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Cotidiano

Você sabia que a Covid-19 pode gerar complicações ortopédicas?

Ortopedista analisa relação e indica cuidados e precauções

Maria Eduarda Guimarães

15/02/2022 às 11:29

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A Covid-19 já causou um estrago global imenso, para além das mais de 2,5 milhões de mortes em todo o mundo. São graves consequências no âmbito econômico em diversos países, assim como os efeitos colaterais psicológicos de viver durante muito tempo em isolamento social. Mas um dos aspectos do vírus pouco comentado diz respeito a questões relacionadas à mobilidade, com sequelas em ossos e músculos. É o alerta da médica ortopedista membro da SBOT (Sociedade Brasileira de Ortopedia e Traumatologia), Marcella Rodrigues.

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A doença causou complicações do sistema nervoso periférico em 5% de 153 pacientes, de acordo com uma pesquisa no Reino Unido. Mialgia (dor muscular) ou fadiga (cansaço excessivo) afetaram 70% dos estudados, sugerindo envolvimento muscular durante a infecção aguda. Em uma grande pesquisa, de 1.655 pacientes, no 6º mês de acompanhamento, fadiga e fraqueza muscular foram relatadas em 63%; enquanto, dor nas articulações foi observada em 9% e mialgia em 2 a 5%.

O músculo está entre os tecidos afetados pelo SARS-CoV-2. Marcella Rodrigues explica que existem complicações diretas do ataque do vírus no organismo mas também podem acontecer efeitos maléficos no músculo causados pelo próprio corpo do paciente na tentativa de combater a infecção através de anticorpos. A dor muscular é um dos principais sintomas que se desenvolvem durante os primeiros três dias de infecção em pessoas que são hospitalizadas devido à contração de SARS-CoV-2.

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Estudos meta-analíticos indicam que mialgia/fadiga é o terceiro sintoma mais comum (depois de febre e tosse) em pessoas com infecção sintomática pelo vírus. A duração da dor muscular depende principalmente da gravidade da doença. A mialgia na admissão está associada a imagens anormais do pulmão (alterações na radiografia ou tomografia de tórax) e a dor muscular prediz mau prognóstico, especialmente em idosos. Sobre isso, a médica informa que cuidados devem ser dobrados nos pacientes internados com quadro grave, como fisioterapia motora precoce para evitar as sequelas musculares nesses pacientes como a atrofia, fraqueza e atraso no retorno da vida ativa normal.

A ortopedista alerta que também pode existir miopatia (lesão muscular) induzida pelo vírus durante infecção aguda (alta incidência de mialgia precoce favorece essa teoria), que é uma das queixas mais frequentes. Sinais de miopatia apareceram em média 200 dias após o início dos sintomas em 55% dos pacientes. Todos pacientes com miopatia se queixaram de fadiga e 73% apresentaram mialgia (dor). A miopatia é considerada importante causa da fadiga e fraqueza em exercício físico e também em atividades da vida diária. Para Rodrigues, é importante conhecer as complicações possíveis da doença em todo o corpo, incluindo no sistema músculoesquelético, pois muitas vezes os pacientes não são diagnosticados e por isso não são orientados do melhor tratamento para sua recuperação.

A suspeita é que a miopatia (lesão muscular) seja causada pelo processo inflamatório que o próprio corpo cria, ou seja, uma possível necrose muscular imunomediada. Rodrigues acrescenta que uma produção excessiva de citocinas inflamatórias está associada ao estresse oxidativo que produz moléculas que destroem as células do músculo (miócito).

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Além dos músculos, as articulações e tendões também podem apresentar complicações após o COVID, como dor articular e tendinites.

O importante é manter suporte nutricional adequado, bons níveis de vitamina D, e orientações profissionais sobre exercícios físicos domiciliares ou em ambiente específico, não apenas aeróbicos mas também exercícios de resistência. Para a médica, os pacientes precisam de um tratamento global e o médico deve estar sempre alerta.

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