A Assembleia Legislativa de São Paulo (Alesp) pode votar a qualquer momento um projeto de lei que prevê um aumento de 50% nos salários do governador eleito Tarcísio de Freitas (Republicanos) e do vice Felício Ramuth (PSD). Com a proposta, que segue em regime de urgência na Casa, o salário de Tarcísio passaria de R$ 24 mil para R$ 35 mil. Só dois deputados votaram contra a urgência do tema: Janaína Paschoal (PRTB) e Ricardo Mellão (Novo). Segundo Mellão, a proposta não é justa por causa do momento econômico do País e pela inflação acumulada desde o último reajuste, em março 2019, ter sido de apenas 24%. Ele também disse temer o efeito cascata que essa medida provocaria. "Com a aprovação, outros cargos do alto escalão do funcionalismo também receberiam esse aumento, gerando um custo milionário aos cofres de São Paulo", lamentou. Já Tarcísio afirmou, em nota, que acatará o que for definido pelo Poder Legislativo.

Jabuti na Câmara

A Câmara Municipal de São Paulo aprovou nesta semana a regulamentação das dark kitchens em primeiro turno, só que foi criticada por incluir um "jabuti" na proposta. O texto continha uma artigo para permitir o aumento do ruído em áreas classificadas como zonas de ocupação especial da cidade, o que beneficiaria, por exemplo, o Allianz Parque, estádio do Palmeiras e palco também de grandes shows musicais. "É inaceitável que uma medida que pode impactar a qualidade de vida de milhares de paulistanos seja aprovada sem um debate qualificado, sem escutar a sociedade e especialistas", disse o vereador Toninho Vespoli (PSOL), à coluna.

A caminho da Justiça

Vespoli promete ir à Justiça caso o projeto seja aprovado de forma definitiva, já que, segundo ele, a medida não se baseou em estudos pedidos pelo Ministério Público e ainda pode ferir a Lei de Zoneamento, já que a permissão de decibéis é definida pelas regiões da Capital. "Caso esse projeto seja aprovado do jeito que está em segunda discussão e vire lei, vou acionar a Justiça por meio de uma Ação Direta de Inconstitucionalidade", prometeu o vereador.

Dark kitchens

Cris Monteiro, vereadora do Novo na Capital, também criticou o jabuti. "Incluir neste PL a questão dos decibéis me incomoda muito", disse ela, em contato com a coluna. Além disso, a parlamentar também se disse receosa sobre a aprovação do texto principal, sobre as dark kitchens, como são chamadas as cozinhas industriais dedicadas a preparar alimentos somente para entrega em domicílio. "Sou liberal, a favor do empreendedorismo e da geração de emprego e renda, mas também sou a favor que os cidadãos tenham tranquilidade em suas casas. Não podemos manter do jeito que está funcionando", explicou a vereadora.

O que é 'jabuti'

Na política, o termo jabuti é usado quando um projeto de lei sobre uma proposta contém um artigo relacionado a um outro tema, para "aproveitar a carona" do projeto principal e ser aprovado com menos, ou nenhuma, discussão pública. O termo vem de uma frase atribuída ao ex-deputado federal Ulysses Guimarães, que dizia que "jabuti não sobe em árvore. Se está lá, ou foi enchente ou foi mão de gente".

Bancada da Bala

Várias organizações de segurança pública participaram nesta semana em Brasília de uma série de encontros com deputados federais eleitos da chamada "Bancada da Bala". A intenção, segundo os organizadores, foi a de realizar uma troca de ideias para o setor no Brasil. "Este encontro entra para a história como uma demonstração de união das forças de segurança do País”, disse Raquel Gallinati, presidente do Sindicato dos Delegados de Polícia do Estado de São Paulo (Sindpesp). “Os deputados eleitos e reeleitos precisam saber sobre as necessidades e as expectativas do segmento", completou Rodolfo Laterza, presidente da Associação dos Delegados de Polícia do Brasil (Adepol).