Em pleno período eleitoral o governo federal dribla as regras do jogo com aumento de gastos públicos, derivados de uma proposta de emenda constitucional, já aprovada no Senado Federal e com certeza passará sem óbices pela câmara dos deputados. Tudo ocorrendo às vésperas das eleições.

É um grande pacote de benefícios, que na verdade são importantes para a nação em momento de alta carestia. Trata do aumento do Auxílio Brasil, de R$ 400 para R$ 600 mensais e ampliação do cadastro de 1,6 milhão de novas famílias. Para a base do governo Bolsonaro, no caso os caminhoneiros, há uma espécie de "voucher" de R$ 1 mil (custo estimado, para encher parcialmente um tanque de diesel). Nessa esteira, tem-se o auxílio-gás, o transporte gratuito de idosos em todo o território nacional, o auxílio para taxistas e créditos tributários para o usineiros.

Reforça-se que há interesse público nas medidas. O outro lado da moeda da PEC dos Benefícios, está o projeto político do presidente Jair Bolsonaro (PL), que não anda bem nas pesquisas e necessita melhorar seu desempenho, na sua base, e nas classes mais vulneráveis, em tese, o Auxílio Brasil faria esse papel.

Lula vem liderando a intenção de votos há semanas, tendo resultado acima de 40% de aceitação no primeiro turno, já Bolsonaro não tem passado na média de 30% em todos os órgãos de pesquisa. É uma diferença tecnicamente alta, pois será difícil uma migração de votos no segundo turno para o atual presidente, dessa forma, a alcunhada PEC kamikaze é um último tiro para o período de campanha, que tem início já no próximo mês.

A polarização está mais que consolidada, não havendo espaço para uma terceira via, exceto uma surpresa de última hora. O jogo começou com alguns dribles, mas teremos um só vencedor e que seja respeitada sua vitória.