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Cotidiano
Ministro do STF chegou a pedir a demissão de Sérgio Camargo depois que ele chamou de 'vagabundo' o congolês Moïse Kabagambe
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Camargo pode ser investigado por declarações contra congolês | /Reprodução/Twitter
O ministro Gilmar Mendes, do STF (Supremo Tribunal Federal), decidiu que a Justiça do Trabalho não tem atribuição para processar a ação civil pública movida contra o presidente da Fundação Cultural Palmares, Sérgio Camargo, por assédio moral a servidores. Por determinação do ministro, o caso será encaminhado para a Justiça Federal no Distrito Federal.
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Foi no âmbito do processo que Sérgio Camargo foi afastado das atividades de gestão de pessoal, o que o impede de nomear, contratar e afastar servidores da entidade até segunda ordem. Embora tenha transferido a ação, Gilmar Mendes manteve a validade de todas as medidas determinadas até o momento, em razão da "gravidade das condutas imputadas".
"O reconhecimento da incompetência do Juízo de forma alguma afasta a gravidade dos fatos que suscitaram a concessão da tutela de urgência", escreveu.
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O ministro considerou que, para ações envolvendo a relação do Poder Público com seus servidores, a competência é da Justiça Comum. "Não cabendo à Justiça trabalhista sequer discutir a legalidade da relação administrativa", defendeu.
Moïse Kabagambe
Como mostrou a Coluna do Estadão, Gilmar Mendes chegou a pedir a interlocutores no governo a demissão de Sérgio Camargo depois que ele chamou de "vagabundo" o congolês Moïse Kabagambe, espancado até a morte no quiosque onde trabalhava no Rio de Janeiro. Sem citar o caso, o ministro afirma na decisão que "declarações públicas recentes do Presidente da Fundação Palmares reforçam a sua inclinação à prática de atos discriminatórios motivados por perseguição, racismo e estigmatização social".
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"Esses comportamentos se mostram prima facie incompatíveis com o exercício de função pública de tamanha relevância e devem ser cuidadosamente investigados", diz um trecho da decisão.
A ação é movida pelo Ministério Público do Trabalho. Depoimentos colhidos pelo órgão apontam para um clima interno de "terror psicológico'" na Fundação Palmares. Funcionários relataram a disposição de Camargo em "varrer esquerdistas" dos quadros da instituição, inclusive com o monitoramento das redes sociais e da aparência dos trabalhadores.
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