Aeroporto de Congonhas recebe obras para deixar pista mais segura

Prometida para ser entregue em fevereiro de 2022, a tecnologia EMAS (Engineered Material Arresting System) está sendo implantada na pista principal do Aeroporto de Congonhas, na zona sul da Capital. A finalidade do novo sistema, inédito na América Latina, é aumentar a segurança em aeroportos com limitação de espaço, ao criar uma nova área de escape. Além disso, Congonhas também está em obras para começar a receber voos executivos internacionais, o que não ocorre desde a década de 1980.

A tecnologia foi desenvolvida para aumentar a segurança dos pousos e decolagens. Os trabalhos foram iniciados em fevereiro de 2021 e já atingiram 51% de execução. O método resulta na desaceleração do avião e é usado em aeroportos com limitações de espaço na Europa, Ásia e Estados Unidos. No país norte-americano, o EMAS foi implantado, por exemplo, em Nova York (JFK e LaGuardia) e Boston.

A estrutura cria uma nova área de escape com blocos de concreto que se deformam quando uma aeronave ultrapassa o limite da pista. O método resulta na desaceleração do avião, garantindo que não haja acidentes graves. Congonhas será o primeiro aeroporto da América Latina a contar com o sistema.

De acordo com o ministro da Infraestrutura, Tarcísio Gomes de Freitas, que esteve no aeroporto na zona sul da Capital no último dia 19 para fiscalizar as obras, o sistema de fato vai ser inaugurado no início do próximo ano. “Houve harmonia entre a execução da obra e a operação do aeroporto”, exaltou o ministro.

Ao fim do serviço, a pista principal terá duas novas áreas de escape. As duas estruturas serão sustentadas por vigas e pilares capazes de suportar as aeronaves e veículos. As obras têm investimento de R$ 122,5 milhões, feito pela Infraero, e estão sendo executadas pelo consórcio Kigab/Conserva.

Mais mudanças.

Além dos trabalhos na pista, a Infraero está realizando obras de reforma e adequação de algumas áreas do Aeroporto de Congonhas para permitir a operação internacional da aviação geral executiva. Iniciados no começo em junho, os trabalhos devem estar concluídos em outubro. Os investimentos são de R$ 2,5 milhões, do Fundo Nacional de Aviação Civil (Fnac).

O projeto do terminal internacional da aviação executiva prevê instalações para a Polícia Federal e para outros órgãos, com salas de atendimento. Outras melhorias são as instalações sanitárias, copa, lounge e acomodações requeridas para o conforto dos passageiros e o desempenho das atividades.

“A internacionalização da aviação executiva significa a retomada das operações internacionais em Congonhas, suspensas desde os anos 1980 e abre um amplo campo de negócios para a aviação geral no terminal aeroportuário central da capital paulista”, afirma o superintendente da Infraero no aeroporto, João Márcio Jordão.

Acidente

Eram 18h48 do dia 17 de julho de 2007 quando o Airbus A 320 da TAM, que vinha de Porto Alegre (RS), tentou pousar no Aeroporto de Congonhas. A pista estava molhada e, por causa de uma reforma recente, não tinha grooving (ranhuras, que facilitam a frenagem do avião). Segundo as investigações, por um erro no posicionamento dos manetes, que determinam a aceleração ou reduzem a potência do motor, a aeronave não parou. A avião passou sobre a avenida Washington Luís e colidiu com um prédio da mesma companhia. Todas as 187 pessoas que estavam no voo JJ 3054 morreram, além de outras 12 pessoas que estavam em solo, no maior acidente da aviação no País.

Em 2017, o Tribunal Regional Federal (TRF) decidiu manter a decisão que inocentou os três acusados pelo acidente: o então diretor de segurança de voo da TAM, o então vice-presidente de operações da empresa e uma diretora da Agência Nacional de Aviação Civil (Anac).

Movimentação

O Aeroporto de Congonhas foi o quinto com maior movimentação do País no primeiro semestre deste ano, de acordo com a Anac (Agência Nacional de Aviação Civil), mesmo sem receber ainda voos internacionais. O aeroporto na zona sul só perde para os de Guarulhos, Campinas, Brasília e Recife. Em junho deste ano, por exemplo, Congonhas transportou 518.980 passageiros. Já Guarulhos teve uma movimentação de 1.633.705 passageiros.

Normalmente, Congonhas é o terceiro com maior movimentação, mas viu o número de passageiros desabar durante a pandemia da Covid-19 - e, com o avanço da vacinação, começa a retomar índices anteriores.

Obra dos arquitetos Ernani do Val Penteado e Raymond A. Jehlen, o prédio de Congonhas é tombado pelo Conselho Municipal de Preservação do Patrimônio Histórico, Cultural e Ambiental da Cidade de São Paulo (Conpresp).Além da edificação, dezenas de elementos internos são tombados pelo Conpresp, como obras artísticas, mobiliário, revestimentos, portas e forros. Até um hangar faz parte do processo de tombamento.