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Cotidiano

Casos de dengue triplicam em SP e já chegam a 7,2 mil neste ano

Segundo dados da Secretaria Municipal de Saúde, até o dia 16 de novembro foram 7,2 mil casos em comparação com cerca de 2 mil em 2020

08/12/2021 às 10:48

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Em 2019, a doença teve uma situação ainda mais alarmante, com quase 17 mil casos confirmados de dengue e três mortes

Em 2019, a doença teve uma situação ainda mais alarmante, com quase 17 mil casos confirmados de dengue e três mortes | /Agência Brasil

Os casos confirmados de dengue tiveram aumento expressivo na cidade de São Paulo em 2021 e o total de registros já é três vezes maior do que toda a soma de casos do ano passado. Segundo dados da Secretaria Municipal de Saúde, até o dia 16 de novembro foram 7,2 mil casos em comparação com cerca de 2 mil em 2020.

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"O número de 2020 todo representa 28% do total de 2021. Trata-se de um aumento importante em relação ao ano anterior. Temos proximidade com a Baixada Santista, e a alta do fluxo de viagens traz mais risco para a capital", explica Melissa Palmieri, médica da Vigilância Epidemiológica da Secretaria Municipal de Saúde.

Em 2019, a doença teve uma situação ainda mais alarmante, com quase 17 mil casos confirmados de dengue e três mortes. Em 2020 foi registrado um óbito pela e, neste ano, até o momento, nenhuma morte foi identificada. O texto conta com informações do R7.

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Outro fator que alerta os especialistas é o aumento dos casos de chikungunya, doença que também pode ser transmitida pelo mosquito Aedes aegypti, o mesmo transmissor da dengue. São notificações de casos importados (aqueles vindos de outras cidades) e autóctones (natural da região).

"Em 2019 foram 46 casos importados e dois autóctones; em 2020, 17 importados e um autóctone; e, neste ano, já são 79 importados e 63 autóctones. É raro o mosquito transmitir dengue e chikungunya ao mesmo tempo, mas é possível", diz a médica.

"Estava horrível viver"

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Paulistas relatam as dificuldades enfrentadas após a infecção por dengue vividas por eles e suas famílias. É o caso de Camilla Jorge que tem 30 anos, é jornalista e hoje mora em Ribeirão Preto, no interior de São Paulo. Ela foi picada pelo Aedes e ficou doente na época em que vivia com a mãe, na zona norte da capital. Não só ela, mas também a avó, o que preocupou ainda mais a família durante um surto de dengue na capital paulista.

"Lembro de ficar muito mal e perdi uma viagem para a Chapada dos Veadeiros (GO). Era um feriado. Eu não conseguia nem levantar o celular para ver foto nem tinha forças para apertar o sim e continuar assistindo... [serviço de streaming]", relata.

Camilla conta que quando ia ao hospital para fazer a contagem de plaquetas sempre encontrava a unidade cheia. "Tinha uma mulher na espera que queria passar na frente. A enfermeira disse a ela: 'Você acha que está péssima, olha aquela ali na parede', e era eu, encostada. Tenho uma vaga ideia do que estava acontecendo porque estava horrível viver", lembra.

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Mesmo nos dias atuais a mulher diz que faz de tudo para evitar uma reinfecção: "Já ouvi dizer que em uma segunda vez os sintomas podem ser piores". Ela conta ainda que evita deixar água parada e usa um tipo de veneno contra insetos para evitar visitas indesejadas de parasitas que vivem na área de mata próximo à sua casa.

Sintomas e grupos de risco

Os sintomas da dengue podem ser facilmente confundidos com os de outras doenças. Por isso é importante procurar ajuda dos médicos. Entre os sintomas estão febre alta com início súbito, dores de cabeça, no corpo, atrás dos olhos e nas articulações, manchas vermelhas na pele, náuseas, vômitos, cansaço extremo, tontura e perda de apetite.

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Assim como a Covid-19, a dengue também tem um grupo de risco como gestantes e pessoas com comorbidades (diabetes, doença renal, entre outras).

Na triagem realizada no hospital, o profissional vai fazer o teste rápido para identificar o vírus. Além disso, será feita a aferição da pressão arterial, além de verificar se há sangramento ou outros sinais como desidratação.

