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Cotidiano
Especialistas dão dicas de como usar os apps de maneira segura e evitar dores de cabeça
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Com a popularização dos apps de relacionamento, não foi somente a paquera que mudou de ambiente, os golpes também se adaptaram | Pixabay/ Tumisu / Creative Commons
Há cerca de uma década, a forma como as pessoas conhecem um parceiro ou parceira mudou, passando da mesa do bar para os aplicativos de relacionamento. Com a popularização de tais apps, contudo, não foi somente a paquera que mudou de ambiente, os golpes também se adaptaram e passaram a fazer cada vez mais vítimas.
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Para evitar dores de cabeça, especialistas dão dicas de como se proteger nos aplicativos.
Inscrição
Segundo Kaiana Coralina do Monte Vilar, professora do curso de direito do Centro Universitário de João Pessoa – Unipê, os cuidados para evitar golpes começam na fase de preenchimento dos dados para se inscrever no app. Para ela, por segurança, é melhor manter certo mistério.
“Evitar informações pessoais como nome completo, empresa ou órgão onde trabalha, dados sobre a rotina, foto com camisa da empresa, da academia que frequenta, com os filhos (especialmente, se eles estiverem usando o uniforme da escola). Além disso, não é recomendado utilizar fotos ao lado ou com objetos de alto valor monetário como carros, barcos, bem como com parentes conhecidos pelo alto poder aquisitivo. Todas essas informações atraem e facilitam a atividade de um golpista”, explica Kaiana.
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Cuidados semelhantes devem ser tomados também durante a conversa com os possíveis “crushes”. A advogada Maria Gabriela Soares Núñez, especialista em direito criminal, orienta preservar os dados sensíveis e sigilosos.
“É importante se precaver quanto ao compartilhamento de informações como o endereço completo, ou informações quanto à rotina, como o horário de saída e chegada em residência ou trabalho, uma vez que não se pode ignorar a possibilidade de um sequestro”, diz Maria.
A advogada lembra que dados bancários também não devem ser compartilhados, bem como imagens ou vídeos íntimos que podem gerar futuras manipulações ou extorsões por parte do outro usuário. “Importante frisar que esse cuidado não se aplica apenas ao usuário da plataforma, mas também se aplica às informações pessoais acerca da família e amigos deste usuário”, ressalta Maria.
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Será que é fake?
Uma dúvida recorrente entre usuários de aplicativos de relacionamento é se o perfil com o qual está se correspondendo é verdadeiro ou falso. Para tirar a dúvida, a dica é pesquisar bem.
“O primeiro sinal de um perfil fake são as fotos borradas, cortadas ou que não mostram bem o rosto. Vale tentar confirmar a identidade por meio de outras redes sociais como Instagram e Facebook. Se houver algum amigo em comum é interessante que se pergunte informações sobre a idoneidade daquela pessoa. Além disso, com os elementos que conseguiu nas primeiras conversas, é indicado fazer uma ampla pesquisa pelo nome e a foto no Google”, comenta Kaiana.
Ainda de acordo com a professora, uma pista para saber se o perfil é falso ou não é dando zoom na foto para identificar que elementos estão ali presentes. “Se a pessoa fala que é brasileira e mora no Brasil, que na foto está em casa, mas ao fundo é possível identificar algum elemento de outro país já é motivo para uma desconfiança.”
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Outra atitude que pode ajudar é prestar atenção às fotos compartilhadas pelo paquera. “Quando se vê que são poucas fotos, sem amigos e familiares deve-se proceder com cautela. Às vezes uma boa opção para confirmar se essas imagens pertencem de fato ao usuário, é realizar uma pesquisa de imagem inversa pelo Google, que consegue revelar se a foto em questão já foi utilizada em outros locais da internet”, esclarece Maria.
