A+

A-

Alternar Contraste

Sábado, 21 Dezembro 2024

Buscar no Site

x

Entre em nosso grupo

2

WhatsApp
Home Seta

Cotidiano

BC mantém juros em 13,75% em primeira decisão após apresentação do arcabouço

A decisão do colegiado do BC veio em linha com a projeção consensual do mercado financeiro de que os juros ficariam estáveis pela sexta vez consecutiva

03/05/2023 às 19:44  atualizado em 03/05/2023 às 21:34

Continua depois da publicidade

Compartilhe:

Facebook Twitter WhatsApp Telegram
O centro da meta de inflação, que serve de referência para o BC (Banco Central), é de 3,25% em 2023

O centro da meta de inflação, que serve de referência para o BC (Banco Central), é de 3,25% em 2023 | Marcello Casal Jr / Agência Brasil

O Copom (Comitê de Política Monetária) do Banco Central não alterou sua estratégia nesta quarta-feira (3) e manteve a taxa básica de juros (Selic) em 13,75% ao ano, em sua primeira decisão após a apresentação do novo arcabouço fiscal pelo governo Luiz Inácio Lula da Silva (PT).

Continua depois da publicidade

Em tom conservador, o colegiado do BC voltou a dizer que a conjuntura demanda "paciência e serenidade" e manteve a mensagem sobre a possibilidade de voltar a elevar a Selic caso o processo de desinflação não transcorra como esperado, acrescentando que se trata de um cenário menos provável.

"Considerando a incerteza ao redor de seus cenários, o comitê segue vigilante, avaliando se a estratégia de manutenção da taxa básica de juros por período prolongado será capaz de assegurar a convergência da inflação. O comitê reforça que irá perseverar até que se consolide não apenas o processo de desinflação como também a ancoragem das expectativas em torno de suas metas", disse o BC no comunicado.

A decisão do colegiado do BC veio em linha com a projeção consensual do mercado financeiro de que os juros ficariam estáveis pela sexta vez consecutiva –a terceira desde que Lula tomou posse.

Continua depois da publicidade

Levantamento feito pela Bloomberg mostrou que essa era a expectativa praticamente unânime entre os analistas consultados –apenas um apostava em redução de 0,25 ponto percentual.

A desaceleração da inflação indicada pelo IPCA-15 (Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo 15) em abril intensificou o debate público sobre a política monetária adotada pelo BC. Na semana passada, o presidente da instituição, Roberto Campos Neto, foi ao Senado em duas ocasiões para falar sobre o tema.

Na terça (25), o chefe da autarquia participou de uma audiência na CAE (Comissão de Assuntos Econômicos) e, dois dias depois, integrou uma sessão de debate no plenário sobre juros, inflação e atividade econômica ao lado dos ministros Fernando Haddad (Fazenda) e Simone Tebet (Planejamento).

Continua depois da publicidade

As declarações dadas por Campos Neto não apaziguaram a tensão com membros do governo, que vêm pressionando a autarquia para diminuir os juros.

Na segunda-feira (1º), no Dia do Trabalho, Lula voltou a criticar o patamar da Selic, dizendo que a taxa de juros "controla, na verdade, o desemprego". Em entrevista à Folha, o ministro do Trabalho, Luiz Marinho, chamou Campos Neto de "empata gol" na economia.

No cenário de referência do Copom, as projeções de inflação para este ano se mantiveram em 5,8% e, para 2024, em 3,6%. Em cenário alternativo, no qual a taxa Selic é mantida constante ao longo de todo o horizonte relevante, ou seja, 2024, as projeções de inflação situam-se em 5,7% para 2023 e 2,9% para o ano que vem.

Continua depois da publicidade

Em sua avaliação de riscos para a inflação, o BC manteve o balanço simétrico. Entre os fatores que puxariam os preços para cima, a autoridade monetária cita "a incerteza ainda presente sobre o desenho final do arcabouço fiscal a ser aprovado pelo Congresso Nacional e, de forma mais relevante para a condução da política monetária, seus impactos sobre as expectativas para as trajetórias da dívida pública e da inflação, e sobre os ativos de risco".

O colegiado também incluiu a persistência das pressões inflacionárias globais e uma deterioração maior, ou mais duradoura, das expectativas de inflação para prazos mais longos.

Na direção contrária, o BC menciona novamente a queda adicional dos preços das commodities, a possibilidade de uma desaceleração da atividade econômica global mais acentuada, puxada pelas condições adversas no sistema financeiro global, e uma desaceleração na concessão doméstica de crédito maior do que seria compatível com o atual estágio do ciclo de política monetária.

