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Cotidiano

Idosos tem baixa incidência de sintomas depressivos na pandemia

Segundo o trabalho, realizado por pesquisadores da PUC-PR, apenas 36% dos participantes tiveram sintomas de depressão ou ansiedade durante o 1º semestre do 2021

Natália Brito

28/07/2022 às 11:02  atualizado em 28/07/2022 às 11:06

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Capital paulista adiantou para este sábado a vacinação para idosos acima de 80 anos

Capital paulista adiantou para este sábado a vacinação para idosos acima de 80 anos | Ronaldo Silva/Futura Press/Folhapress

Durante a pandemia de Covid, idosos apresentaram baixa incidência de sintomas depressivos e ansiosos, segundo estudo publicado na revista científica Research, Society and Development.

Segundo o trabalho, realizado por pesquisadores da PUC-PR (Pontifícia Universidade Católica do Paraná), apenas 36% dos participantes tiveram sintomas de depressão ou ansiedade durante o primeiro semestre do ano passado.

Ao todo, participaram da pesquisa 50 voluntários -35 mulheres e 15 homens, com idade média de 72,7 anos-, que frequentaram o ambulatório de geriatria da universidade no campus de Londrina e a policlínica municipal da cidade.

Eles foram questionados quanto ao grau de receio da doença, medo de perder a vida em decorrência do vírus e nível de ansiedade ao ver notícias sobre a Covid.

A costureira Angela Sciscioli Cabral, 79, participou do estudo. Ela, que vive em Londrina com o marido, conta que durante a pandemia ficou totalmente isolada da família, que inclui cinco netos e cinco bisnetos.
Mesmo sem pegar Covid, ela afirma que o casal ficou mais triste. "Nos sentimos sozinhos, ansiosos, depressivos, pois não é fácil ficar por quase dois anos assim."

Para amenizar, o casal recorreu à TV, assistindo a missas, terços e notícias sobre a pandemia, e ao telefone, para acompanhar, por exemplo, o aniversário de um dos bisnetos. "Deu uma amenizada na saudade", afirma a avó.

Em momentos de muita tristeza, como a perda de um primo para a doença, eles buscavam o quintal, com flores e plantas. "Ficávamos ali, curtindo."

Com o quintal florido, Angela não chegou a pensar em terapia. Nem ela nem outros 48 participantes da pesquisa. De todos os 50 idosos, apenas um buscou acompanhamento psicológico. Do total, 13 (26%) aumentaram o uso de tecnologia; 33 (66%) diminuíram contato com amigos e familiares e 27 (54%) relataram momentos de tristeza.

Lindsey Nakakogue, médica geriatra e professora da PUC-PR de Londrina, diz que a baixa incidência de sintomas depressivos e ansiosos nos idosos está relacionada à melhor capacidade de regulação emocional, ou seja, de lidar com as próprias emoções.

Os idosos atuais, acrescenta a coordenadora da pesquisa, foram submetidos a situações de pós-guerra, desconstrução de seus países e trabalhos exaustivos. "Passaram fome, necessidades e outros percalços, então, ficar isolado em casa foi algo de menor impacto para eles."

A médica afirma que a explicação pode estar na resiliência típica da idade. "Eles viram de forma tranquila a situação momentânea da pandemia, como algo passageiro e necessário."

Outro dado relevante na pesquisa é que houve baixa adesão à tecnologia. "Percebemos que [o menor impacto na saúde mental dos idosos] não foi por apoio psicológico nem aumento do uso de tecnologia, o que mostra que precisamos fazer a inclusão digital dos idosos", afirma a geriatra.

Segundo o estudo, a justificativa para a falta de acompanhamento psicológico e não acesso ao mundo digital pode ser a renda familiar, que para 60% dos participantes não ultrapassa um salário mínimo, e a baixa escolaridade.

SINTOMAS FÍSICOS

Os sintomas físicos dos idosos na pós-Covid também foram avaliados em outro estudo, realizado com pacientes do ambulatório SUS do Hospital Universitário Cajuru, em Curitiba, entre março de 2021 e fevereiro de 2022.

A análise aponta os sintomas mais frequentes, que são: falta de ar, perda de peso, fadiga, dores em membros inferiores, tosse e insônia.

Quanto mais complicações durante a infecção, mais sintomas após a doença. Mesmo depois de um mês da alta hospitalar, os idosos analisados apresentaram menor saturação de oxigênio em repouso.

"Após a cura da doença, essas pessoas apresentavam sintomas que iam muito além de sequelas respiratórias. O prejuízo neurológico, por exemplo, é recorrente e se traduz em casos de depressão e perda de memória", conta Cristina Baena, coordenadora do ambulatório pós-Covid do Cajuru.

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