A advogada aconselha ainda a observar se o perfil da outra pessoa é verificado. “Com o intuito de se evitar golpes, alguns aplicativos de relacionamento possuem ferramentas de verificação que comparam a captação da imagem do usuário por meio da câmera em tempo real com as fotos compartilhadas na plataforma. Quando a pessoa tem um perfil verificado, é mais seguro de que não se trata de um perfil falso. É claro, quando falamos do ambiente virtual, não há 100% de certeza, pois sempre encontram um modo de burlar as ferramentas de proteção disponíveis na internet, mas ainda assim é uma segurança a mais.”
Do virtual para o real
Se tudo deu certo no mundo virtual e as pessoas decidem por um encontro no mundo real, os cuidados não devem ser deixados de lado, sendo que, para o advogado Guilherme Feldens, coordenador do curso de direito do Centro Universitário Cesuca, esse passo só deve ser dado após muita conversa.
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“Antes de se encontrar pessoalmente, é sempre recomendável conversar bastante virtualmente! É importante conhecer bem a pessoa antes do encontro e ao se encontrar marque em um local público e comente com pessoas próximas sobre o encontro. Nunca se deve marcar um primeiro encontro em ambientes privados”, diz o advogado.
Guilherme lembra ainda que se algo der errado, seja no ambiente real ou no virtual, é importante que o usuário denuncie. “As redes de relacionamento são positivas, mas também são muito usadas para questões maléficas e para as práticas de crimes! É necessário que os usuários ajudem a manter o ambiente livre dessas questões, denunciando e tomando medidas legais, pois as redes sociais não são lugares inatingíveis para a lei e a correção”, enfatiza.
Crimes mais comuns
Dentre os crimes mais comuns envolvendo aplicativos de relacionamento, a advogada Maria Gabriela destaca o estelionato, o “sextortion”, o estupro virtual e a falsidade ideológica, esta última ocorrendo quando o perfil consegue os dados de um determinado usuário e passa a cometer crimes e obter vantagem financeira, fazendo empréstimos, por exemplo, se passando pela pessoa.
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“No ambiente virtual, é importante desconfiar quando a pessoa abusa da confiança que ganhou com o usuário da plataforma e apenas entra em contato para solicitar algum tipo de favor financeiro. Normalmente, afirmando que é muito rico, mas que está em uma situação inusitada, sem dinheiro disponível, e solicita o pagamento de um boleto ou transferência de valores. Esta prática ilícita é enquadrada no crime de estelionato que acontece quando alguém induz outra pessoa ao erro para obter vantagem de forma ilícita”, explica a advogada.
Maria continua: “a troca de fotos íntimas também é um grande perigo. Não são raros os casos em que os criminosos se utilizam da relação de confiança para adquirir material íntimo do usuário da plataforma, a fim de, posteriormente, praticar extorsão mediante a ameaça da exposição dessas fotos e vídeos sexuais, caso a pessoa não cumpra o que por ele for demandado. Isto é conhecido como sextortion. Agora, nos casos em que o criminoso ameaça a vítima com o intuito de se obter ainda mais conteúdos, estamos falando do estupro virtual que consiste em ameaçar a vítima a produzir e enviar materiais íntimos por meio da exposição do conteúdo enviado inicialmente em decorrência da confiança construída com o outro.”
Saúde mental e apps de relacionamento
A saúde mental também deve estar no radar quando se trata de aplicativos de relacionamento.
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O psiquiatra Eduardo Perin, especialista em Sexualidade pelo Instituto Paulista de Sexualidade (InPaSex), lembra que muitas pessoas passam horas demais nestes aplicativos, o que não é saudável. Para ele, é importante limitar o tempo de uso nos apps em cerca de uma hora por dia, bem como ter bem definido o que se espera ao usar o aplicativo para evitar frustrações.
O profissional diz ainda que se deve ter cuidado para não objetificar as pessoas e não entender os aplicativos como um catálogo de gente, se atentando ainda para não se perder a habilidade de conversar pessoalmente.
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