"O tratamento depende da classificação de risco. Ir à UBS reduz de 20% para 1% a mortalidade. É importante reportar aos profissionais de saúde se há casos de dengue na vizinhança. Se der positivo o teste, vai receber a carteira de arbovirose. Deve tomar água e monitorar os sinais de alerta. Entre o terceiro e o quinto dias, a febre desaparece, mas nem sempre isso é bom sinal. O paciente pode desenvolver sangramento e deve voltar à UBS", enfatiza a médica Melissa Palmieri.

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Afeta toda a cidade

Os bairros de São Paulo com registros mais frequentes de casos de dengue em 2021, de acordo com a Secretaria Municipal de Saúde, são Cachoeirinha e Brasilândia, na zona norte, Itaquera e Cidade Tiradentes, na zona leste, e Jardim São Luís, na zona sul.

Mas os especialistas lembram que, considerando que o mosquito voa, o risco existe em qualquer localidade. "Nesses locais de maior concentração populacional você verá mais casos, com alta transmissão larvária. O município está em alerta. Não podemos menosprezar que não haja repercussão em outros bairros de São Paulo. Áreas nobres têm outros riscos, como piscinas abandonadas. Na periferia o problema é a caixa-d'água", aponta a médica.

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Especialistas lembram que a prevenção é a melhor maneira de evitar o avanço da doença, eliminando criadouros do mosquito em casas e também terrenos baldios. Assim como os moradores, o poder público também deve fazer sua parte no controle das larvas e mosquitos.

"Antes das férias, aumenta a preocupação porque as pessoas vão viajar e deixam recipientes com água limpa parada em casa. Na pandemia, as pessoas ficavam mais nas residências e estavam mais vigilantes com criadouros. Agora não mais. É um trabalho simples, de vigilância", continua a especialista.

Medidas que devem ser adotadas

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• Revisar a condição das caixas-d'água. Elas precisam estar bem tampadas e com vedação. É preciso cuidado no armazenamento de água durante a crise hídrica;

• Calhas, lajes e telhas devem estar higienizadas e desobstruídas;

• Muros que têm cacos de vidro em cima podem acumular água;

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• Verificar objetos de acúmulo de água como garrafas, baldes e pneus;

• Se desfazer até mesmo tampas de refrigerante e recipientes pequenos que possam ter água parada;

• Evitar deixar água parada nos pratos das plantas.

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O mosquito Aedes aegypt é um parasita de hábitos diurnos, por essa razão algumas medidas simples como usar repelente e roupas claras que podem identificar a circulação do mosquito.

É a fêmea do mosquito que transmite a doença. Ela se alimenta de sangue e precisa dele para botar os ovos por isso, de acordo com especialistas, ela pode picar até oito pessoas em uma só viagem.

Fumacê

A prefeitura de São Paulo realiza quatro vezes por ano a avaliação larvária nos bairros da Cidade. Essa ação geralmente ocorre nos meses de janeiro, maio, junho e outubro. É um trabalho amostral em imóveis para analisar o nível de infestação. Além disso, são feitas vistorias mensais em pontos estratégicos onde foram observados casos recorrentes de criadouros, como cemitérios.

Conhecido como fumacê, o processo de nebulização é uma atividade que ocorre quando há confirmação de casos em uma região. Enquanto existe apenas suspeita, os agentes de saúde fazem as visitas de residência em residência para educar a população e eliminar criadouros.

"Os agentes de saúde enfrentam dificuldades para entrar nas casas. Agentes comunitários nos auxiliam. A pandemia também dificulta, mas é o momento de estarmos juntos contra a dengue e a chikungunya", destaca Melissa Palmieri.

Ainda com relação ao fumace, quando a presença concentrada de mosquitos é confirmada, é aplicado um adulticida na região para matar os mosquitos vetores por meio de um equipamento em veículos ou nas costas do agente de saúde.

Apesar de a zika também ser transmitida pelo Aedes aegypt, não há motivo de alerta de preocupação para esta doença na cidade de São Paulo.

"Não é só Covid-19. Também temos que estar preocupados com dengue e chikungunya. Tirar uns minutos toda semana para olhar a casa e a vizinhança e evitar criadouros. Prevenção é um componente importantíssimo antes das férias e viagens e também durante a restrição hídrica. Não podemos sobrecarregar ainda mais o serviço de saúde. A chikungunya pode deixar lesões crônicas em pacientes", conclui a médica da Vigilância Epidemiológica.

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