Memória: a história da Bela Vista, o bairro da Festa de Nossa Senhora da Achiropita

Os primeiros registros ao que hoje se conhece como o bairro da Bela Vista, na região central da cidade de São Paulo, datam de 1559. Segundo historiadores, no local, existia uma grande fazenda, chamada de Sítio do Capão, que mais tarde passou a ser conhecida como Chácara das Jabuticabeiras, por conta da grande quantidade de árvores de jabuticaba na região.

Centenas de anos depois, já na segunda metade do século 18, o local passou a ser conhecido como Campos do Bexiga, uma concentração de diversas propriedades rurais pertencentes a Antônio José Leite Braga, o Bexiga, que era assim chamado por ter sido vítima de varíola, ou bexiga, como era popularmente chamada a doença. Foi nesta época que começou a ser desenhado o bairro paulistano, tal qual se conhece atualmente.

Em 1878, o imperador Dom Pedro II resolveu lotear as terras da região, cujos preços baixos atraíram diversos imigrantes italianos, que não se interessaram em trabalhar nas colheitas de café no interior do estado de São Paulo. Antes, contudo, vale ressaltar, que as terras da região abrigaram muitos negros que fugiram da escravidão e, depois, escravos libertos, que também contribuíram para a formação de um dos bairros mais queridos dos paulistanos.

Sem o “e” e sem Bixiga
Após o loteamento promovido pelo imperador, o bairro começou a abrigar casas modestas de artesãos e pequenos comerciantes. Por remeter a uma doença, a população passou a chamá-lo de Bixiga.

Em dezembro de 1910, um decreto municipal batizou o Bixiga de Bela Vista. Contudo, a população local continuou chamando a região de Bixiga, o que permanece até hoje.

Dentre os fatos marcantes do bairro está a inauguração do Teatro Brasileiro de Comédia (TBC), em 1948, por iniciativa do industrial Franco Zampari, que alugou um prédio na rua Major Diogo para instalar o teatro, que seria o inicio da vida cultural e boêmia da região.

Nossa Senhora da Achiropita
Outro marco no desenvolvimento do bairro está na conclusão da construção da Paróquia Nossa Senhora da Achiropita, em 1926.

A igreja, dedicada à Nossa Senhora Achiropita, foi fundada por imigrantes italianos e é a única do Brasil em homenagem à padroeira. Após sua inauguração, muitos empreendimentos passaram a se interessar pelo bairro, o que contribuiu para o desenvolvimento da região.

Ainda hoje, a paróquia tem grande importância para a Bela Vista, visto que é a responsável por uma das festas mais tradicionais de São Paulo, a Festa de Nossa Senhora da Achiropita, que há mais de 90 anos, costuma tomar ruas do bairro durante os finais de semana do mês de agosto, com diversas barracas de comidas típicas da Itália, atraindo uma multidão.

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Nos últimos dois anos, contudo, por conta da pandemia do novo coronavírus, os festejos acontecem de forma on-line, com a venda de comidas por meio de delivery e retirada no local.

Além disso, é no entorno da igreja, que estão localizadas diversas das cantinas e restaurantes típicos, tão associados ao bairro.

Vai-vai
O Grêmio Recreativo Cultural e Social Escola de Samba Vai-vai é outro orgulho da região. Sua origem está em um grupo de sambistas, que animavam a beira do campo nos jogos de um time de futebol chamado “Cai-cai”, em 1920.

Mais tarde, o grupo deu origem ao "Bloco dos Esfarrapados" e, em 1930, nascia o “Cordão Carnavalesco e Esportivo Vae-Vae”, que se transformou na escola de samba no ano de 1972. Antes da pandemia, os ensaios da escola, que já foi 15 vezes campeã do carnaval paulistano, costumava atrair centenas de pessoas aos sábados.

Paulista
Não se pode falar da Bela Vista, sem citar a avenida mais famosa do Brasil, a Avenida Paulista, que tem parte do seu lado par localizada no bairro e abriga vários equipamentos culturais importantes, como o Museu de Arte de São Paulo Assis Chateaubriand (MASP), fundado em 1968, e a Japan House, inaugurada em 2017.