Continua depois da publicidade

"Por um lado, a reoneração dos combustíveis e, principalmente, a apresentação de uma proposta de arcabouço fiscal reduziram parte da incerteza advinda da política fiscal", disse.

"Por outro lado, a conjuntura, caracterizada por um estágio em que o processo desinflacionário tende a ser mais lento em ambiente de expectativas de inflação desancoradas, demanda maior atenção na condução da política monetária", acrescentou.

O Copom reiterou que não há relação mecânica entre a convergência de inflação e a aprovação do arcabouço fiscal. O Congresso Nacional se prepara para discutir a proposta da nova regra –o texto foi entregue pelo governo aos congressistas no dia 18 de abril.

Continua depois da publicidade

Desde o encontro de março, as expectativas de inflação dos economistas continuaram se deteriorando e a atividade econômica mostrando força, sobretudo com o vigor do mercado de trabalho, apesar da política de juros.

Segundo o boletim Focus, pesquisa semanal do BC com analistas divulgada na última terça-feira (2), a projeção para o IPCA (Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo) do próximo ano avançou para 4,18% –já distante do centro da meta (3%). Para 2025 e 2026, as estimativas dos economistas estão em 4%.

Com 2024 na mira, o colegiado do BC volta a se reunir nos dias 20 e 21 de junho para recalibrar o patamar da taxa básica.

Continua depois da publicidade

A reunião desta semana teve dois desfalques, com a saída de Bruno Serra, que deixou a diretoria de política monetária em 27 de março após o seu mandato ter expirado, e com a ausência da diretora de administração, Carolina de Assis Barros, por motivos pessoais.

O ciclo de alta da política monetária foi interrompido pelo Copom em setembro de 2022, depois de o BC promover o mais agressivo choque de juros desde a adoção do sistema de metas para inflação, em 1999.

Foram 12 aumentos consecutivos entre março de 2021 e agosto do ano passado, com elevação de 11,75 pontos percentuais. A taxa básica saiu de seu piso histórico (2%) até atingir o nível atual de juros –o mais alto desde o fim de 2016.

Continua depois da publicidade

**GLOSSÁRIO**

**TAXA BÁSICA DE JUROS**

A taxa Selic é a referência para os demais juros da economia. Trata-se da taxa média cobrada em negociações com títulos emitidos pelo Tesouro Nacional, registradas diariamente no Selic (Sistema Especial de Liquidação e de Custódia)

Continua depois da publicidade

**TAXA REAL DE JUROS**

Considera uma taxa nominal, a Selic, por exemplo, descontada a inflação

**TAXA REAL EX-ANTE**

Continua depois da publicidade

Calculada olhando para a frente (taxa esperada), com base nas projeções para juros e inflação. É a mais relevante para a política monetária, pois influencia decisões futuras de investimento e consumo

**TAXA REAL EX-POST** 

Calculada olhando para trás (taxa verificada), com base nos juros e inflação nos últimos 12 meses, por exemplo. Serve para avaliar um investimento já realizado

**TAXA NEUTRA OU TAXA DE JUROS ESTRUTURAL**

Aquela que mantém a inflação na meta e o crescimento do PIB igual ao seu potencial. Só pode ser obtida a partir de estimativas.

**TAXA DE JUROS REAL EFETIVA**

Diferença entre a taxa real e a taxa neutra. Quando a taxa de juros real efetiva está positiva (taxa real acima da neutra), a política monetária é contracionista: contém a atividade econômica e contribui para a redução da inflação. Se for negativa (taxa real abaixo da neutra), ela impulsiona a atividade econômica e contribui para o aumento da inflação

**COPOM (COMITÊ DE POLÍTICA MONETÁRIA)**

Órgão do Banco Central, formado pelo seu presidente e diretores, que define, a cada 45 dias, a taxa básica de juros da economia, a Selic

**IPCA**

Indicador medido pelo IBGE que serve como meta de inflação. A meta é definida pelo Conselho Monetário Nacional, órgão que tem a participação do BC, do ministro da Fazenda ou Economia e de outros membros da equipe econômica. A meta para 2023 é de 3,25%, com limite de 4,75%. Para 2024 e 2025, a meta prevista é de 3%, com limite de 4,5%

Continua depois da publicidade

Continua depois da publicidade

Continua depois da publicidade

Conteúdos Recomendados