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Cotidiano

Morto há 30 anos, Ulysses Guimarães sempre revelou ter nojo à ditadura

Ulysses Guimarães desapareceu em um acidente de helicóptero em 12 de outubro de 1992; conheça o homem que promulgou a Constituição nacional

Bruno Hoffmann

11/10/2022 às 07:54  atualizado em 11/10/2022 às 13:55

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Ulysses Guimarães e a 'Constituição Cidadã'

Ulysses Guimarães e a 'Constituição Cidadã' | Arquivo/Agência Brasil

Nesta quarta-feira completam-se 30 anos do desaparecimento de Ulysses Guimarães. Em 12 de outubro de 1992 o helicóptero de um dos líderes políticos mais populares do País caiu sobre o mar de Angra dos Reis, no Rio de Janeiro. Ele estava ao lado da esposa, dona Mora, do ex-senador Severo Gomes e sua mulher, Anna Maria Henriqueta Marsiaj, e do piloto Jorge Comemorato. Só o corpo de Ulysses nunca foi encontrado. Ele tinha 76 anos.

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O paulista de Itirapina foi o presidente da Assembleia Nacional Constituinte de 1987 a 1988, que inaugurou a nova ordem democrática do País, após 21 anos sob a ditadura militar. No discurso em que promulgou a Constituição, disse a frase histórica: "Temos ódio à ditadura. Ódio e nojo".

"Quando chegamos nessa etapa, de ter 30 anos da perda do nosso querido Ulysses Guimarães, é um motivo de grande reflexão. Para que possamos valorizar todo o trabalho que foi desenvolvido lá no passado em defesa da democracia, em defesa da nossa Constituição", disse o prefeito de São Paulo, Ricardo Nunes, também do MDB, à reportagem da Gazeta.

"Ulysses deixa uma responsabilidade muito importante, de seguir o seu legado através da democracia, de uma constituinte cidadã, e olhar os mais vulneráveis, os mais pobres, para, assim, conseguir avançar no País. Ter nosso povo mais feliz e vivenciando o regime democrático é fundamental", disse ainda o prefeito.

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O líder político havia sido um dos principais opositores do regime militar, que comandara o Brasil entre 1964 e 1985. Um dos momentos mais tensos de sua relação com os militares ocorreu na Bahia, em 1978, quando desafiou a violência policial durante um ato de campanha em Salvador.

Naquele ano, em 15 de novembro de 1978, os eleitores iriam escolher os senadores e deputados estaduais e federais pelo voto direto. O embate era entre a Arena (partido dos militares) e MDB (oposição). O MDB realizou uma caravana pelo Nordeste para buscar votos. Na liderança, estava Ulysses, então presidente do MDB.

Em várias reuniões, arbitrariedades e abusos policiais deixavam o clima pesado. O momento mais tenso ocorreu em 13 de maio de 1978, em Salvador. Policiais bloquearam a entrada da sede do partido com cachorros e fuzis com baionetas. Ulysses não temeu. Aproximou-se de um policial e disse, enquanto empurrava o temível fuzil: “Respeite o líder da oposição”.

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Já dentro da sede, fez um discurso histórico e corajoso: “Meus amigos, foi uma violência, foi, mas uma violência estúpida, inútil e imbecil. Eles nos ajudam muito”, iniciou.

De forma inflamada, continuou, em um papo direto com os eleitores: "A Bahia são vocês que estão aqui dentro. Aquilo que está lá fora para nos oprimir representa esta situação de arbítrio e de prepotência. Isso que está lá não é a Bahia, não é o Brasil, não é povo, não é a nação, não é sociedade, não é o cidadão".

E encerrou com a frase que se tornou célebre: “Baianos, marchemos para a vitória a 15 de novembro. Baioneta não é voto e cachorro não é urna”.

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Hoje, o nome de Ulysses Guimarães está no livros de Heróis e Heroínas da Pátrias, ao lado de tantos outros, como Zumbi dos Palmares, Chico Mendes, Santos Dumont, Tiradentes e Dandara dos Palmares.

O "Senhor Diretas" também dá nome ao principal plenário da Câmara dos Deputados: Plenário Ulysses Guimarães.

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