atuação do Corinthians pós-Paulistão foi em uma derrota para o Flamengo no Maracanã. O placar de 1 a 0 é o que mais vale no futebol, afinal são três pontos para o Rubro-Negro e o Timão segue na zona de rebaixamento. Porém, pela primeira vez, houve realmente algo para que o corintiano se animasse: o time jogou bem. Criou, procurou jogo, teve até mais chances de gols que o Flamengo. Se a fase do Yuri Alberto não fosse tenebrosa... O caminho é esse, falta agora marcar os gols e voltar a vencer.

Luxemburgo é muito bom para reformular elenco. Vai dispensar quem já estiver com o ciclo encerrado e vai mudar as caras do elenco. Resta esperar para sabermos se será o bastante de evitar um vexame na temporada

Apoio a Vinícius Júnior

Sei que não é diretamente relacionado ao tema da coluna, mas é meu dever aproveitar o espaço desta coluna para comentar o crime que foi novamente cometido contra o brasileiro Vinícius Júnior. Novamente, o ponta do Madrid e um dos melhores jogadores do mundo, foi alvo de ataques covardes da torcida adversária, que com cânticos de "macaco" cometem o crime de racismo que parece não ter a importância que deveria para a La Liga.

O brasileiro foi perfeito na sua declaração: o campeonato que já foi de Ronaldinho, Messi e Cristiano Ronaldo, hoje é do racismo. Segundo informação da própria La Liga já é o oitavo caso racista contra o atleta. O presidente da liga espanhola soltou uma nota vergonhosa, em que invés de criticar os atos racistas, atacou Vini Jr. O craque novamente deu uma resposta irretocável: "não sou seu amigo para falar de racismo com você" e afirmou que quer medidas cabíveis, e não uma reunião.

Hoje, Vinícius é o jogador mais habilidoso em toda a Espanha, é quem traz publicidade, audiência, é quem carrega a La Liga nas costas. Sem Vini, a liga cairia no ostracismo de um período de "luto" após a saída de Messi e CR7, e seria tão relevante quanto uma "Ligue One" ou "Bundesliga", ligas francesa e alemã, respectivamente. Se a Espanha continua com a liga nos holofotes, é graças ao Real Madrid, principalmente graças a Vinícius José Paixão de Oliveira Júnior. 

Muitos jogadores pretos atuam na liga espanhola, incluindo no próprio Real Madrid. Alaba, Rudiger, Militão, Camavinga, Tchouaméni, entre outros, todos craques que poderiam ser alvos pelo mesmo motivo criminoso de Vini: a cor da pele.

Parabéns aos clubes e atletas que se manifestaram em apoio ao camisa 20 do Real Madrid, esta deve ser uma luta conjunta.

A verdade é que ninguém tem capacidade de frear o sucesso do talento brasileiro, todos invejam sua incrível capacidade de dribles e gols decisivos, todos queriam estar no lugar dele, mas Vinícius Júnior é um só. E se a La Liga não reconhece isso e nao faz o mínimo para proteger um jogador de casos racistas, está na hora de outra liga ter a honra de ter o brasileiro como atleta.