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Cotidiano

Memória: alojamento provisório foi o início de Heliópolis

Maior favela de São Paulo, Heliópolis tem cerca de 220 mil habitantes vivendo em 1 milhão de m²

Gladys Magalhães

22/12/2021 às 12:35

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Maior favela do estado de São Paulo, Heliópolis tem cerca de 
220 mil habitantes vivendo em 1 milhão de metros quadrados

Maior favela do estado de São Paulo, Heliópolis tem cerca de 220 mil habitantes vivendo em 1 milhão de metros quadrados | /Rovena rosa/agencia estado

Fundada há cerca de 50 anos, Heliópolis tem números grandiosos, que lhe conferem o título de maior favela de São Paulo, com estimados 220 mil habitantes, vivendo em 1 milhão de m².

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“Heliópolis é dividida em 14 glebas, denominadas por letras pela Secretaria da Habitação. Mas, nós, moradores, identificamos por alguns nomes: Núcleo Pilões, Morro do Piolho, Paquistão, Copa Rio etc.”, explica José Marcelo da Silva, presidente da Ação Comunitária Nova Heliópolis.

Os primeiros registros da área, localizada no distrito do Sacomã, zona sudoeste de São Paulo, datam de 7 de agosto de 1890, quando a Condessa de Álvares Penteado e seu marido adquiriram as terras, denominadas Moinho Velho, que, décadas depois, se transformariam em Heliópolis.

Segundo historiadores, após a morte do marido, a Condessa pediu o arruamento do território e, na mesma época, por volta de 1923, a família Álvares Penteado teria construído 36 casas, que formaram o Residencial Vila Heliópolis. As casas foram erguidas para locação e deram início a ocupação do loteamento.

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Em 1927, contudo, a Lei 3.084 autoriza a Prefeitura a receber da Condessa as ruas que retalham o imóvel e dar outras providências. Em 1942, o local foi repassado ao Instituto de Aposentadoria e Pensões dos Industriários (IAPI), que deveria construir ali casas para os seus associados, o que não aconteceu.

Anos mais tarde, já em 1966, com a unificação de diversos institutos no Instituto Nacional de Previdência Social (INSS), as terras foram para o Instituto de Administração Financeira da Previdência e Assistência Social (IAPAS), que ocupou uma parte da propriedade e vendeu outras. Entre os compradores, estava a Petrobras, que, por sua vez, em 1976, por meio de permuta, transmitiu uma série de pequenas glebas a Raul Diederichsein. Neste período, também foram vendidas as casas que faziam parte do antigo Residencial Vila Heliópolis.

Em 1969, o IAPAS construiu o Hospital Heliópolis, que, a princípio, atendia associados do INPS. No mesmo período, também foi construído o Posto de Assistência Médica – PAM, com alcance regional. Uma parte do terreno ainda foi desapropriado pelo Estado para a Sabesp.

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Macaque in the trees
Entrada dos alojamentos provisórios , que originaram Heliópolis - Arquivo Ação Comunitária Nova Heliópolis

Enfim, Heliópolis
Em meados de 1971, a Prefeitura de São Paulo construiu na região alojamentos provisórios para receber 153 famílias de áreas ocupadas na favela de Vila Prudente e Vergueiro, com a intenção de fazer vias públicas. Hoje, segundo José Marcelo, fica ali o Viaduto Grande São Paulo.

Foi nesta época que o presidente da Ação Comunitária Nova Heliópolis chegou à região. “Não tínhamos nada, água e luz eram precárias. Nos barracos só moravam famílias, não eram permitidos solteiros. Tudo era coletivo. Banheiros eram coletivos, lavar roupas era coletivo”, lembra ele.

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O alojamento, que era para ser provisório, acabou se tornando permanente e muitas outras famílias, especialmente migrantes da região Nordeste, bem como antigos trabalhadores que atuaram na construção do Hospital e do PAM, passaram a construir e morar nos arredores.

Macaque in the trees
José Marcelo da Silva, presidente da Ação Comunitária Nova Heliópolis, foi um dos primeiros moradores da região - Arquivo Pessoal

Explosão demográfica
Os primeiros anos de Heliópolis não foram fáceis. Diversas tentativas de retirar as famílias da região, bem como a ação de grileiros foram responsáveis por vários conflitos.

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As crises econômicas das décadas de 1980 e 1990 levaram a uma explosão demográfica na favela, onde, até então, não era permitido comércio nos barracos. Com o aumento da população, entretanto, começam a surgir os primeiros estabelecimentos, dois deles em funcionamento até hoje, como a mercearia do Zé Badu e o bar do senhor Lúcio.

Segundo dados da Secretaria Municipal de Habitação de São Paulo, em 2016, 83% dos domicílios de Heliópolis possuíam abastecimento de água, 62% contavam com rede de esgoto, 94% com energia elétrica e a renda per capita da região correspondia a 52% de um salário mínimo.

Perguntado sobre os fatos marcantes da história de Heliópolis, José respondeu: “Para mim, as lutas para que nenhuma família fosse despejada. Os embates com o poder público para que ficássemos aqui. Também destaco as conquistas culturais e na área de educação, com a construção de escolas dentro e no entorno da comunidade (...). Hoje, temos conquistas vinculadas a todas as lideranças que deram sangue e suor e muito amor para que Heliópolis fique cada vez melhor para a nossa população. Melhor qualidade de vida a todos é nosso lema.”

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